- Valores tais como técnicas de construção ou execução e materiais usados. As técnicas de construção podem ser tradicionais e/ou representativas de uma época, assim como podem ser pioneiras ou únicas, o que as torna especiais num contexto histórico. Os mesmos critérios devem ser usados para os materiais aplicados e os seus respectivos acabamentos.
- Valores arquitectónicos e artísticos são normalmente exponentes de uma época, de um estilo e de uma utilização definida. Estes valores são, ao mesmo tempo, dependentes e inseparáveis das técnicas e dos materiais usados. Importante também considerar que os valores arquitectónicos e artísticos, devem ser considerados e avaliados com os mesmos critérios em partes interiores e exteriores do edifício. Deve sempre ser o mesmo avaliado como parte íntegra de um conjunto (edifícios adjacentes, bairro, etc.) ou representativo de uma tradição e identificação local, regional ou nacional. Deve-se, também, ter em conta se são obras únicas ou com finalidades especiais, raras ou portadoras de mensagens históricas, económicas ou sociais.
- Valores de ordem mais subjectiva, tais como valores simbólicos ou representativos, autenticidade, valores pedagógicos, etc.
É a totalidade dos valores, identificados previamente, que nos permite passar a uma fase de planeamento das intervenções práticas de uma maneira consciente e cuidadosa.
De muita importância é não esquecer que estes valores existem, não somente em construções antigas, mas também nas recentes e modernas.
A salvaguarda e a preservação cuidadosa dos edifícios “modernos”, no presente, permitirá que os mesmos cheguem ao futuro com um alto grau de autenticidade.
Alguns critérios a considerar:
Preservar o mais possível
Um edifício é constituído por um conjunto de materiais e de estruturas diversas, cuja interacção, posição e função formam um objecto com características próprias e “inseparáveis”.
O grau de autenticidade é sempre mais elevado nos objectos que chegaram aos nossos dias com poucas substituições e/ou alterações.
Por cada elemento ou material substituído/alterado perde-se um pouco da história do objecto, mesmo tendo em conta que, paralelamente, estamos a preservar as suas estruturas, materiais, formas, estilo, funções, etc. (um automóvel onde todas as peças foram substituídas, não é mais do que uma replica do original).
Reduzir as intervenções ao mínimo
Este é um dos grandes problemas da reabilitação. Muitos são os valores materiais (económicos) que, inconscientemente, são deitados para o lixo, e substituídos por outros de qualidade inferior ou incompatíveis com os de origem.
Basta, muitas vezes, reparar-se ou substituir apenas as partes degradadas ou que já não cumpram a sua função de uma maneira satisfatória (um telhado não necessita ser substituído por algumas telhas estarem partidas).
Restringir as intervenções ao mínimo tem também partes positivas, sob um ponto de vista económico/ecológico.
Usar materiais e técnicas de origem (ou compatíveis)
Recorrer a materiais e técnicas de origem é normalmente um obstáculo na conservação.
Os materiais podem já não existir no mercado e encontrar quem domine a sua aplicação prática pode ainda ser mais difícil.
É, normalmente, nestas condições que surgem os materiais e as técnicas modernas, muitas delas totalmente incompatíveis (e desastrosas), quando implementadas num edifício antigo.
Muitas obras de arquitectura milenares, chegaram aos nossos dias em excelente estado de conservação. Nunca nos devemos esquecer que as mesmas foram edificadas com cal, areia, pedra, tijolo, telha, madeira e ferro.
Muitos edifícios antigos perdem o seus valores inerentes, devido ao uso desnecessário dos materiais e das técnicas modernas.
Adaptar o novo ao velho
A modernização dos edifícios antigos é algo que sempre ocorreu durante a história. A adaptação a novos tempos, outros ideais, novas necessidades e exigências, vai alterando os edifícios, sobretudo na sua parte interior.
Estas intervenções tendem, infelizmente, a conduzir à obliteração da maioria dos valores materiais e técnicos de origem.
A introdução de elementos novos deverá sempre ser ponderada, e a sua execução prática nunca deve significar a destruição desnecessária dos valores existentes.
Este tipo de intervenções requer, pois, muita sensibilidade e cuidados de quem as planeia.
Considerar sempre uma possível reversibilidade futura
A introdução de novos elementos ou a substituição dos antigos deverá, sempre que possível, considerar uma futura reversibilidade.
E essa mesma é sempre dependente de uma adaptação cuidadosa. Uma nova parede divisória pode ser construída de maneira a ser removida no futuro, sem causar grandes danos no original.
Se bem que em certas situações este tipo de critérios possa ser um desafio à criatividade e obrigam quase sempre, de uma maneira ou outra, a compromissos vários.