As técnicas de projecção a seco (N.T. – “jacto de areia”) consistem em se projectarem granulados com a ajuda de ar comprimido.
Escolha dos Granulados
Os procedimentos de projecção a seco actualmente comercializados visam praticamente todos utilizar granulados muito finos, de dimensões o mais das vezes inferiores a 0,15 mm [150μ] ou mesmo inferiores a 0,1 mm [100μ].
A projecção a seco com granulados superiores a 0,2 mm [200μ] deve ser reservada à limpeza de pedras rugosas e muito duras (pedras calcárias azuis, por exemplo) ou à eliminação de pinturas e caiações sobre alvenarias compactas.
As condições de trabalho durante a projecção a seco, impostas pelo Regulamento geral para a protecção do trabalho (RGPT), aplicam-se igualmente ao tratamento de fachadas, nomeadamente no que respeite à utilização a seco de granulados e especialmente daqueles que contenham uma certa proporção de sílica livre.
No caso de utilização de granulados que contenham menos que 1% de sílica livre, como a olivina, o vidro triturado, o basalto, …, deve-se chamar a atenção para o facto de que o perigo de silicose subsiste no caso de projecção sobre materiais contendo eles mesmos algum quartzo (juntas em argamassa, betões, …).
Deve-se insistir no perigo que apresenta, para a saúde do operário, a eliminação a seco das tintas à base de alvaiade, quaisquer que sejam os granulados utilizados.
Equipamentos
A projecção a seco deve, salvo casos excepcionais, ser acompanhada por um sistema de captação de poeiras. Em função das técnicas, existem dispositivos diferentes para se limitarem os inconvenientes ligados à libertação de poeiras.
Pode-se, por exemplo, prever uma captação das poeiras directamente ao redor da zona de trabalho ou operar numa cabina móvel posta em depressão e munida de filtros.
Certos bicos de projecção estão equipados com um conjunto de microjactos multidireccionais rotativos, de maneira a se obter um ângulo de ataque sobre o suporte variável.
Frequentemente, os nomes comerciais estão ligados à utilização de equipamentos específicos.
Certos sistemas prevêem ainda a possibilidade de recuperação e de reciclagem dos granulados usados por meio de um sistema de despoeiramento.
Aspectos Positivos
Como se trata de uma limpeza abrasiva, em princípio este procedimento permite eliminar todas as crostas.
Se o impacto do granulado for limitado, a superfície praticamente não é danificada e a patine dos materiais pode ser conservada.
As técnicas de projecção a seco podem igualmente ser aplicadas nos casos em que a utilização de água for impossível ou proibida.
O operador vê a superfície limpa com o seu aspecto definitivo (nada de superfícies molhadas mais escuras).
Aspectos Negativos
De maneira geral, as técnicas de projecção a seco não são convenientes nas superfícies lisas ou polidas.
Em materiais heterogéneos ou em fachadas compostas por materiais diferentes, existe uma possibilidade de erosão preferencial das partes mais brandas.
Uma má escolha dos granulados e das pressões de trabalho pode danificar o suporte.
Se os granulados utilizados ou os materiais de suporte contiverem sílica, a inalação das poeiras libertadas provoca sérios riscos de doenças respiratórias e pulmonares.
Sem qualquer dispositivo especial (por exemplo, um sistema de aspiração), a projecção a seco com inertes finos (< 0,15 mm ou 150 μ ) produz uma libertação de poeiras muito importante e totalmente incompatível com o respeito pelo ambiente.
Conclusões
Para as técnicas de projecção a seco, a escolha judiciosa dos parâmetros de execução permite eliminarem-se radicalmente as sujidades sem alterações sensíveis do material da fachada.
Tal como nas técnicas de projecção hidropneumática, o resultado final depende em grande parte de uma selecção ideal dos parâmetros, da competência do operário e do cuidado usado na execução.