O Papel de Parede
A decoração deste papel de parede e desta sala chama-se “décor” ou “fresco”. Caracteriza-se pela utilização de uma moldura em papel que divide as paredes em secções, geralmente com um papel de enchimento consistente por trás.
No livro “Wallpaper in America”, Catherine Lynn afirma “Os papéis de parede com um tipo particular de padrão foram chamados de “fresco papers” durante os meados do século XIX.” A. J. Downing explicou, em “The Architecture on Country” que estes “fresco papers” … davam o mesmo efeito que se as paredes formassem compartimentos ou painéis com as adequadas cornijas e molduras.” Muitas casas americanas preservam exemplos de “fresco papers”, em que os elementos de moldura dos painéis rodeiam uma relativamente grande extensão de cor lisa, ou de um padrão simples e discreto, centrando um elemento decorativo elaborado, ou uma estátua … Estes “décors” tornaram-se a preocupação das famosas fábricas francesas, desde os anos 1840, através dos anos 1860. Os
americanos usaram a expressão “fresco papers” da mesma forma que os franceses usavam “décors”. Os papéis “fresco” imitavam apainelados em madeira com veios. Um exemplo de veios de madeira, executado no estilo “fresco”, com cercaduras vermelhas figuradas, sobrevivia em condições degradas nesta casa no Mississipi.
O arranjo deste papel de parede é um exemplo sobrevivente raro de papel com veios de madeira e de cercaduras floreadas, numa paleta monocromática. Todos os desenhos dos veios de madeira são de cor castanha sobre um fundo creme, e a cercadura floral, em estilo grego, tem sombras castanhas. Só uma faixa avermelhada na bordadura e nos cantos acrescenta alguma cor. Não é, de facto, um vermelho, mas um laranja luminoso, um vermelhão. Assim, o efeito geral, quando foi originalmente aplicado, era o de paredes levemente coloridas com um discreto desenho sombreado, sublinhado a laranja. Catherin Lynn afirma sobre os papéis com veios de madeira : “Além de imitações de tecidos, as especialidades francesas de “trompe l’oeil” incluíam imitações de veios de madeira… Até os mais severos críticos, que preveniam contra as superfícies com imitações de qualquer material diferente de si próprio, ficaram encantados pelos veios de madeira…” Por exemplo, na edição de Outubro de 1849 do “Journal of Design”, os editores incluíam uma pequena amostra de um papel de parede inglês imitando Pollard Oak, fabricado por Robert Horne. Aparentemente reconhecendo a sua própria inconsistência, os editores comentavam: “Os nossos leitores sabem que as imitações são dificilmente conciliáveis com os nossos princípios, mas não podemos deixar de sustentar a nossa aprovação quanto à admirável maneira como o artista imitou aqui a madeira.
Aplicado numa superfície perfeitamente lisa e bem envernizado, ele consegue enganar até um olhar experiente. A sua “ilusão” global é excelente”. No livro “The Papered Wall : History, Pattern, Technique” editado por Lesley Hoskins, Berbard Jacqué, no seu ensaio intitulado “Luxury Perfected: The Ascendency of French Wallpaper, 1770-1870”, afirma : “Os anos 1840 testemunharam o sistemático desenvolvimento de um tipo de papel de parede que tinha aparecido nos finais do século XVIII. Conhecido em França por “décor” (menos frequentemente por “decoration”, “boiserie” ou “encadrement”), em Inglaterra por “pilaster and panel decoration”, e nos Estados Unidos por “fresco paper”, este papel consiste num esquema integrado organizado ao redor de um painel, sob a forma de uma parede apainelada com madeira”. As litografias publicitárias da época mostravam geralmente um painel, um painel intermédio mais estreito, uma pilastra, uma bordadura, cantos, um friso e uma cornija, e um plinto para a parte inferior da parede. A ingenuidade deste esquema possibilitava que estas decorações se adaptassem a qualquer tamanho de sala, ao permitir que qualquer elemento fosse aumentado ou contraído.
Em Roseland, as paredes foram medidas e marcadas com um lápis sobre o estuque, para descreverem as divisões de cada parede e a localização das faixas de papel de parede com veios de madeira. O veio da madeira era aplicado por forma a ficar sempre paralelo às linhas da moldura. No interior das molduras, o veio era aplicado na vertical. As molduras consistiam em cantos em vermelhão com uma grande flor, e em réguas com flores alternadas estavam cortadas em peças com tamanho apropriado. A formação de um padrão consistente e regular com flores alternadas era um desafio, nem sempre resolvido com sucesso. Os diversos painéis das paredes e o plinto ficavam bem alinhados. Na parede do pórtico, em vez de se acertarem as molduras com os espaços de parede disponíveis, era sobreposto um grande padrão de molduras que ficava interrompido pelas portas e janelas. No entanto, padrão permanecia regular no plinto, porque não tinha interrupções.