Apontamentos A Utilização das Cales

A Utilização das Cales

Cales não hidráulicas a fracamente hidráulicas

A cal aérea está à venda a partir de mais de 40 fabricantes (Reino Unido e República da Irlanda) sob a forma de cal em pasta, e na maioria dos armazenistas sob a forma de cal hidratada ensacada.

Tendo em memória as limitações da cal de cré e os méritos da cal de “pedra”, muito apreciada nas fontes tradicionais, é evidente que é necessário algum cuidado na selecção e na especificação.

As origens de materiais bem conhecidas, como é o caso das cales Shillingstone and Totternhoe, Lewes and Dorking são ou eram, todas elas, fabricadas a partir de cré, mas elas eram todas classificadas como de “pedra cinzenta” ou fracamente hidráulicas.

Estas foram as cales do desenvolvimento da construção durante os séculos XVIII e XIX. Hoje em dia é perfeitamente aceitável a utilização de uma cal fracamente hidráulica ou aérea, mas deve-se ter em mente de que o que actualmente está à venda não é adequado a exposições tais como no caso de chaminés, meios-fios, topos de paredes, resguardos, cunhais ou pavimentos e a sua maioria não deve ser usada em nenhuma situação durante os meses de formação de gelo.

A sua durabilidade pode ser melhorada pela adição de um material pozolânico, tal como pó finamente triturado de material cerâmico cozido a baixa temperatura, mas as limitações gerais acima descritas continuam a manter-se válidas, especialmente nas exposições a norte ou marítimas.

O grande mérito da cal em pasta madura é que ela é, frequentemente, muito compatível com materiais enfraquecidos, tais como pedra e tijolos meteorizados, sendo capaz de acomodar os movimentos menores da edificação, tendo a tendência para actuar sacrificialmente no âmbito da face da alvenaria e a sua consistência é ideal para o refechamento de juntas, para as reparações superficiais e para a execução de estuques.

Por outras palavras, é frequentemente o material perfeito para o conservador. Deve-se fazer referência aos textos tradicionais, atrás recomendados, com o contexto firmemente em mente.

A conservação das superfícies históricas em alvenaria não é objecto desses tratados tradicionais. A cal não hidráulica, assim como a cal fracamente hidráulica, nas mãos certas, pode ter melhor desempenho do que qualquer outra, para a conservação, em muitas localizações interiores ou em trabalhos abrigados executados no verão.

A cal em pasta deve estar maturada, sempre durante mais que um mês, armazenada com os agregados em estado molhado ou amassada com esses agregados numa betoneira. Na ausência da betoneira, a amassadura manual por corte e batimento é a prática antiga e moderna para se produzirem os melhores resultados. Uma cura lenta e o controlo da humidade são significativos no desempenho final.

Cales fracamente a moderadamente hidráulicas

As cales de construção, e as cales adequadas para exposições mais severas do que a categoria anterior, entram neste grupo. As famosas cales produzidas a partir da formação de Lias, especialmente no sul da Grã-Bretanha, onde as pedras são mais calcárias do que no norte, deram fama à cal hidráulica no princípio do século XX, pelo que “Blue Lias” se tornou sinónimo de “cal hidráulica”.

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Os depósitos aproveitáveis consistem em argilas e margas com preponderância de calcários em camadas finas. Os calcários Blue Lias proporcionaram uma variedade de hidraulicidades consequentes da sua composição variada e dos métodos de calcinação.

O excelente produto de uma pedreira de Blue Lias em Charlton Adam existe actualmente sob a forma de “borderline”, a qual é uma cal no extremo superior da fraca hidraulicidade e no extremo inferior da moderada hidraulicidade.

A tradição na Grã-Bretanha foi sempre de se extinguirem as cales hidráulicas na obra e, sob este aspecto, diferia da prática continental. Uma das mais interessantes e vastas aplicações da cal de Blue Lias foi na conservação do HM Office of Works Ancient Monuments and Historic Buildings.

Em 1911, Frank Baines, Arquitecto encarregado, estabeleceu procedimentos que sobreviveram até ao início dos anos 1970, em que a cal hidráulica deixou de ser produzida no Reino Unido.

Nessa altura erarecomendada uma mistura padrão de duas partes de cal hidráulica para cinco partes de agregado bem calibrado.

A mistura do agregado e a extinção eram executadas em simultâneo, numa fossa ou num bidão metálico, colocando-se camadas alternadas de areia (5” = 12,5 cm) e de cal hidráulica pulverizada (2” = 5 cm), molhando-se a areia de cada vez e, finalmente, cortando-se através do material e misturando-se à mão, ao mesmo tempo que se acrescentava mais um pouco de água.

O material misturado era então amontoado numa estância de madeira, polido com as costas de uma colher, e deixado permanecer, pelo menos 12 horas, até que estivesse “frio”.

Produzia-se uma ligeira expansão do material em extinção, durante este período. Todo o material que tivesse começado a ficar rígido era rejeitado.

O método da areia molhada era adoptado para se evitar o excesso de hidratação associado com a molhagem por rega, que se tinha observado que destruía a hidraulicidade.

A cal tinha que ser calcinada de fresco, apesar de não ser considerada como prejudicial alguma extinção pela humidade atmosférica, para além de retardar a presa.

Deve ficar absolutamente claro se a cal viva vem extinta ou não da linha de produção de uma fábrica de hidratação, ou parcialmente extinta, ou não extinta. O melhor método será receber-se o material seco, pulverizado e extinto. Se isto não fosse possível, a extinção e a preparação devem ser cumpridas conforme os procedimentos de 1911.

As cales desta categoria tendem para serem de cor camurça pálida a creme e são relativamente gordas e trabalháveis.

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Adequadamente amassadas, aplicadas e curadas, elas têm uma grande versatilidade, mas não devem ser usadas em exposições muito exigentes, tais como em meios-fios, chaminés e pavimentos. O seu tempo de presa inicial varia entre as 4 e as 12 horas.

Cales moderadamente a eminentemente hidráulicas

As cales moderadamente a eminentemente hidráulicas não são actualmente fabricadas no Reino Unido. As principais importações provêm de França, Suíça e Itália. Na tradição continental, estas cales já vêm calcinadas, pulverizadas e extintas (hidratadas).

Elas podem conter aditivos pozolânicos para obedecerem a um padrão, tal como o cimento (algumas importações de França) ou cinzas vulcânicas (algumas importações de Itália). A concepção popular, junta com o comodismo, é de que são usadas da mesma maneira que o cimento e que podem ser aplicadas em todas as estações. Estas ideias precisam de ser clarificadas.

As cales devem ser armazenadas em seco e não devem ter mais do que seis meses de idade. Os sacos abertos ou danificados devem ser rejeitados.

A mistura com os agregados e com a água devem ser feitas por um processo que permita a incorporação de ar. Uma betoneira com lâmina em espiral ou uma varinha misturadora são os ideias. Dez a quinze minutos de mistura, interrompidos durante cinco minutos para se deixar a mistura repousar. Muito critico, o agregado deve ser muito bem calibrado.

Estas cales são mais difíceis de trabalhar do que a cal em pasta ou a cal fracamente hidráulica. A prática de se adicionar uma colherada de cal em pasta para melhorar a sua plasticidade não necessita de ser regulamentada, mas é obviamente difícil de ser especificada e controlada.

A inclusão de pedra calcária, especialmente de uma percentagem de cré triturado, irá acrescentar alguma plasticidade e “gordura”.

Em comum com as outras cales e apesar do facto de que estas cales fazerem presa debaixo de água, recomenda-se uma cura lenta, até cerca de uma semana. Não se deve trabalhar quando a temperatura estiver nos 5 o C e a descer.

As cales moderadamente a eminentemente hidráulicas têm uma grande versatilidade e podem ser usadas em meios-fios, chaminés, protecções e pavimentos, assim como no assentamento de alvenarias, e na execução de massames e estuques.

As suas propriedades de relativamente rápida presa e dureza inicial não devem ser confundidas com características superficialmente semelhantes às do cimento. Estas cales proporcionam uma boa permeabilidade ao vapor de água e a capacidade de acomodarem movimentos.

Tendo em vista estas características, juntas com a sua boa resistência aos sais e ao gelo, é fácil compreender-se porque é que estas cales foram largamente utilizadas em trabalhos de engenharia e foram apreciadas desde os tempos mais antigos.

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