Apontamentos Degradação do Papel de Parede

Degradação do Papel de Parede

Para se realçarem os principais tipos de degradação que afectam in situ os papéis de parede, as suas causas podem ser grosseiramente divididas em factores “externos” e “internos”.

Factores Externos 

Tal como todas as obras de arte feitas sobre papel, os papéis de parede históricos estão susceptíveis a danos por exposição à luz e às flutuações da temperatura e da humidade relativa.

Combinados com os efeitos dos poluentes atmosféricos, estes factores podem provocar a destruição da camada de tinta e do suporte de papel. Podem aparecer mais problemas em consequência de respostas diferenciadas das diversas laminações das superfícies decorativas e dos seus substratos às condições ambientais, pelo que a conservação do papel de parede não deve ser encarada como sendo apenas o tratamento do próprio papel. O papel de parede, as colas, os forros, as telas, as fasquias do estuque e outros elementos podem, cada qual, responder de forma diferente às variações de temperatura e de humidade, por exemplo, e os movimentos dimensionais variáveis são feitos, frequentemente, às custas da camada mais fraca – o papel de parede. Tais condições são magnificadas nos edifícios históricos, onde os respectivos papéis de parede já suportaram as alterações sazonais, a iluminação e o aquecimento com velas, os fogões de óleo e de lenha, bem como a instalação dos sistemas de aquecimento central e a
redução da ventilação.

Os papéis de parede históricos também são susceptíveis aos danos consequentes dos problemas estruturais do próprio edifício. As fissuras nas paredes, consequentes dos movimentos e dos assentamentos, podem introduzir esforços e enrugar o papel de parede na superfície, assim como as infiltrações e os pontos de humidade podem provocar o aparecimento de manchas, encorajar o crescimento de bolor e o enfraquecimento físico do papel, dos pigmentos e das colas. Os papéis de parede aplicados directamente sobre paredes estucadas, com ou sem um forro, também podem sofrer perturbações consequentes da desagregação do estuque ou dos sais solúveis emanando da parede.

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Os papéis de parede que, tradicionalmente, eram aplicados sobre telas e molduras podem ter ficado protegidos, até certo ponto, contra os anteriores factores. No entanto, não é invulgar que as estruturas em madeiras empenem e/ou que as telas se degradem tornando-se num portador fraco, enfolado e ácido para o papel de parede. As técnicas tradicionais de aplicação também podem afectar a longevidade do papel de parede por terem usado materiais não permanentes, tais como pregos de ferro ou forros, papéis e colas de qualidade inferior.

Finalmente, os danos mais aparentes nos papéis de parede históricos provêm, geralmente, do desgaste por utilização, tais como o tráfego humano, os graffiti, os arranhões pela mobília, e os furos para a suspensão de decorações, entre outros factores. Apesar de este tipo de danos ser mais óbvio, é, geralmente, menos grave, dada a sua natureza localizada.

Factores Inerentes

Os factores que afectam a sobrevivência de um papel de parede são, com frequência, directamente atribuíveis aos materiais e ao método de fabricação quer do papel, quer do meio (pintura ou tinta, por exemplo) pelo qual o desenho do papel foi impresso. A degradação e a fragilização de um suporte de papel datado posteriormente a 1850, por exemplo, podem ser consequências directas da fraca qualidade do lote de papel usado nessa época. Pelo contrário, um papel de parede chinês do século XVIII pode ter-se tornado frágil, não por causa de uma qualidade fraca, mas porque a sua construção, finamente laminada, o fez ser particularmente vulnerável às alterações ambientais.

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De forma semelhante, a larga variedade dos pigmentos e dos meios usados nos papéis de parede históricos pode provocar danos no suporte, ou ser propício à sua própria degradação. Os ligantes de amido e de cola/gelatina animal não só proporcionam alimento para os insectos, como também são propícios à dissecação e à retracção. Estas resultam em pulverização, descamação e posterior perda da camada de pigmento. É frequente que as prioridades de desenho estejam em conflito com os requisitos de longevidade; uma tinta mate, por exemplo, é frequentemente criada usando-se, de forma deliberada, pigmentos granulares com muito pouco ligante, mas tem como consequência camadas de pintura vulneráveis e mal ligadas. O conservador deve tentar preservar esta aparência mate não saturando os pigmentos mas, ao mesmo tempo, voltando a fixar e a consolidar as camadas em descamação.