Sob condições atmosféricas normais, na Europa Ocidental, as paredes exteriores em alvenarias têm um conteúdo em humidade na ordem dos 10 a 20 %.
Falando por alto, quanto maior for a porosidade do material, maior será o seu potencial para reter a humidade. O
conteúdo em humidade vai variar conforme as influências externas, nelas se incluindo o vento, a chuva e o sol, e ainda a taxa de entrada de água, quer como humidade ascendente quer por percolação consequente de qualquer defeito na fábrica do edifício. Para além disso, onde a estrutura ficar saturada em consequência de danos ou negligência e for, subsequentemente, reparada, vai dar-se um processo de secagem até que se estabeleça o equilíbrio, o que pode levar semanas, meses ou mesmo anos. A escolha do acabamento aplicado nessas paredes tem que levar estes factores em consideração.
No Alexandra Palace, por exemplo, a estrutura em alvenaria de tijolo ficou saturada em consequência de extensos danos por fogo que deixaram o edifício sem telhado durante vários anos. A estimativa de conservação calculou que estivessem aproximadamente 50.000 litros de água contidos nessa estrutura, uma elevada proporção da qual teria que ser evaporada através das paredes interiores do edifício a seguir aos trabalhos de renovação. A especificação exigiu que o sistema de estuque e o revestimento decorativo permitissem ambos que as paredes secassem gradualmente, ao longo de vários anos, sem que ficassem danificados os novos acabamentos.
Se considerarmos o papel de um revestimento exterior, o primeiro objectivo da especificação é decorar e melhorar a aparência da edificação. Em segundo lugar, a especificação também deve prever um certo grau de permanência e, se possível, alguma protecção ao material subjacente, não só contra as condições climatéricas variáveis, mas também contra a poluição ambiente potencialmente prejudicial.
Idealmente, ela deveria permitir a livre passagem do vapor de água desde o material subjacente, enquanto que, ao mesmo tempo, evitasse a entrada de mais humidade – por outras palavras, ela deveria permitir que o material subjacente “respirasse”. Se não for esse o caso e o revestimento retiver a humidade no material subjacente, o risco de danos consequentes da acção do gelo vai aumentar, graças ao efeito da expansão do gelo quando funde na estrutura ao seu redor. Os revestimentos também podem falhar sob condições de humidade e o material subjacente pode-se degradar em resultado da cristalização de sais, em particular. Esta é provocada pela migração de sais solúveis para o ponto de evaporação da humidade, onde cristalizam fora da solução. A alvenaria degrada-se sob a força de pressão exercida pela cristalização dentro dos poros.
Onde o material subjacente for particularmente vulnerável à degradação, tal como o tijolo brando, a pedra friável, o reboco e a taipa, a necessidade de se conseguir uma revestimento permeável é dominante.