O estuque de um edifício histórico é como um álbum de família. A escrita dos artesãos, o gosto dos ocupantes originais e a evolução dos estilos da decoração estão incorporados na fábrica do edifício. Desde modestas casas de quinta até grandes prédios, independentemente das origens étnicas dos seus ocupantes, o estuque foi usado tradicionalmente para o acabamento das paredes interiores. Um material versátil, o estuque pode ser aplicado sobre construções em tijolo, pedra, madeira ou troncos de árvore. Proporciona uma superfície durável que é fácil de limpar e que pode ser aplicada em paredes e tectos planos ou curvos.
O estuque pode ser tratado de numerosas formas: pode receber serigrafia, pintura decorativa, papel de parede ou caiação. Esta variedade e a adaptabilidade do material a quase qualquer tamanho, forma ou configuração de edifícios resultam em que o estuque foi a superfície para paredes escolhida para quase todos os edifícios até aos anos de 1930 ou 1940.
O estuque histórico pode aparecer, à primeira vista, tão carregado de problemas que a sua remoção total parece ser a única alternativa. Mas existem razões práticas e históricas para que ele seja conservado. Primeiro, o estuque de três camadas é inegualavél em robustez e durabilidade. Ele resiste ao fogo e reduz a transmissão do som. Depois, a substituição de um estuque é cara. O proprietário de um edifício deve pensar cuidadosamente sobre a condição em que o estuque se apresenta; frequentemente, o estuque não está tão gravemente danificado como parece à primeira vista.
Mas a maior preocupação dos conservacionistas, no entanto, é que o estuque de cal e gesso é parte da fábrica histórica do edifício – as suas superfícies suavemente talochadas ou texturadas e os seus subtis contornos evocam a presença dos primitivos artesãos da América. O estuque também pode servir como uma superfície regular para receber acabamentos decorativos insubstituíveis. Por ambas estas razões, as paredes ou os tectos em estuque contribuem para o carácter histórico de um interior e devem ser deixados permanecer e ser reparados, se possível.
As abordagens descritas nesta Nota recomendam reparações usando-se estuque fresco e materiais e técnicas tradicionais que melhor sustentam a preservação do estuque histórico em paredes e tectos – e a sua aparência. As reparações a seco em paredes não estão aqui incluídas, mas têm sido largamente descritas noutros contextos. Finalmente, esta Nota descreve uma opção de substituição onde não for possível reparar-se o estuque histórico. Assim, discute-se um sistema de estuque de recobrimento em vez de um sistema de aplicação a seco. Os sistemas de estuque de recobrimento incluem uma camada ou mais camadas de estuque fresco – apesar de aplicadas com escassa espessura – que podem, com uma grande aproximação, simular camadas de acabamento tradicionais talochadas ou texturadas manualmente. Este sistema é, em geral, mais adequado às obras de preservação histórica do que o de aplicação a seco.
Para reparar o estuque, o proprietário de um edifico deve, na maioria dos casos, contratar um estucador. A aplicação do estuque é um ofício especializado, que requer muitos anos de treino e ferramentas especiais. Embora as pequenas reparações possam ser executadas pelos próprios proprietários, a maioria das reparações necessitam da assistência de um estucador.