Métodos Dourados
Na decoração arquitectónica existem dois principais tipos de dourados: dourados a óleo ou mordente e dourados a água.
Dourados a óleo: Esta técnica é usada para a decoração em geral e, com a adequada preparação, os dourados a óleo podem ser aplicados sobre a maior parte das superfícies construtivas, quer em interiores, quer em exteriores. Aplica-se “gold size”, um tipo de cola tradicional baseada em óleo de linhaça, sobre uma camada bem preparada, com grão muito fino, quer de tinta, quer de “gesso”, um estuque fino com ligante de cola. A folha de ouro é aplicada sobre essa camada quando a cola está seca ao toque mas ainda retém suficiente poder de colagem para que a folha adira. Pela sua extrema finura, a folha de ouro é manipulada até à superfície preparada com o emprego de ferramentas especialmente desenvolvidas para esse fim; uma faca de dourador, uma escova plana (tip) e uma almofada (cushion). Após a aplicação da folha, os fragmentos soltos são escovados para fora da superfície com uma escova de crina (skewing mop) e, se necessário, a superfície pode ser esfregada com algodão fino.
Dourados a água : Este é um processo mais elaborado que requer maior preparação, mas a sua elegância e o seu requinte de acabamento são inultrapassáveis. O dourado a água é principalmente usado em molduras para quadros, mobiliário, artefactos religiosos, escultura, objectos de arte e também para o embelezamento de edifícios importantes.
O processo consiste essencialmente na aplicação de seis ou doze camadas de “gesso” sobre o substrato para se produzir uma superfície lisa muito fina, seguida por quatro ou oito camadas de “bole”, uma argila refinada que se vende em diversas cores. A “bole” é polida até apresentar um acabamento muito fino (quaisquer lacunas ou fissuras iriam arruinar a aparência do dourado), é revestida com cola diluída e deixada a secar. A superfície é depois molhada com água e a folha de ouro é aplicada sobre ela imediatamente; como a água ensopa o “gesso”, ela põe o ouro em contacto íntimo com a superfície. Depois da secagem, quaisquer fragmentos soltos da folha de ouro são escovados tal como nos dourados a óleo, e aplica-se uma camada protectora de banho de “ormolu” na superfície para se realçar a cor e a uniformidade do dourado. O banho de “ormolu” é uma mistura de cola fraca e de laca corada com um pouco de uma resina laranja avermelhada chamada de “dragon’s blood”.
É vulgar que se dêem acabamentos contrastantes entre diferentes elementos de um objecto dourado a água para lhes realçar as formas. Este efeito é chamado de dourado “brilhante e mate”. As passagens brilhantes são normalmente douradas duas vezes mas não recebem o banho de “ormolu”. Em vez disso, elas são brunidas com um brunidor, uma pedra de ágata redonda polida montada num punho em madeira, para se produzir um acabamento espelhado.
Depois já não recebem mais nenhum tratamento, uma vez que qualquer revestimento iria empalidecer o seu brilho reflector.