Seria errado sugerir-se que toda a degradação urbana da pedra é a directa consequência da chuva ácida.
Já temos observado, por exemplo, que a chuva é naturalmente acídica e que pode ocorrer uma certa dissolução dos calcários, independentemente da poluição.
Os edifícios situados em áreas costeiras também podem ser contaminados por sais provenientes dos aerossóis marítimos, e os efeitos do gelo não devem ser, de modo algum, esquecidos.
Deve-se também considerar que nem todos os sais que não sejam de origem marítima provêm da reacção da chuva ácida com a alvenaria calcária.
A maior fonte alternativa de sais é consequente do anticongelante das estradas. Este sal pode persistir depois da sua aplicação e contribuir para a degradação da pedra ao nível das ruas. Os sais também se concentram nos edifícios que não tenham de todo, ou que tenham uma barreira contra a humidade ascendente, embora defeituosa.
Nesta situação os sais dissolvem-se na humidade do terreno e são conduzidos para cima pela evaporação, depositando-se como uma eflorescência superficial perto do nível do terreno. As argamassas e os cimentos podem-se alterar para formar gesso e contaminarem pedras que, de outra forma, seriam não calcárias, e as próprias argamassas podem conter sais onde, por exemplo, tiver sido usada uma areia da praia mal lavada.
Estas origens alternativas de sais podem ser localmente importantes para a degradação da pedra. Elas devem ser identificadas porque tendem a reflectir condições ambientais ou construtivas específicas. Mas a degradação ambiental salina provocada pela chuva ácida tende para ser mais abrangente e, questionavelmente, provoca uma maior contribuição global para a degradação da pedra nas cidades.
Finalmente, deve ser recordado que não existem limites para a ingenuidade pela qual os humanos vão encontrar formas de, intencionalmente ou inadvertidamente, danificarem a pedra.
Para além dos problemas com limpezas inadequadas já mencionados, também devem ser referidos:
- Tratamentos com consolidantes que alteram a cor da pedra e/ou fecham os poros e impedem que a pedra “respire”.
- Disposições construtivas para o escoamento da água da chuva deficientes, provocando cascatas de água a escorrerem sobre ou através da pedra.
- Refechamento de juntas com argamassas duras, provocando a fractura de pedras menos rígidas.
- Combinação inapropriada de pedras, por exemplo, contaminação de arenitos quartzíticos pelo gesso proveniente de escorrimentos de pedras calcárias assentes por cima desses arenitos.
- Fracturas provocadas pela corrosão expansiva de fixações metálicas.
- Danos consequentes de bombas e de tiros de armas
de fogo.
A chave para o diagnóstico das causas de degradação está, portanto, na adopção de um espírito aberto, para se compreender que ela é muito raramente o produto de um processo operando isoladamente, e para se perceber que pode representar muitos anos de tensões e alterações acumuladas.
Finalmente, devemo-nos recordar que a pedra não é imutável. As acções humanas podem acelerar a sua degradação, mas mesmo sem danos consequentes da poluição, as alvenarias exteriores estão sempre submetidas a processos de degradação ambiental natural e, por vezes, temos que aceitar que ela tem um tempo de serviço finito.