A Expansão e Fixação Bantu em Moçambique
Agropecuária e Metalurgia de Ferro
Substituindo a comunidade primitiva e o predomínio da caça e da recolecção, vários grupos populacionais foram chegando a Moçambique desde há cerca de 1700 anos, povoando gradualmente as bacias fluviais costeiras e quase ao mesmo tempo as encostas e os planaltos do interior. Este processo de expansão ficou conhecido por expansão Bantu.
A palavra Bantu tem uma conotação exclusivamente linguística e surgiu em 1862, sob proposta do linguista alemão Bleek, para assinalar o grande parentesco de cerca de 300 línguas, as quais utilizam esse vocábulo para designar os homens (singular Muntu). Porém, não existe uma raça Bantu.
Por volta dos anos 200/300 ou um pouco antes, concretamente nos anos 1700, a região Austral da África, sofreu a penetração do povo Bantu, grupo etnolinguístico conhecedor da técnica de ferro, agricultura e pecuária. Foram estes que introduziram ou inauguraram a idade de ferro nesta região.
O processo de expansão é ainda hoje motivo de controvérsia. Segundo a teoria do linguista J. H. Greemberg, o povoamento da população Bantu na África Austral teria resultado de um processo de expansão encetado na Orla Noroeste das grandes florestas congolesas a cerca de 300 anos, para a bacia do Congo e para África oriental e de uma migração relativamente rápida para o sul.
A difusão quase em simultâneo da nova tecnologia de ferro, na zona dos grandes lagos e África Austral, entre cerca de 500 anos aC e o ano 0, teria acelerado o processo nos três anos seguintes.
O que podemos acreditar como verdadeiras causas da expansão Bantu é que este fenómeno na África Austral ocorreu como resultado do conhecimento e da difusão de ferro, do conhecimento e difusão das actividades agro-pecuárias e do aumento populacional.
Causas da expansão Bantu
- Procura de terras férteis;
- Aumento populacional;
- O conhecimento e difusão da nova tecnologia de ferro;
- O conhecimento e difusão da actividade agro-pecuária.
Com o conhecimento das actividades agro-pecuárias, criou uma estabilidade no núcleo Proto-Bantu, que entre outros aspectos representou uma melhoria das suas condições de vida, ocasionando o aumento populacional que levou a disputa de terras férteis para a prática da agricultura, daí o movimento populacional.
No que se refere a nova tecnologia de ferro, teve sua importância na migração Bantu, uma vez que a descoberta deste metal permitiu a esta população o fabrico de instrumentos mais cortantes, resistentes e eficazes, contribuindo desta maneira no aumento da produção e da productividade o que criou condições para o surgimento do excedente. Dentre os vários cereais cultivados pelo povo Bantu pode-se destacar a Mapira e a Mexoeira.
Evidências destes fenómenos em Moçambique, são reveladas nas diversas estações arqueológicas tais como: Matola, Xai-Xai, Vilanculos (Chibuene, Bazaruto); Save (Hola-Hola), Bajone (Zambézia), Monapo, Mavita, Serra Maua (Niassa) e Monte Mitukui.
A maior parte destas estações arqueológicas, são testemunhos de um conjunto populacional que escolheu as planícies costeiras para sua gradual progressão, em relação ao sul atingindo a Baia do Maputo e Mpumalanga na R.S.A por volta dos anos 200 n.e.