Apontamentos Sistemas de águas pluviais em chumbo

Sistemas de águas pluviais em chumbo

A Torre de Londres é um excelente lugar para se estudar a história dos sistemas de descarga de águas pluviais.

Eles consistem essencialmente em ferro fundido ou em chumbo.

Em 1992, 750 anos depois da carta do Rei Henry, Terry Fillary e o seu filho Paul foram contratados por Martin Caroe, de Caroe & Partners, para discutirem a instalação de novos tubos de queda de água, feitos em chumbo fundido, nas paredes do caminho de ronda e nas Torres Wakefield e Lanthorn.

Ao longo dos anos, muitos dos tubos em chumbo tinham sido substituídos por tubos em ferro fundido, alguns dos quais estavam novamente a necessitar de substituição.

Foi decidido usar-se chumbo nessas substituições.

Os novos tubos e os seus anéis foram feitos no estilo dos existentes no alçado Norte da Bloody Tower.

Os tubos com 114 mm2 de secção foram formados a partir de folha de chumbo fundido código 10, com dois metros de comprimento. Os anéis 4 e as orelhas 5 foram fundidos em
moldes frios de alumínio.

As fixações para cada tubo foram duas chapas 6 em aço inoxidável com quatro parafusos de carroça 7 no mesmo material.

Apesar de ser exigido que os anéis fossem lisos e não ornamentais, Terry Fillary confessa que fundiu uma coroa e “QEII 1993” nos anéis dos últimos tubos mais pequenos, o que pode ser visto do lado direito do arruamento da Traitor’s Gate.

Em princípio, nos edifícios históricos devem ser sempre usados os mesmos materiais e pormenores existentes, a menos que seja justificado o restauro de pormenores anteriores.

No que respeita ao chumbo, a tentação é a de se usarem substitutos mais baratos. No entanto, a esperança de vida do chumbo é superior a 200 anos, e como o material não enferruja, não precisa de ser pintado.

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Consequentemente, em edifícios mais altos como as igrejas, as poupanças proporcionadas pelo uso do chumbo podem ser colossais a longo prazo.

O emprego de materiais alternativos pode ser justificada quando existir uma necessidade extraordinária de se reduzirem os riscos com o roubo, onde o chumbo seja muito acessível e onde, nos edifícios remotos, houver poucas hipóteses de os ladrões serem detectados.

Como o chumbo é muito pesado, os tubos de queda de águas pluviais ficam melhor instalados se usarmos o tipo moderno de pequenos cadernais em corda usados nos barcos à vela: basta uma roldana 3 x 4 que possa passar por dentro do tubo.

Primeiro arranja-se uma fixação segura acima da saída do telhado; fixa-se o cadernal e puxa-se o funil para o seu lugar, fixando-o com parafusos de carroça em aço inoxidável.

Depois desce-se a roldana por dentro do funil e do primeiro tubo, com o encaixe para o funil já colocado na boca do tubo, até ela chegar ao chão.

Amarra-se o gancho do cadernal a uma peça forte de madeira que cruze a boca de saída inferior do tubo e puxa-se até este ficar no seu lugar. Este método de elevação não vai danificar ou amolgar a aparência superficial do tubo.

Quando o segundo tubo é colocado, só deve ser usada metade da largura efectiva do anel, para que cada tubo seja totalmente independente do seguinte. Isto é necessário para se acomodarem os movimentos térmicos e a fluência.

Deixam-se todas as juntas abertas para que, se um tubo ficar entupido, não passe muito tempo sem que isso seja detectado.

A acção dos agentes atmosféricos sobre o chumbo, alternando secagens e molhas, criam uma patina superficial insolúvel muito dura. Esta camada resistente, se for deixada intacta, irá proteger o chumbo contra a corrosão e, portanto, evitar a produção de danos ambientais.

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Nos trabalhos novos, a aplicação de um óleo de “patinar” pode evitar a corrosão inicial até que a patina esteja estabelecida.

Nos tubos de águas pluviais, é necessário um bom fluxo de ar para que se crie o processo de molha e secagem exigido para que se proporcionem as condições que permitem a formação de uma patina protectora.

Deve ser evitada a ligação directa ao sistema de drenagem, já que isso provoca a condensação dentro do tubo, com a resultante “dissolução” do chumbo quando chove, de uma forma semelhante ao que sucede com a corrosão do chumbo na face inferior dos telhados em folha de chumbo.

Para se manter um bom fluxo de ar, deve ser previsto um bocal aproximadamente a 150 mm acima da sarjeta de recepção. Este método é desejável por outra razão – se o sistema de drenagem subterrânea ficar bloqueado, a água transborda da sarjeta, dando um aviso visual de que existe um problema.

Pelo contrário, com a ligação directa à drenagem, a água irá acumular-se dentro do tubo, escapando pelas juntas dos anéis, escorrendo pelas paredes, frequentemente sem ser detectada, provocando consideráveis danos a longo prazo na fábrica do edifício.

No cimo do sistema pluvial, também não deve ser usado um funil directamente ligado à descarga do telhado, exactamente pelas mesmas razões descritas para a base da prumada.

Não devem ser usados pregos ou cavilhas de canalizador quando se fixam as prumadas de águas pluviais, já que eles danificam a fábrica do edifício. A regra da conservação deve ser “não uses o martelo quando podes usar uma chave de parafusos”. Qualquer trabalho deve ser reversível e desmontável sem produção de danos.

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