Apontamentos Origem e evolução histórica do conceito de família

Origem e evolução histórica do conceito de família

Introdução

Nesta unidade temática, pretende-se falar sobre a origem e evolução histórica do conceito de família. Como vimos nas unidades anteriores, ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Descrever os processos que deram origem ao conceito de família.
  • Fazer a ponte de ligação entre o parentesco e família.

Desenvolvimento

Para Lévi Strauss a família é um grupo social que tem origem no casamento, é uma união legal com direitos e obrigações económicas, religiosas, sexuais e de outro tipo. Mas também está associada a sentimentos como o amor, o afecto, o respeito ou o temor. Afirma que a família é necessária para a reprodução social de um grupo humano, pois garante a sobrevivência e a continuidade biológica e social do próprio grupo.

Neste ponto cabe relembrar o que o antropólogo português João Pina-Cabral (1989) sublinha para o caso português que o termo “família” é burguês, mas o conceito de “casa” é rural. A “casa” afirma Pina-Cabral (1989) são “os que comem juntos”, isto é, é através da comensalidade que os camponeses, que ele estudou no Minho, reconstroem a identidade da sua unidade familiar.

A família em questão pode ser considerada como uma unidade que envolve as economias individuais e que pratica uma economia moral ou cultural colectiva com base nas relações de parentesco.

É o que Jack Goody (1986) denomina economia oculta do parentesco. Mas a unidade familiar não está isenta de tensões, rivalidades internas e externas, negociações e conflitos. O mesmo matrimónio pode ser considerado como uma ameaça do património entre os quais vai existir uma tensão estrutural (O ́Neill, 1984). Portanto, as tensões e articulações entre os condicionamentos sociais e os projectos pessoais que possam existir são ingredientes da existência humana em sociedade.

Recomendado para si:   Os crescimentos biológicos como causa de degradação da pedra

A família, diz Robert Rowland (1997) é consequência das relações de parentesco, é um grupo doméstico co-residente e com limites variáveis segundo os contextos culturais. Alguns tipos de família são:

  1. Família nuclear: grupo de parentes formado pelos pais e os filhos, que residem juntos, e os filhos tendem a herdar dos pais.
  2. Família extensa ou “souche” (alargada).
  3. Família de orientação: aquela onde um nasce e aprende a ser criança.
  4. Família de procriação: aquela que formamos no momento do nosso casamento, quando um se casa e tem filhos.

Neste ponto também devemos pensar a linhagem ou clã, algo mais permanente que a família nuclear. A pertença ao mesmo é por adscrição de nascimento. Leva associada uma relação genealógica dos descendentes de um antepassado comum.

Após a fixação do grupo etno-linguistico bantu na região onde hoje é Moçambique, desde cerca de 1700 anos, a base fundamental da economia consistia na agricultura de cereais, principalmente de mapira e mexoeira.

A produção agrícola, que determinava relações de produção permanentes, era feita pelas mulheres da aldeia, que produziam para a família alargada (clã). Sendo assim, como produtoras, as mulheres detinham uma certa autoridade e controle sobre os celeiros, mas não controlavam bens mais valiosos e duradouros, como o gado, por exemplo.

A caça e a pesca, por sua vez, eram praticadas pelos homens e tinham como finalidade complementar a dieta alimentar. Não configuravam, no entanto, relações de produção tão duráveis quanto na agricultura.

Recomendado para si:   As Teorias Demográficas: Teoria Malthusiana e Marxista
Baixar Documento