Os buracos e as fendas que penetram mais profundamente, ou que atravessam a espessura da parede, necessitam serem tratados de forma diferente, garantido-se que a reparação se dirige aos defeitos estruturais e às cargas excessivas.
É mais do que provável ser necessário, para a sobrevivência das paredes em terra, um suporte estrutural provisório.
Deve-se verificar se o embasamento está em condição saudável, e repará-lo, se necessário, tendo o cuidado de se evitar o uso de argamassas de cimento Portland no assentamento, no refechamento das juntas e no reboco.
Onde tiverem que ser reconstruídas partes de paredes, é geralmente possível fazê-lo reutilizando-se o material original, desde que este não tenha ficado contaminado.
Quando se tem reconstruído secções de parede, tem-se conseguido sucesso aplicando-se ligadores em madeira “hardwood”, para resistirem ao corte, alojadas metade no existente e metade no trabalho novo.
A lacuna que aparece a seguir à secagem é posteriormente preenchida com material a condizer.
Outra abordagem consiste na utilização de uma argamassa muito mais seca, conforme foi descrito para a reparação de buracos, que é compactada em camadas finas entre taipais, à maneira do “Pise de terre”. Se os materiais diferirem substancialmente do original nas suas características físicas, é quase inevitável que apareçam algumas tensões na interface entre eles.
Mais uma vez, é questão de se usar da sabedoria apropriada para se pesarem as opções e para se decidir qual a solução que mais provavelmente irá resultar num mínimo de problemas subsequentes.
Outra alternativa é usarem-se blocos que se pré-fabricam a partir do material original ou de um substituto o mais aproximado possível. Costuma ser apropriada uma argamassa constituída por subsolo crivado, areia grossa e cal.
Alguns conservacionistas das edificações podem-se sentir desconfortáveis com esta abordagem, acreditando que a nova parede resultante é fundamentalmente diferente da original, não possuindo, assim, as mesmas características monolíticas e homogéneas.
Também pode haver a tentação de se comprarem blocos fabricados por um fornecedor localizado numa região diferente, que emprega material obtido numa zona geológica diferente.
Ainda assim, o emprego de blocos oferece a grande vantagem de reduzir a retracção por secagem durante o presente processo de construção, e de acelerar o trabalho in-situ.
Esta técnica já tem sido usada extensivamente, sendo a English Heritage e o British Trust duas das entidades que o têm feito.
Quando se tratam fendas profundas ou que atravessam a parede, têm sido experimentadas uma grande quantidade de técnicas. Alguns dos textos recomendados no final deste artigo ilustram diversos tipos de remendos.
Deve-se referir que os métodos de remendo servem simplesmente como meios para se reinstalar a natureza homogénea da parede, proporcionando uma base para os revestimentos onde estes sejam necessários, reduzindo-se assim o risco de subsequentes deteriorações rápidas.
Eles não podem ser encarados como melhoramentos das qualidades estruturais da parede que lhe permitam resistir a cargas laterais surgidas em consequência de anteriores alteraçõe estruturais inadequadas.
Essas cargas inadequadas devem ser tratadas como parte de uma reparação global.
Tal como em muitos aspectos da reparação de paredes em terra, esta é uma área que está sob contínuo melhoramento, e as abordagens apresentadas não devem ser encaradas, necessariamente, como as únicas ou as ideais para serem aplicadas.
Um método, antigamente recomendado, envolvia a inserção de ladrilhos finos de argila nas paredes existentes como forma de proporcionarem ligação e ajudarem a espalhar regularmente a retracção consequente da secagem do material in-situ aplicado em seu redor.
Ao escolher-se tal método, temos que estar seguros de que a parede existente está em condições de acomodar a acção intrusiva que consiste em se recortarem os alojamentos onde os ladrilhos vão ser inseridos.
Embora as tocas de ratos estejam vulgarmente associadas aos edifícios anexos às quintas, elas são por vezes encontradas nas paredes das habitações.
A sua extensão tem que ser avaliada, uma vez que essas tocas são extensas e a estabilidade estrutural da parede pode estar sob ameaça, por vezes exacerbada por uma excessiva humidade na sua base.
A menos que estejam disponíveis técnicas de investigação como a imagigrafia térmica, os próprios métodos de inspecção são bastante intrusivos, pelo que é necessário o máximo cuidado durante esta operação.
Se houver alguma dúvida sobre a integridade estrutural da parede, podem ser necessários suportes temporários. Uma vez que a extensão das tocas esteja estabelecida e as cavidades libertas do material solto, pode-se iniciar o trabalho de reparação.
Têm sido usadas diversas técnicas. Têm sido usadas com sucesso injecções de argamassa, quando os danos estão confinados apenas a alguns túneis pouco profundos na parede.
O próprio material escolhido vai ter que ser baseado, provavelmente, num ensaio por tentativas e erros. Embora uma argamassa de injecção de cal hidráulica/ areia fina tenha dado sucesso nalgumas circunstâncias, noutras foi menos satisfatória.
Outra argamassa, empregando cal em pasta e agregados adequados, tem sido usada com sucesso nalgumas regiões.
Têm sido usados tijolos partidos com uma argamassa fraca de cal em casos onde existe aceso franco à superfície.
Em primeiro lugar, as cavidades são limpas do material solto e as suas superfícies bem molhadas. Onde os caminhos dos ratos ocuparem uma elevada percentagem em planta da parede, é provável que seja necessário escorar-se essa parede mais acima e reconstruir-se a parte inferior, usando-se blocos de terra reconstituída, e executando-se uma curta secção de cada vez.
Alterações
Se for necessário alterar-se ou acrescentar-se uma habitação em terra, é necessário muito cuidado para se garantir que o projecto proposto não irá causar efeitos prejudiciais sobre a fábrica original.
A natureza das paredes em terra in-situ portadoras de carga é tal que necessita de uma generosa área transversal para transferirem as cargas até ao terreno.
Mesmo assim, muitas vezes os projectistas tratam delas como fariam com uma construção moderna com paredes de caixa-de-ar.
Em qualquer projecto de alterações deve ser objectivo principal minimizarem-se as perdas de fábrica original.