Não existe nenhum método de limpeza da pedra que seja capaz de remover a sujidade de uma pedra sem também afectar, de alguma forma, a própria pedra.
Os métodos abrasivos de limpeza, que trabalham pelo desgaste da camada de sujidade, também resultam, inevitavelmente, nalguma perda de material da própria pedra.
Os métodos químicos de limpeza trabalham pela dissolução das substâncias presentes na camada de sujidade e pela quebra das ligações que agarram a sujidade aos minerais da pedra.
Inevitavelmente, isto resulta nalguma dissolução dos componentes da pedra e, além disso, é altamente improvável que os líquidos aplicados numa pedra porosa sejam completamente removidos depois da limpeza, pelo que podem permanecer alguns resíduos desses químicos de limpeza.
O objectivo da limpeza da pedra é a remoção da sujidade indesejada da fachada de um edifício.
A percepção comum sobre esta sujidade é a de que se trata de uma simples acumulação de poeira sobre a alvenaria.
No entanto, esta “poeira” é uma complexa mistura de materiais que inclui partículas de fuligem, hidrocarbonetos, gesso e outros sais, minerais portadores de ferro, compostos de chumbo, pós minerais, asfalto e borracha proveniente dos pneus dos automóveis (Nord e Tronner, 1993; Nord e Ericsson, 1993).
A camada de sujidade também contém um componente biológico que pode incluir algas, bactérias, fungos e líquenes.
A limpeza da pedra de uma fachada de um edifício que esteja suja pode afectar as suas características como substrato para os organismos, de um grande número de formas.
Se não o fizer de qualquer outra maneira, é provável que a limpeza da pedra afecte o crescimento dos organismos, muito simplesmente, através da remoção da própria sujidade.
A maior parte da sujidade sobre a pedra é de natureza hidrofóbica.
Conforme a sujidade se vai acumulando sobre a pedra, ela reduz gradualmente o acesso da humidade à pedra.
Se a sujidade se acumular a um nível suficiente, ela pode cortar completamente o movimento fluido para dentro e para fora dessa pedra, através da sua face, apesar de a humidade ainda ser capaz de entrar e de sair da pedra na fase de vapor, e de ainda poderem existir internamente alguns movimentos de humidade.
Conforme foi demonstrado, a remoção desta camada hidrofóbica de sujidade, por meio de uma limpeza abrasiva, pode mesmo aumentar grandemente a quantidade de humidade que consegue penetrar numa pedra.
No entanto, MacDonald (1993) descobriu que alguns métodos de limpeza por via química podem aumentar ou diminuir as velocidades de absorção da água (apesar de estes resultados se terem verificado num arenito inicialmente fresco), tornando imprevisíveis os resultados da limpeza, em termos dos seus efeitos sobre as velocidades de absorção da humidade.
É provável que qualquer aumento, na disponibilidade de humidade, aumente a quantidade de crescimentos biológicos e a gama de espécies presentes sobre uma pedra.
O acrescido movimento de fluidos através de uma pedra pode mobilizar um conjunto, previamente estável, de minerais nas camadas exteriores da pedra, alterando a sua adequabilidade para determinados organismos.
A remoção da maioria dos poluentes (por exemplo, dos sulfatos) presentes na sujidade pode permitir que os organismos colonizem a pedra, o que era anteriormente inibido pela toxicidade de certos componentes da camada de sujidade.
Pelo contrário, alguns organismos (por exemplo, bactérias) podiam utilizar anteriormente alguns componentes da sujidade (por exemplo, hidrocarbonetos) como nutrientes.
A remoção de uma camada de sujidade, habitualmente escura, vai aumentar penetração da luz solar abaixo da superfície da pedra, o que, num arenito poroso de cor clara, pode permitir a sua colonização por organismos fotossintéticos até maiores profundidades do que aquelas que eram anteriormente possíveis.
A remoção da sujidade da pedra de um edifício pode, portanto, alterar a composição da comunidade microbiológica sobre a superfície da fachada, com efeitos imprevisíveis, no que respeita à meteorização e à degradação da pedra.
No entanto, não menos importantes são outros efeitos potenciais dos métodos de limpeza sobre a própria pedra, já que estes também podem influenciar os crescimentos biológicos.