Apontamentos A construção do outro e a etnicização/tribalização em Moçambique

A construção do outro e a etnicização/tribalização em Moçambique

Introdução

Nesta unidade temática propõe-se a debateras questões ligadas a construção do Outro e a etnicização/tribalização em Moçambique. Mais uma vez e a semelhança da unidade anterior, ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Perceber os contornos da construção do Outro.
  •  Perceber as questões envolvidas com etnia ou tribo para o caso

Desenvolvimento

De acordo cm Toledo (2008) a ideia de região resulta do ato de autoridade política, consistindo em circunscrever um território, definindo-lhe as fronteiras. Portanto o espaço resultante não é natural.

É resultante de uma imposição, de uma convenção no âmbito do poder que lhe deu origem e o confirmou por actos jurídicos.

Assim, o espaço se apresenta como um lugar não natural, produto de uma construção social a partir de práticas de representação, nem sempre coerentes, muitas vezes até contraditórias, que se confrontam nas experiências vivenciadas ao longo do processo histórico.

Este modelo do “regional” acabou gerando preconceitos, transformando-o em unidades fechadas e isoladas das demais comunidades, circunscritas por fronteiras, reduzidas a uma unidade simples, apreendida de forma unidimensional, tendendo para uma homogeneização, segundo os preceitos dos modelos externos. De acordo com Toledo (2008) a sua representação social era determinada pela relação tempo-espaço.

O tempo percebido como a expressão de uma divisão mecânica, à semelhança de um universo regido por leis, orientado de forma linear.

Um lugar visto como a complementaridade da evolução da humanidade, ou como queria os sociólogos, visto como um espaço social bem delimitado, constituído por um conjunto de relacionamentos sociais estreitos, marcado pela influência da família, da comunidade, na dimensão do tempo marcada pela continuidade de residência num mesmo local/ habitat.

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A partir deste enfoque, a questão do regional pressupunha uma dada continuidade cultural, uma identidade social homogénea, integrada e, portanto, estável. Em outras palavras, uma comunidade distinta, um lugar social peculiar, onde os relacionamentos e as regras de convivência fossem simples e directas, capazes de instituir e sedimentar uma união duradoura e autêntica.

A visão era de uma comunidade específica, integrada, relativamente isolada, baseada em relacionamentos estáveis que eram alimentados por laços afectivos e emocionais estreitos, pressupondo uma continuidade temporal.

Granjo(2005) e Lopes (2011) apontam que a crise actual, marcada pela mundialização da economia, sob a hegemonia do Programa Neoliberal, acompanhada do enfraquecimento do Estado Nacional, da superação dicotómica entre centro-periferia, marcada ainda por mudanças sociais rápidas, profundas, silenciosas e descontínuas, nos direccionam para uma nova ordem mundial.

Para a “Sociedade do Conhecimento”, para o século do humanismo, para o desabrochar da civilização global, onde deveríamos pensar globalmente e agir localmente.

Estamos portanto, diante do desafio de construirmos uma nova sociedade, a qual deverá ser adequada aos nossos interesses e às nossas necessidades. Estar voltada para o futuro, sem negar o passado.

Tomando como seus fundamentos as nossas raízes culturais, respeitando os valores e as tradições locais, afirmando a nossa identidade, respeitando as diversidades existentes.

Para Toledo (2008) a questão da identidade e diversidade cultural voltam a compor um quadro actual de preocupações, representativo da complexidade dos resultados das interacções sociais que se operam ao nível da sociedade actual.

Sobre ela deveremos reflectir, procurando apontar os desafios a serem transpostos na aspiração colectiva por dias melhores, realizar estudos com o propósito de melhor conhecer e valorizar a “ nossa gente”, e a “ nossa terra”.

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Para isto é mister resgatar criticamente a nossa História, avivar a memória, mesmo quando ela nos faz recordar momentos difíceis do nosso passado, reflectir sobre nós mesmos, dando asas à imaginação, à criatividade, para sonhar belos sonhos que queremos ver transformados em realidade num futuro próximo.

Ainda de acordo com o mesmo autor, o pensamento discriminatório para com os africanos é remetido como uma raça inferior, incapaz de terem um grau de intelectualidade igual ao do branco. Nessas condições, não teriam condições de jamais aprenderem sozinhos a língua portuguesa, cabendo ao português conduzi-los a civilização.

Um dos grandes problemas acentuados para o moçambicano era a falta de oportunidade para que ele conseguisse alcançar índices satisfatórios de alfabetização.

Além desse, seria a intenção colonizadora de transformá-lo em um cidadão com princípios distantes de sua cultura original.

A busca pela assimilação ocorreria por meio da imposição da língua estrangeira, uma das principais maneiras de se infligir aos nativos as características dos colonizadores, Uma forma de mostrar uma imposição de poder, caracterizando que não se importavam com a língua que falavam, mas que tinham que aprender a deles, ou seja, a língua portuguesa.

Para Toledo (2008) os nativos começam a sentir que a ultima coisa que os une em torno dos seus é o clã, e este é esfacelado pelo sistema que lhes é imposto, gerando um forte motivo para serem levados pela revolta.

Devido a isso o Exercito foi formado para fazer a conquista e ocupação colonial, depois com o intuito de manter o poder sobre os colonizados, pois previam que para manter o controlo tinham que usar a força.

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