O responsável pela adaptação do modelo estruturalista à antropologia foi o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908), inspirado pelo trabalho de alguns dos linguistas do chamado Círculo de Praga, como Nicolai S. Trubetzkoy (1890-1938) e RomanJacobson (1896-1982).
À influência do Círculo de Praga Lévi-Strauss juntou as ideias de Émile Durkheim e Marcel Mauss (1872-1950), introduzindo na antropologia o modelo linguístico da oposição binária ou das categorias contrastantes, como também é por vezes designado (ERIKSEN E NIELSEN, 2003).
Para Eriksen e Nielsen (2007) enquanto o estrutural-uncionalismo se preocupava acima detudo com o funcionamento do sistema social, o estruturalismo de Lévi-Strauss procurava descobrir a origem desse mesmo sistema, assim como provar a universalidade dessa origem, a qual segundo ele se ancorava na estrutura profunda da mente humana.
Segundo Lévi-Strauss, a cultura, expressa através dos rituais, da arte e do quotidiano, não é mais do que a manifestação de uma estrutura mental profunda inerente à espécie humana.
Por exemplo, o facto de as populações “primitivas” organizarem os casamentos através de um sistema que trocam entre si os indivíduos para fugir à endogamia, é um exemplo de organização binária. A estrutura binária da mente humana reflectir-se-ia assim na linguagem e nas instituições culturais humanas.
De acordo com mesma fonte, dando exemplo do caso das metades (moieties, como são designadas na literatura antropológica de língua inglesa) e do sistema de casamentos nas estruturas de parentesco é um exemplo de organização e estrutura binárias.
Corroborando a ideia de Santos (1969) Jordão (2004) a sociedade estabelece regras de troca que obrigam os indivíduos a circular entre metades através do sistema de casamento.
O mundo à nossa volta é organizado em categorias que se opõem umas às outras; por exemplo, alto-baixo, cozido-cru, norte-sul, mau-bom, terra-ar, cá-lá, cultura-natureza, etc. De acordo com a teoria estruturalista, toda a construção cultural do mundo se faz com base num sistema de oposições.
Gonçalves (2002) e Eriksen & Nielsen (2007) dizem que segundo Lévi-Strauss, esta organização do mundo em categorias opostas não decorre somente de uma necessidade prática, mas essencialmente de uma necessidade intrínseca da mente humana.
A cultura é uma manifestação da nossa estrutura mental.
A natureza profunda da mente força-nos a organizar o mundo à nossa volta através de um sistema de contrastes binários que obedece aos mesmos princípios que a linguagem falada humana, o produto cultural por excelência.
Para Eriksen e Nielsen (2007) as interpretações de Lévi-Strauss são, nalguns casos, completamente arbitrárias, não havendo a possibilidade de as testar por serem consideradas à partida fora de qualquer possibilidade de teste.
Mas a sua maior falha é não explicar porque é que havendo uma só estrutura universal existe uma diversidade tão grande de padrões e sistemas culturais à escala mundial. Ou, por que razão a mesma estrutura mental se exprime de formas tão diversas?