Introdução
Nesta unidade temática será apresentada as questões relacionadas com Nomenclatura, Simbologia e Características do parentesco como forma de conciliar os conhecimentos adquiridos no âmbito do estudo sobre o parentesco na unidade temática anterior. Por isso mesmo que ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:
Objectivos específicos
- Conhecer a nomenclatura usada.
- Saber os símbolos usados.
- Caracterizar as diferentes formas de parentesco no contexto de filiação, aliança e residência.
Desenvolvimento
Para Augè (2003) e Toledo (2008) começam por reconhecer assinalável o conceito de linhagem para Evans-Pritchard (1978) inserido na obra Os Nuer. Esta obra clássica da antropologia britânica tem como campo etnográfico uma região africana mais precisamente O Sudão, país atravessado pelo Rio Nilo onde as tribos Nuer habitam foi o campo empírico desta tão bem executada pesquisa.
Então, definiu o autor que um clã é um sistema de linhagens, e uma linhagem é um segmento genealógico de um clã. Por tanto, uma linhagem se define como um grupo de agnatos vivos, que descendem do fundador dessa linhagem determinada.
Ainda de acordo com estes autores, acrescentam que com relação ao sistema de linhagem, Evans-Pritichard se diferencia do Radicliffe-Brown (1973), uma vez que o primeiro é mais abstrato, estruturalista.
Para Lévi-Strauss, a proibição do incesto é a regra (condição de possibilidade da reciprocidade social – a exogamia – isto é, a troca.
Para Toledo (2008) a teoria da aliança é a sincronia enquanto que a descendência representa a diacronia, ou seja a aliança versus a filiação. E esta envolve a descendência social (reprodução biológica). Lévi-Strauss ainda mostra que a conjugalidade na estrutura elementar do parentesco gera a afinidade (o cunhado).
Daí a proibição do incesto que numa linguagem mais coloquial seria o sistema de troca, exemplificando: o caso de você casar com a minha irmã e eu casar com a sua.
O método comparativo como um dos mais completos. Ele exemplifica a importância de se fazer esse tipo de estudo comparativo falando da semelhança nas formas de representação de divisões sociais, para as quais vários povos de lugares distintos do globo usam pássaros.
Esses mesmos pássaros são por vezes usados para explicar o mundo e as relações existentes. Este mesmo autor, para não perdermos o foco de análise deste trabalho, volta a questão que mais nos interessa. A relação de parentesco a qual pretendemos relacionar com a obra da Eunice Durhan (1978) que trata a família e a reprodução humana.
Para resumir a temática, Radicliffe-Brown (1973) na obra ” O irmão da mãe na África do Sul” conclui-se que o padrão de conduta para com a mãe, que é revelado na família em razão da natureza do grupo familiar e sua vida social, é estendido com modificações apropriadas à irmã da mãe e ao irmão da mãe, portanto ao grupo de parentes maternos, ancestrais do grupo da mãe.
No tocante ao sistema de parentesco, Levi-Strauss trata do problema da relação entre os tipos de sistema matrimonial.
Começa afirmando que não há uma seqüência evolutiva ou hierárquica: um sistema com classes não é superior a um sem classes, e a passagem de um tipo de divisão em classes para outro não só é logicamente possível, como se trata de um dado empírico.
Toma, então, o caso dos Murimbata como exemplo de difusão dos sistemas matrimoniais, mostrando que existe um problema de adaptação entre o “sistema tradicional” e o “sistema tomado emprestado”, e que osno; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique nativos, para consertar eventuais distorções, se valem de artifícios como utilizar o antigo tratamento patrilinear da filiação dentro de um sistema que é agora matrilinear.
Lopes (2011) avança assim, que Levi-Strauss conclui que os sistemas não devem ser tratados como objetos isolados… Por trás dos sistemas concretos… há relações mais simples que permitem todas as transições e adaptações, quais sejam, as “relações elementares”. Levi-Strauss conclui resumindo “o estado da questão das relações entre classes matrimoniais e sistemas de parentesco”.
Esses últimos teriam papel preponderante na determinação positiva da prescrição do cônjuge, enquanto as primeiras agiriam no sentido negativo de dissuadir a violação da exogamia de classe (TOLEDO, 2008).
Em suma, entendeu-se que todo casamento é um encontro dramático entre a natureza e a cultura, a aliança e o parentesco. Este, portanto, é uma questão sociológica e não biológica.