Apontamentos Reparação de Classe I: Manutenção de Rotina

Reparação de Classe I: Manutenção de Rotina

As reparações em janelas de madeira são, geralmente, muito consumidoras de mão-de-obra mas relativamente pouco complicadas.

Em obras de pequena escala, para se economizar dinheiro, isto permite que o trabalho de reparação de parte ou da totalidade das janelas seja feito pelo próprio.

Em obras maiores isto representa a justificação para se gastarem em reparações o tempo e o dinheiro que, de outra forma, poderia ser gasto na remoção e na substituição das janelas existentes, consequentemente poupando-se todo ou parte dos custos com os
materiais associados a janelas novas.

Independentemente dos custos reais, ou de quem executa o trabalho, o processo de avaliação descrito anteriormente proporciona o conhecimento a partir do qual se especifica um adequado programa de trabalho, se estabelecem as prioridades elementares do trabalho e se identifica o nível de aptidões necessárias para a mão-de-obra.

A manutenção de rotina necessária para se melhorar a condição de uma janela para “como nova” inclui, geralmente, os seguintes passos:

  1. Algum grau de remoção da tinta interior e exterior;
  2. A remoção e a reparação da folha de janela (incluindo a substituição de vidros, onde necessário);
  3. Reparações do aro;
  4. A vedação de juntas e a reinstalação da folha de janela;
  5. A repintura.

Estas operações são ilustradas para uma janela de dupla guilhotina típica, em madeira, mas podem ser adaptadas como aplicáveis a outros tipos e estilos de janelas.

As janelas históricas, habitualmente, vão adquirindo muitas camadas de tinta ao longo do tempo. A remoção das camadas em excesso e da tinta descamada ou esfarelada vai facilitar o funcionamento da janela e vai restaurar a clareza da pormenorização original.

Também é necessário um certo grau de remoção de tinta como primeiro passo da preparação de uma superfície para receber o novo acabamento seguinte (se for desejada uma análise à cor da tinta, ela deve ser executada antes do início da remoção dessa tinta). Existem diversas técnicas seguras para a remoção da tinta da madeira, conforme a quantidade de tinta que se vai retirar.

A remoção da tinta deve começar pelos aros interiores,
removendo-se muito cuidadosamente a tinta do batente interior e do perfil de vedação, especialmente nos topos da madeira onde esses batentes encontram a couceira da janela.

Isto pode ser conseguido fazendo-se correr uma faca ao longo do perfil de vedação, para se cortar a colagem feita pela tinta.

Depois vai ser muito mais fácil remover-se o batente, o perfil de vedação e a folha da janela. O batente interior pode ser solto da folha de janela, logo no princípio, para se evitar riscar-se visivelmente a madeira, e depois é gradualmente retirado usando-se um par de betumadeiras e forçando-se o batente, para cima e para baixo, em pequenos avanços.

Com o batente já removido, a folha de janela interior ou móvel também pode ser retirada. Os cabos de suspensão da janela devem ser destacados dos lados da folha de janela e os seus extremos devem ser fixados com um prego ou atados com um nó para se evitar que caiam no alojamento do contrapeso.

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A remoção da folha de janela superior, nas janelas de movimento duplo, é semelhante, mas o perfil de separação que as segura fechadas está montado num rasgo no centro da ombreira e é mais fino e mais delicado que o batente interior.

Depois de se remover toda a tinta do perfil de vedação, o perfil de separação deve ser cuidadosamente retirado e trabalhado já livre, da mesma forma que foi feito para o batente interior.

A seguir, pode ser removida a folha de janela superior, da mesma forma que a inferior, e são levadas as duas para uma área de trabalho cómoda (para se retirar a folha inferior, o batente interior e o perfil de separação só têm que ser retirados num dos lados da janela). Os vãos das janelas podem ser tapados com folhas de plástico ou com contraplacado enquanto as folhas dessas janelas estão retiradas para reparação.

A folha de janela pode ser decapada da tinta usando-se técnicas apropriadas, mas se for usado algum tratamento a quente, o vidro deve ser retirado ou protegido contra as alterações bruscas de temperatura que podem provocar quebras.

Uma cobertura em folha de alumínio, em gesso cartonado ou em amianto podem proteger os vidro contra estas alterações rápidas de temperatura. É muito importante que se proteja o vidro porque ele pode ser histórico e, frequentemente, acrescenta carácter à janela.

A massa degradada deve ser removida manualmente, os suportes metálicos que mantêm os vidros no seu lugar devem ser extraídos e os vidros são numerados e removidos para limpeza e posterior reutilização nas mesmas aberturas.

Com os vidros removidos, a massa sobrante deve ser removida e a folha de janela pode ser lixada, remendada e receber um primário de preparação e imunização. A massa endurecida nos
rebaixos da madeira deve ser amolecida com um ferro de soldar, até chegar ao ponto em que pode ser removida.

A massa que ficar nos vidros pode ser amolecida lavando-se esses vidros com óleo de linhaça, sendo depois removida com menos risco de se partir algum vidro. Antes de se voltarem a instalar os vidros, deve ser dada uma camada de massa de vidraceiro ou de massa de óleo de linhaça em redor do rebaixo da madeira para almofadar e selarem esses vidros.

A massa de vidraceiro só deve ser aplicada sobre madeira que já foi pincelada com óleo de linhaça e que recebeu um primário à base de óleo, ou que já foi pintada. O vidro é, depois, comprimido no seu alojamento e os suportes metálicos são cravados na madeira em redor do perímetro desse vidro.

Para se completar a selagem, a massa de vidraceiro, ou de óleo, final é aplicada em chanfre. A janela pode ser acabada conforme desejado pelo interior, e pintada pelo exterior, logo que se forme uma “pele” sobre a massa, geralmente após 2 ou 3 dias. Para se obter uma selagem perfeita contra os elementos climatéricos, a pintura exterior deve recobrir a massa de vidraceiro ou de óleo chanfrada e sobrepor ligeiramente o vidro.

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Depois de passado o tempo de cura adequado para a tinta e para a massa, a janela fica pronta para ser reinstalada.

Enquanto a janela estiver fora da moldura, pode ser avaliada a condição da madeira das ombreiras e do peitoril. A reparação e o acabamento da moldura podem ser feitos simultaneamente com as reparações da folha de janela, retirando-se vantagem dos tempos de cura da tinta e da massa usadas na janela.

Uma das espécies de trabalho mais habituais é a substituição dos cabos de suspensão por novos cabos em corda ou por correntes. O alojamento dos contrapesos é, frequentemente, acessível por uma porta que fica na face da moldura por baixo do peitoril, mas se não existir nenhuma porta, pode ser retirado a ornamentação da face inferior para se ter esse acesso.

Os contrapesos podem ser aumentados para se ter uma movimentação da janela mais fácil para as pessoas idosas ou deficientes. Entre as reparações adicionais da moldura e da folha de janela podem estar incluídas a consolidação ou a substituição da madeira degradada. As técnicas para essas reparações são abordadas nas secções seguintes.

As operações que acabamos de analisar resumem os esforços necessários para se restaurar uma janela que tenha uma pequena degradação até à condição de “como nova”. Estas técnicas podem ser aplicadas por qualquer pessoa não qualificada, com um mínimo de treino e de experiência.

Para demonstrar esta abordagem e para a fotografar, um membro da equipa dos Technical Preservation Services reparou uma janela de guilhotina de movimento duplo que tinha estado em serviço durante noventa anos.

A madeira estava estruturalmente saudável mas a janela tinha um painel partido, muitas camadas de tinta, as cordas dos contrapesos partidas e perfis de vedação inadequados e desgastados. O membro da equipa descobriu que a moldura podia ser decapada da tinta e que as folhas de janela podiam ser retiradas com bastante facilidade.

A remoção da tinta, da massa e dos vidros necessitou de cerca de uma hora por cada folha de janela, e a nova colocação dos vidros nas duas folhas foi feita em cerca de uma hora. Os perfis de vedação das folhas e da moldura, a substituição dos cabos de suspensão e a reinstalação das folhas, do perfil de separação e dos batentes necessitaram de uma hora e meia.

Estes tempos referem-se apenas às operações individuais; o processo inteiro demorou diversos dias por causa dos tempos de secagem e de cura para a massa, para o primário e para a tinta, no entanto, podia-se ter trabalhado noutras unidades de janela aproveitando-se estes tempos de espera.

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