Apontamentos O estudo dos rituais em Antropologia- Os ritos de passagem

O estudo dos rituais em Antropologia- Os ritos de passagem

Introdução

Nesta unidade temática propõe-se a estudar os rituais em Antropologia- Os ritos de passagem. Ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Definir o rito de passagem.
  • Enquadrar o conceito de ritos de passagem em antropologia.

Desenvolvimento

Para Osório e Macuacua (2013) o Ritual é o conjunto de práticas consagradas por tradições, costumes ou normas, que devem ser observadas de forma invariável em determinadas cerimónias.

Ritual é uma cerimónia através da qual se atribuem virtudes ou poderes inerentes à maneira de agir, aos gestos, às fórmulas e aos símbolos usados, susceptíveis de produzirem determinados efeitos ou resultados. Portanto o Ritual é um processo continuado de actividades organizadas cuja prática está relacionada a ritos, que envolvem cultos, doutrinas e seitas, encontrados não só na vida religiosa, mas em todas as esferas culturais.

No sentido figurado ritual é uma rotina, aquilo que habitualmente se pratica, é uma etiqueta, uma regra, um estilo usado no trato entre as pessoas.

O ritual está associado às práticas religiosas ou místicas, criadas em torno da ideia de se estabelecer uma “relação entre os seres humanos e um ou vários seres sobrenaturais”(OSÓRIO e MACUACUA, 2013).

Segundo Agadjanian (1999) uma série de doutrinas sobre os deveres e obrigações recíprocas entre a divindade e a humanidade, uma série de normas e rituais fazem parte das inúmeras religiões, com o objectivo de buscar uma interacção dinâmica entre seus seguidores.

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Para Langa (1992) a Igreja Cristã possui dois rituais, ou sacramentos, foram instituídos pelo próprio Jesus: o baptismo e a eucaristia. O baptismo consiste em borrifar com água benta a cabeça da pessoa que será iniciada na religião. Esse sacramento lembra o baptismo de Jesus por João Batista.

Em outras tradições, o ritual do baptismo é feito por imersão total. A eucaristia (ou Sagrada Comunhão) é um dos principais ritos de devoção, na qual o pão e o vinho são consagrados e oferecidos aos fiéis, representando o gesto de Jesus na Última Ceia. Outros rituais, celebrados em períodos de graça ou bênção, incluem a crisma, o casamento, a ordenação para o sacerdócio, a confissão e a extrema-unção.

As religiões afro-brasileiras como afirma Langa (1992) confirmada com Honwana (2002) seguem rituais de várias origens, como o uso de roupa branca, imagem de santos católicos, pretos velhos, caboclos e índios. A vela é usada para iluminar os caminhos.

Dependendo das cores, é oferecida aos orixás ou até mesmo a exus. Os defumadores são usados para purificar o ambiente, o cachimbo é usado pelo preto velho nas consultas etc.

Douglas (1991) referindo-se aos rituais como momentos de afirmação identitária em que o racional aparece articulado ao sagrado. Neste sentido, os ritos de iniciação, desdobrados na separação das famílias, na circuncisão e na reintegração, constituem uma ruptura simbólica (uma espécie de renascimento) com as experiências anteriores.

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Organizando-se através da acção sobre o corpo (que pode sofrer inúmeras provações), os ritos determinam um padrão de comportamento que permite a integração dos jovens na comunidade, ocupando os lugares e desempenhando os papéis sociais que lhe estão reservados na hierarquia social.

Para Osório e Macuacua (2013) fica claro que, pesem outras funções dos ritos, na sua análise tem que se ter em conta, em primeiro lugar, a sua utilidade social, no sentido em que transgride e restaura a ordem e, em segundo lugar, que “os ritos são sistemas de sinalização a partir de códigos definidos do ponto de vista cultural”.

Pelos ritos, pelas mensagens que aí são transmitidas e pelo sentido que lhes é conferido, pela implicação emotiva que é colocada e pelos processos de negociação e manipulação aí vivenciados e, ainda, pelos elementos de adesão (reais ou/e simbólicos) constantemente accionados, os e as jovens iniciadas/os integram-se pela diferenciação sexual na ordem social, ou seja, os dispositivos neles desenvolvidos são marcadores de papéis e funções que exprimem os valores e comportamentos socialmente expectáveis.

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