Moldura – Uma moldura em estuque, lisa ou ornamentada, que tenha sofrido danos ou degradações severas pode ser reparada quase sempre. Deve ser identificada a extensão que necessita reparação e, depois, cuidadosamente demolida para expor a estrutura subjacente contra a qual essa moldura foi assente. Para se substituírem os troços em falta, o primeiro passo consiste em se obter a secção transversal ou perfil da moldura, desde o plano de acabamento do tecto até ao plano de acabamento das paredes. Esta operação pode ser feita através de um dos seguintes métodos:
- Pode-se determinar uma secção transversal da moldura, fazendo-se um corte transversal nessa moldura com uma serra, inserindo-se uma folha metálica na ranhura aberta e traçando-se o perfil directamente nessa matriz. Isto é bastante mais rigoroso do que a utilização de uma ferramenta para registar perfis existente no mercado, mas vai exigir o refechamento do corte da serra; alternativamente, o corte pode ser feito numa das partes degradadas, desde que se consigam retirar partes intactas da moldura.
- A secção pode ser obtida fazendo-se uma impressão de borracha tixotrópica da moldura, enchendo-se o resultado com estuque fresco e cortando-se através do modelo obtido, por forma a se poder transferir a secção para uma matriz em folha metálica. Com esta secção determinada, ela é desenhada numa folha de aço galvanizado calibre 22, que se recorta com uma tesoura para chapa e se aperfeiçoa cuidadosamente até à linha desenhada. Esta matriz é verificada periodicamente contra o perfil original para se garantir um acerto perfeito. Quando esta lâmina matriz está finalmente concluída, é fixada a um suporte de madeira que a permite correr, e fica pronta para ser usada na execução do troço a ser substituído.
Os troços curtos da nova moldura correm-se melhor sobre uma bancada, usando-se gesso e cal; o molde reproduzido deve ser um pouco maior do que o comprimento necessário. O novo troço é cortado e colocado no seu lugar de forma a que se ajuste à moldura existente, depois é aparafusado às fasquias, aos barrotes ou às vigas. As juntas resultantes são refechadas com colherins de betumar, à face com as partes adjacentes.
Extensões maiores de moldura devem ser corridas no lugar, tal como o tinham sido historicamente.
Deve-se ter cuidado para que a “corrida” do molde acerte com o trabalho existente em ambas as suas extremidades. Ainda existe outro método que consiste em se correr um troço de moldura com 1,50 m ou 1,80 m na bancada, fazer-se um molde de borracha a partir deste modelo, e prefabricarem-se as partes de substituição quer em obra, quer na oficina.
Se a moldura danificada for ornamentada, devem ser retiradas amostras a partir dos enriquecimentos existentes, para se garantir a reposição de todas as unidades originais. Este é um processo difícil, já que estas unidades eram assentes em concavidades executadas nos moldes corridos, a que se chama de “sinkages”, usando-se estuque como cola para as fixar. Para se conseguir inserir uma ferramenta por detrás do ornamento com êxito, para se quebrar esta ligação, podem ter que ser sacrificadas algumas unidades. Este sacrifício deve ser o mínimo possível. O enriquecimento retirado deve, então, ser removido para a oficina para se fazer um molde em borracha e para ser reproduzido por moldagem, quer com, quer sem ter em linha de conta a acumulação de tinta sobreposta, conforme as exigências do projecto o determinarem. Onde certas molduras recobertas por múltiplas camadas de tinta tornaram difícil distinguirem-se as novas peças das originais, os moldados que forem decapados dessa tinta revelam o assinalável talento dos executantes dos modelos desse período original. Conforme assinalado, os materiais de borracha modernos têm a capacidade de pormenorização até à impressão digital. Os modelados modernos podem ser, então, aplicados nas molduras corridas novas ou originais, usando-se novamente estuque como cola.
Medalhões dos tectos – Os medalhões centrais dos tectos estão frequentemente mais ameaçados do que as molduras periféricas, porque o sistema de suporte constituído pela camada de base em fasquiado é susceptível de deformações sob a força da gravidade.
Os problemas de ruína em tectos são mais frequentes nos centros das salas porque os seus ornamentos corridos circulares e feitos em oficina são, geralmente, bastante pesados e, historicamente, não eram agarrados com nenhum sistema mecânico adicional, por exemplo, parafusos ou pregos.
Se as fasquias ou as “chaves” em estuque estiverem degradadas, o ornamento estucado do tecto pode ser salvo, na sua totalidade ou em parte, pela remoção de tábuas do pavimento superior, seguidamente perfurando-se e injectando-se cada fasquia com um acrílico elástico ou um material epoxídico que consiga aderir o estuque ao fasquiado, e o fasquiado aos barrotes. Este é um procedimento recentemente desenvolvido que só deve ser executado por profissionais experientes. O processo de consolidação e renovação da aderência tem sido usado com sucesso em estruturas representativas de época, com resultados dramáticos em casos que, de outra forma, teriam conduzido à perda de importantes superfícies de estuque e de pintura.
Os medalhões dos tectos podem necessitar de reparação ou de substituição, tal como este medalhão elíptico de Rockland, Fairmont Park, Philadelphia. Foi feita uma impressão a partir do existente, a partir da qual foram moldados novos elementos e estuque.
Os dispositivos de iluminação históricos estão frequentemente suspensos de medalhões centrais elaborados. Quando estes elementos foram posteriormente transformados para servirem a gás ou a electricidade, as canópias ornamentadas centrais em estuque foram, por vezes, danificadas por operários insensíveis. As mais recentes obras de adaptação de utilização podem-lhes ter provocado ainda mais danos adicionais.
Os medalhões centrais danificados podem ser reparados pela remoção cuidadosa da ornamentação em estuque que seja significativa, sua moldagem e reprodução em oficina, e posterior substituição por novos enriquecimentos, por forma a que fiquem perfeitamente condicentes com o padrão original. Aplicam-se agentes de colagem em acetato de polivinil ao substrato e ao ornamento para que o estuque de colagem adira firmemente. Em alternativa, um medalhão severamente danificado pode ser substituído, usando-se os seus fragmentos como documentação física para se moldar uma reprodução visualmente exacta.
As parcelas de uma moldura lisa corrida circular também podem ser reparadas pela determinação de uma secção transversal e do raio desde essa moldura até ao seu centro de rotação. Tal como nas molduras periféricas, os moldes corridos podem ser executados em bancada, com uma extensão superior à necessária, depois cortados e assentes no seu lugar. As secções corridas circulares são instaladas através da aplicação de cola de estuque nas superfícies de contacto, ou de colas modernas para a construção, depois de consulta às recomendações dos seus fabricantes, para se ficar a saber se essas colas são recomendadas para serem usadas sobre materiais húmidos ou secos; se possível, devem ser aplicados parafusos em pontos que possam ser posteriormente recobertos com os enriquecimentos moldados.
Os medalhões de tectos aparecem frequentemente geminados em salas duplas. Não é invulgar que um tecto fique arruinado enquanto que o seu par permanece intacto. O tecto em estuque liso no local do medalhão em falta tem, frequentemente, um “fantasma”, confirmando que, em tempos, um medalhão central ornamentou essa sala. O medalhão em falta pode ser reproduzido recolhendo-se uma secção, as dimensões e amostras dos enriquecimentos moldados a partir do medalhão sobrevivente, respeitando-se minuciosamente o procedimento original. O tecto em que este novo trabalho vai ser instalado deve ser examinado para se determinar o seu estado de segurança e, se necessário, fasquiado de novo (com fasquias metálicas auto aderentes) e estucado. O eixo de rotação para a moldura circular é aparafusado a uma viga de madeira, atravessando a caixa de ligação da instalação eléctrica, e retirado depois da moldura ter sido corrida.
Após 1850, especialmente no Sul, os medalhões dos tectos eram frequentemente desenhados apenas com ornamentos moldados; não era usada nenhuma moldura lisa circundante. A reparação destes medalhões é feita como descrito anteriormente, mas sem a moldura periférica.
Há um ponto importante que deve ser abordado sobre a adição de medalhões nos tectos (ou sobre qualquer outra espécie de elemento ornamental em estuque) quando haja falta de evidência histórica. Se não existir a tal marca fantasma ou outra documentação indicando que existiu em tempos um medalhão, então a sala deve ser deixada ficar sem ornamentação, tal como era historicamente. Adicionar-se uma ornamentação conjectural de qualquer tipo ou material (por ex., moldada em oficina ou reforçada
com substitutos em fibra de vidro ou em espuma de poliestireno) pode criar um falso sentido de desenvolvimento histórico contrário à preservação dos princípios declarados nas normas The Secretary of the Interior’s Standards for the Treatment of Historic Properties. No entanto, se existir uma indicação clara de que existiu, em tempos, um medalhão nesse tecto, mas a documentação para a sua substituição for inadequada, pode ser considerado um medalhão compatível com o carácter histórico da divisão. Deve-se pensar em pedir uma opinião profissional.
Tecto em caixotões – Tal como as molduras e os medalhões, os tectos em caixotões sofrem de práticas de má manutenção e de problemas estruturais; no entanto, estes tectos, constituídos por unidades moldadas individualmente, são especialmente vulneráveis quando um edifício está a ser reabilitado e não é posto grande cuidado na execução desse trabalho. Nos casos mais sérios, podem-se destacar e cair grandes partes de um tecto, soltando-se pesados destroços dos painéis suspensos dos caixotões, e destruindo-se largas porções da ornamentação.
O telhado em betão deste edifício ruiu, danificando partes do tecto em caixotões de estilo Mourisco existente. As unidades de tecto quadradas foram facilmente identificadas e levadas para uma oficina para reprodução.
Mas mesmo este nível de destruição pode ser geralmente remediado através de restauro por profissionais. A primeira medida de intervenção exige o escoramento das áreas adjacentes aos danos, e a inspecção dos sistemas de suspensão para se detectarem destacamentos ou deformações ocultas. Estabilizam-se e reforçam-se os caixotões e as suspensões existentes com perfilados de aço, se necessário. Identifica-se uma unidade de caixotão que esteja intacta, a qual se remove cuidadosamente para a oficina a fim de ser retirado um molde e feitos novos moldados. Quando voltarem a ser suspensas, as unidades são pintadas para condizerem com o tecto histórico.
Os tectos em caixotão aparecem com molduras lisas ou enriquecidas. Na maioria dos casos, recomenda-se que a moldura seja reparada em primeiro lugar, de modo a se obterem linhas rectas e horizontais. Seguidamente devem ser substituídos os moldados danificados por novos caixotões a condizer, e as juntas entre eles devem ser refechadas. É crítico o acesso pela face superior.