A variação linguística é um fenómeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos (vocabulário, pronúncia, morfologia, sintaxe).
Ela existe porque as línguas possuem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a factores como a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social do falante e o grau de formalidade do contexto da comunicação.
É importante observar que toda variação linguística é adequada para atender às necessidades comunicativas e cognitivas do falante.
Assim, quando julgamos errada determinada variedade, estamos emitindo um juízo de valor sobre os seus falantes e, portanto, agindo com preconceito linguístico.
No caso das Línguas Bantu (LB), Timbane (2013) afirma que as LB faladas em Moçambique são chamadas de “dialetos”, termo preconceituoso herdado no sistema colonial que continua prevalecendo até aos dias de hoje. Estudo recentes discordam que Português Europeu (PE) é o “padrão mais certo” defendendo que a variante moçambicana tem características próprias a nível: fonético, morfológico, sintáctico, semântico e lexical facto comprovado pelos estudos recentes de Dias (2009), Gonçalves (2012, 2005a,b, 1996), Vilela (1995), Ngunga (2012), Timbane (2012) e muitos outros. Com isso pretende-se dizer que um “dialeto” não é uma língua, pois esse termo traz uma sensação de preconceituosa, uma sensação de inferioridade.
Marcos Bagno no seu livro Não é errado falar assim: Em defesa do português brasileiro dá exemplo do Cineasta moçambicano que considera as LB moçambicanas por “dialeto”. Realmente este preconceito existe no seio dos moçambicanos herança do sistema colonial, aspecto que deve ser combatido, pois as LB são “tão eficientes como instrumentos de interação social quanto o português ou qualquer outra língua européia, ou qualquer outra do mundo. (BAGNO, 2009, p.18).
Na luta contra preconceito linguístico a escola deve ser o “comandante”, posicionando-se na vanguarda e não sendo incentivador da discriminação linguística.
O termo “dialeto” renega a princípio o estatuto de ser língua e fica com pouca consideração. Assim, “a mudança que se observa numa língua no decorrer do tempo tem paralelo na mudança dos conceitos de vida de uma sociedade, na mudança das artes, da filosofia e da ciência e, até, na mudança da própria natureza.” (MATEUS, 2005, p.18).
Os estudos provam que o Português de Moçambique (PM) é uma variante diferente do PE e precisa ser mais aprofundado procurando cada vez mais espaço da sua afirmação legal- a padronização.
“Falar de uma variedade é apenas reconhecer a existência de um ou de vários conjuntos de diferenças, de uma ou de várias variedades e recusar estabelecer entre essas variedades numa hierarquia.” (GARMADI, 1983, p.29).
Esses fenômenos linguísticos são causados pelo contato entre línguas, pelo surgimento de realidades sociais, culturais, políticas e econômicas bem diferentes ou mesmo pela diferença de classes sociais.
Entendemos por variação linguística a forma como uma determinada comunidade linguística se diferencia de outra, sistemática e coerentemente tendo em conta os contextos sociais. A variação se manifesta em diversos níveis: