Apontamentos A importância da lógica

A importância da lógica

Aristóteles estabeleceu uma ciência da lógica que permaneceu um pilar da educação durante séculos. Até hoje a lógica é ensinada como técnica de argumentação.

Para convencer alguém do seu ponto de vista, é importante usar argumentos válidos e evitar falácias.

Falácias são argumentos baseados em inferências incorretas. Muita gente, notadamente políticos e publicitários, aproveitam das falácias para fazer as pessoas acreditarem em inverdades que lhes são convenientes.

Mas a boa argumentação não é a maior contribuição da lógica. No final do Século XVIII, houve um ressurgimento de interesse filosófico na lógica, e os desenvolvimentos desde então ajudaram a mudar o mundo, Mudar o mundo? Sim!

As novas concepções da lógica contribuíram para o avanço das ciências em geral, mais particularmente da matemática e da física, e resultaram no computador em que estamos escrevendo este texto e em que, provavelmente vocês o estão lendo, talvez na forma de vídeo.

O computador, por sua vez, possibilitou toda a explosão de novas tecnologias de comunicação que estão mudando nosso mundo: entre elas os telefones celulares e a rede Internet.

E a lingüística, foi influenciada também? Sim. Muitos lingüistas ficaram impressionados com os avanços nas outras áreas das ciências e trabalharam para aplicar os formalismos da lógica aos problemas da descrição das línguas naturais.

Desses esforços nasceu a Semântica Formal, que é uma semântica totalmente baseada na lógica.

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O computador se estabeleceu como um modelo da mente humana.

A hipótese era a de que, para entender como o ser humano processa linguagem, podemos desenvolver modelos que permitam que o computador consiga processar linguagem.

Se os processos lógicos que operam no computador são iguais aos que operam na mente humana, um modelo que é bom para o computador pode ser bom também para modelar a mente humana.

O computador é a perfeita “máquina lógica”. Por isso, ele poderia ser o perfeito laboratório para explorar os processos lógicos da linguagem humana.

Com o tempo (e com muita pesquisa), ficou evidente o quanto a mente humana é diferente de um computador. Talvez a maior diferença seja a de que o computador só “sabe” o que alguém “ensina” para ele, e quando ele “pensa”, ele é sempre lógico.

Um ser humano é um ser biológico, e sua mente não começa a vida “pronta” e não recebe a informação sobre o mundo “pronta”, de fora para dentro.

A mente vai se desenvolvendo e aprendendo, dentro do corpo, por meio de todas as experiências da vida (inclusive as experiências sociais e afetivas). E a mente humana na maioria das vezes não age de forma”lógica”.

Ao contrário! Você já conheceu alguém totalmente lógico? E essa pessoa era uma pessoa sociável, agradável e engraçada? Era uma pessoa intuitiva, imaginativa, criativa? Amorosa? Fiel? (Torcer para um time de futebol é “lógico”?) Ela tinha crenças para as quais não tinha nenhum motivo?

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Tinha fé? Tinha ética? Para o ser humano (e para a vida social bem-sucedida), existem muitas outras coisas importantes além da lógica.

Às vezes o jeito aparentemente bagunçado de as nossas mentes pensarem é crucial para a nossa sobrevivência.

Um modelo da mente (e da linguagem) que só se interessa pelo aspecto da lógica corre o risco de perder de vista todas as outras poderosas habilidades criativas da mente humana que são refletidas no nosso comportamento e no uso da linguagem.

Uma semântica da língua natural deveria dar conta de todos os usos da linguagem, não só seu uso estritamente descritivo e racional.

Usamos, sim, a lógica; mas na vida cotidiana (diferentemente do que ocorre na ciência!), na maioria das vezes usamos a lógica para justificar ou reforçar crenças que já temos, não para chegar a conclusões inéditas.

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