Apontamentos Os humidímetros eléctricos

Os humidímetros eléctricos

Conforme o tipo de humidímetro em causa, os humidímetros eléctricos podem medir as alterações na resistência eléctrica, na condutividade, etc., do substrato.

Em mais de 99 % dos casos, esta alteração é provocada pela água e/ou por certos sais.

Os substratos limpos e descontaminados, electricamente  condutores, são bastante raros, e o papel folheado a metal é facilmente identificado, pelo que, obviamente, se estiver presente, ele será a principal causa dos próprios problemas de humidade.  

No que respeita aos sais, os sais eflorescentes isoladamente não provocam uma resposta nos humidímetros eléctricos; os sais higroscópicos fazem-no!

Novamente, em mais de 90 % dos casos, os  sais higroscópicos nos materiais de construção são transportados pela humidade ascendente durante longos períodos de tempo e, eventualmente, em redor das fugas das chaminés, pela queima de combustíveis fósseis; nalguns poucos casos, eles podem ser provenientes de outras origens. 

Basicamente, as argamassas limpas e secas, os estuques, os tijolos, etc., não provocam uma resposta nos humidímetros eléctricos.

No entanto, os níveis muito baixos de humidade livre nalguns materiais, ou seja 0,1 a 0,2 % de água livre num estuque de cal permeável, por exemplo, podem provocar leituras de humidade muito elevadas, tal como o podem fazer muito baixos níveis de contaminação com sais.

Mas, nem a humidade livre, nem os sais deveriam estar presentes – eles devem ter vindo de algum sítio  (lembremo-nos, estamos a falar de diagnóstico, não de tratamento).

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A questão é saber-se a partir de onde  é que tiveram origem a água livre e os sais?  

A utilização adequada e cuidadosa dos humidímetros eléctricos pode-nos orientar, e a experiência demonstrou que se pode esperar mais de 95 % de certeza nos diagnósticos obtidos pela adequada utilização de um humidímetro eléctrico conjugado com o nosso bom senso

Infelizmente, parece que a maioria dos inspectores não compreende como é que um humidímetro eléctrico deve ser usado, e os fabricantes destes ensinam muito pouco sobre a sua utilização.

Para a maioria dos inspectores, o humidímetro é simplesmente apontado contra a superfície da parede logo acima do rodapé, o indicador fica vermelho e, voilá, humidade ascendente!

Não é este, certamente, o uso correcto dos humidímetros eléctricos e usá-los assim vai, seguramente, conduzir a um elevado número de diagnósticos errados!

Da mesma forma, não é válido fazerem-se comparações directas das leituras sobre um material contra as de outro, relativamente ao seu conteúdo em humidade. 

Na maioria dos casos só são feitas medições superficiais, e temos que o encarar, a superfície é do maior interesse, já que é aqui que o problema se manifesta visualmente. Para além disso, com uma  grande excepção, a condensação, o que acontece na superfície reflecte, geralmente, o que se está a passar nas profundezas do substrato.

Portanto, as leituras na superfície tomadas isoladamente, em geral podem não constituir um problema nos meses mais quentes, mas a condensação pode ser um factor a considerar durante o inverno; como factor de interferência, ela tem que ser eliminada durante este período. 

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Felizmente, na maioria dos casos, a condensação superficial está praticamente limitada só à própria superfície, pelo que, removendo-se uns 2 mm exteriores de um eventual acabamento em estuque, os contactos de um humidímetro, do tipo que mede a resistência, podem ser colocados abaixo dessa superfície para uma verificação rápida.

Claro que, se a condensação for um problema, então será necessária uma abordagem diferente para o exame da parede – mas, antes de tudo o mais, o verdadeiro problema pode ser a própria condensação. 

O método correcto para a utilização de um humidímetro eléctrico consiste em se tomarem séries  verticais de leituras, para se obter um padrão vertical dessas leituras – é assim que um humidímetro eléctrico deve ser usado.

É esse padrão de leituras que nos orienta para o diagnóstico. E é aqui que a competência e o discernimento do investigador são necessários para a interpretação desses padrões.

Os “perfis” de medições feitos pelos humidímetros, com as suas possíveis interpretações, já foram objecto de publicação, e devem fazer parte dos conhecimentos básicos dos investigadores de humidade.

As medições isoladas, obtidas pela maioria das peritagens, têm muito pouco valor e aumentam, seguramente, as hipóteses de produção de um diagnóstico errado!

Estes padrões de medições podem ser obtidos muito depressa e, portanto, pode ser avaliada rapidamente uma grande quantidade de áreas.

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