A relação entre um edifício existente, reconhecível pelos seus limites, e uma nova edificação, pode ser uma das seguintes:
1. Inclusão – Um absorve o outro;
2. Intersecção – O novo altera os limites antigos;
3. Exclusão – São completamente autónomos.
Quando a exclusão é a hipótese escolhida, é conveniente que se crie uma qualquer ligação entre ambos: uma ligação física.
Essa ligação física traduz-se por vezes numa relação mais imediata entre 2 edifícios, o antigo e a nova proposta: justaposição ou adjacência.
- Há, então, um contacto parcial entre ambos;
- Mas, o que ao nível tipológico pode ser simples, ao nível geométrico não o será com certeza.
Mas quando os dois edifícios estão em exclusão completa e é necessário recorrer a um elemento físico de ligação entre ambos, essa nova peça não se interliga autonomamente com os dois objectos.
Assim, esse elemento de ligação terá de se revelar de representatividade mais discreta que qualquer um dos edifícios a ligar.
Há ainda a hipótese de junção de duas unidades para criação de uma só, sem que ambas as peças percam a sua identidade formal.
Neste caso a ligação física pode traduzir-se num elemento ‘mastique’ que preenche o espaço de separação, e a que chama-mos «poché».
Resumindo:
A ligação entre uma preexistência (antigo) e uma pósexistência (novo) poderá traduzir-se em:
1. A procura de uma similaridade métrica, geométrica e proporcional para criar um emparelhamento;
2. A criação de um elemento de ligação que permita manter a continuidade figurativa, mesmo em conjunto;
3. A manipulação do elemento agregador, que não danifique a leitura da tipologia isolada, mas que una as duas peças quase que as tornando siamesas.
Níveis de intervenção
1o] A modificação circunscrita:
A intervenção resume-se ao limite do edifício enquanto realidade individual, ou seja, particularidade projectual. O objecto entra em regeneração, cresce ou modifica-se – desde o restauro, à ampliação, passando até pela transformação da estrutura interna – a intervenção é integrada e o edifício tem o poder de ‘falar’.
Aqui a implantação é definida pela peça a intervencionar, havendo a possibilidade de pequenos apontamentos do novo, mas não de alterações há tipologia original.
Podemos enquadrar aqui três tipos de intervenção:
- Aquela que pouco mexe no original;
- Aquela que deixa a fachada inicial e constrói um interior novo – “fachadismo”;
- E aquela que se expande para pátios e jardins preexistentes.
2o] A modificação do locus:
Segundo Aldo Rossi, locus significa:
Relação singular e universal que existe entre certa situação local e as construções que aí se encontram.
Assim, podem incluir-se neste nível, portanto, a alteração do loci, ampliações já com uma dimensão considerável, corpos autónomos com ligações a edifícios existentes, entre outros.
Devem considerar-se aqui as situações de novos edifícios, que vêm ocupar parte dos interstícios urbanos, enquanto contribuem para reformular os espaços habitáveis da cidade.
Esses novos edifícios, embora ligados a antigos, alteram a leitura do lugar.
3o] Critério de conformação urbana:
Grau de intervenção onde se sugere um modo peculiar de construir cidade, independentemente da escala. Há uma colisão deliberada de imagem arquitectónica e desenho urbano com a estrutura preexistente, sobre a qual se querem impor.
Já não há uma limitação ao projecto de arquitectura, mas antes um recurso a uma equipa que enquadre também um urbanista. Uma das hipóteses deste método é a procura de uma ordem
regeneradora.
As situações aqui descritas poderão ser enquadradas em ambas as alíneas deste capitulo, na acção global e na acção individual, pois estão inseridas num mesmo contexto, numa implantação física num lugar de uma estrutura urbana.