Com o desmembramento do Império Romano do Ocidente e a formação de vários reinos bárbaros, instáveis e desorganizados, a Igreja constitui a única instituição disciplinada e organizada, mantendo a antiga organização administrativa da época imperial, ou seja, províncias, por sua vez subdivididas em dioceses. As dioceses eclesiásticas (o termo igreja vem do grego ecclesia = assembleia) são chefiadas por um bispo e encontram-se divididas em paróquias. Considerando-se sucessor de S. Pedro, o bispo de Roma intitula-se Papa (pai) e Sumo Pontífice (autoridade suprema). Embora a sua autoridade não seja reconhecida pelos cristãos do Império Romano do Oriente, a Igreja do Ocidente proclama-se católica, isto é, universal (do grego Katholikos = universal).
Organização do clero
Pelo facto de concentrar tantos poderes, os membros da Igreja Católica foram personagens destacados na sociedade feudal europeia ocidental durante quase toda a Idade Média.
Os sacerdotes da Igreja dividiam-se em duas grandes categorias: clero secular e clero regular.
Clero secular
O clero secular (la latim seculum =mundo) era formado pelos sacerdotes que viviam fora dos mosteiros. Para controla-lo, foi criada uma hierarquia de cargos e funções que ia do pároco ao papa. Essa hierarquia é basicamente a mesma até os dias actuais.
O pároco era o padre responsável pela paróquia – congregação de fiéis que se reunia no templo religioso. Acima dele estava o bispo, responsável pela diocese (agrupamento de várias paróquias) e hierarquicamente abaixo do arcebispo. Este era responsável pela província eclesiástica, um agrupamento de dioceses.
No ponto mais alto dessa hierarquia estava o papa, que era o bispo de Roma e, segundo a tradição católica, o sucessor de São Pedro – um dos doze apóstolos de Cristo e considerado pela Igreja Católica como o primeiro papa.
Clero regular
O clero regular era formado por monges, isto é, sacerdotes que viviam dentro dos mosteiros ou conventos e obedeciam a uma regra de vida estabelecida por sua ordem religiosa. Entre as mais importantes ordens religiosas, podemos citar as dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos.
Os monges viviam afastados do contacto directo com o quotidiano das pessoas não consagradas exclusivamente à religião. Porém, não cortavam relações com exterior. Acolhiam hóspedes, peregrinos e noviços, isto é, os que pretendiam ingressar na vida religiosa. Aos monges dedicavam seu tempo à vida religiosa e à realização de actividades agrícolas, pastoris e artesanais, bem como os trabalhos intelectuais. O termo monge deriva de monakhós, palavra grega que significa isolamento, solidão.
Coube a muitos monges o papel de copiar e conservar manuscritos gregos e latinos. Preservando a cultura da Antiguidade Clássica, os mosteiros transformaram-se em centros de ensino, mantendo a maioria das escolas e bibliotecas da época medieval.
A cristianização dos bárbaros
Muitos dos germanos que se fixaram nos territórios outrora pertencentes ao Império Romano já se tinham convertido ao Cristianismo, embora não reconhecessem a autoridade da Igreja Romana. Mas outros, como foi o caso dos anglos e saxões, permaneciam pagãos. A Igreja, sobretudo sob o pontificado do papa Gregório Magno, realizou enormes progressos na conversão dos bárbaros.
Clóvis, rei dos francos, recebeu o batismo em 496; S. Martinho de Dume, bispo de Braga, converteu os suevos em 559, o rei visigodo, Recaredo, impôs a religião católica ao seu povo em 589; os lombardos e os anglos-saxões foram convertidos ao Cristianismo no século VII e, finalmente, em meados do seculo seguinte, os povos pagãos da Germânia são evangelizados por S. Bonifácio.
Com a cristianização do mundo bárbaro, a Europa Ocidental recuperava a sua unidade. Assim, a unidade do Império, que antes das invasões era mantida pelas estruturas político-administrativas de Roma, passou a ser conseguida pelo Cristianismo. A Europa tornou-se, assim, uma região católica.