Durante o princípio do Renascimento, os antigos fragmentos de obras de arte começaram a ser coleccionados para serem estudados.
Petrarca tinha uma colecção de medalhas. Mantegna dispunha as estátuas no seu jardim. As Famílias importantes florentinas, na sua maioria banqueiros como os Medici tornam–se patrocinadores de arte e arquitectura. Eles tinham colecções de obras de arte, distribuídas no seus palácios e vilas, como símbolos do seu estatuto.
Em Roma, a maior colecção de objectos e os mais antigos objectos Cristãos pertenceram ao Cardeal Pietro Barbo, depois ao Papa Paulo II (1464-71), que construiu o Palazzo Venezia como uma galeria onde expôs essa colecção.
Nos finais do séc. XV, existiam 40 colecções em Roma, mas durante o próximo século elas aumentaram devido ao aumento de construções e escavações. Julius II (1503-1513) nomeou Bramante para construir um jardim na Villa Belveder no Vaticano para seleccionar as estátuas antigas e colocá–las no jardim.
Durante o séc. XVII, foram desbobertos outras obras e os preços subiram para os pequenos coleccionadores.
Nas primeiras colecções, as estátuas antigas mutiladas e os fragmentos arquitectónicos eram normalmente deixadas como tinham sido encontradas e expostas no interior ou no exterior dos palácios.
Já no séc. XV Donatello restaura e completa fragmentos antigos patrocinado pelos Medici para a decoração do seu palácio em Florença.
Lorenzetto e Raphael foram patrocinados pelo Cardeal Andrea Della Valle (1463-1534) para conceber os estábulos e o jardim introduzindo antigas colunas e outros elementos como decoração e completam estátuas com braços mutilados ou pernas.
Está prática permanece como uma moda em Roma. Giorgio Vasari (1511-75), que publica a Vida dos Pintores, Escultores e Arquitectos em 1500 fica muito impressionado com o conceito de restauro e contribui para essa moda com a declaração “(…)’ as Antiguidades restauradas possuem certamente mais graça do que as mutiladas, sem membros e cabeças ‘( …)”. (Jokilehto,1999:67)
O restauro fazia parte da actividade normal de qualquer escultor, e poderia ser usado como teste das capacidades de um artista.
Por esta altura discute-se: o conceito de restauro. A maioria queria completar os fragmentos da obra de arte de maneira a tornarem-se mais aprazíveis e agradáveis; e existiam outros que admiravam a qualidade da obra original em demasia para poder restaurá-la; por um lado preserva-se a estátua no seu estado original, e por outro lado, o restauro da sua forma que poderia ser a original.
Esta questão não era a de “restauro moderno”, mas uma reintegração estética tendo como base uma ideia da forma original.
Várias estátuas monumentais foram restauradas para espaços públicos, como por exemplo, Capitol Hill por Miguel Ângelo que constrói uma estrutura à volta da estátua de Marcus Aurelius.
Enquanto o restauro de estátuas para as colecções continua como um trabalho de rotina para os escultores, torna-se também um tema para debate, particularmente no séc. XVIII.
Desde o princípio, no entanto, as duas atitudes, preservação ou restauro, foram somente teorizadas refletindo-se no tratamento de edifícios antigos.
O revivalismo do Classicismo era baseado no estudo de monumentos clássicos, e possuíam tratados arquitectónicos do séc. XV e XVI.
Este tratados referiam-se a princípios de construções sólidas e duráveis e sua manutenção, e também chamavam a atenção à documentação e protecção dos recursos do Renascimento, os próprios monumentos.
Orfeo Boseli (c. 1600 -?), discípulo de Francis Duquesnoy escreve um tratado sobre as esculturas antigas, apresentando o princípio da pose, proporções e iconografia.
Esta análise era a preparação essencial para uma correcta restauração e admirava restauros feitos por Bernini, Algardi e Duquesnoy.
Raphael Mengs (1728-79) era um teórico do neoclassicismo, prepara um teoria sobre as integrações na escultura, e afirma que existe regras para destinguirmos as partes restauradas da parte original.
Bartolomeo Cavaceppi, publica os seus restauros, e indica quais as partes que foram restauradas e qual era a parte original.
Primeiro, afirma que o restaurador tem de ter um bom conhecimento de história da arte e de mitologia, que se ganha consultando especialistas nessa área.
Segundo, os novos fragmentos devem ser feitos com o mesmo tipo de mármore igual ao da escultura original e respeitando a intenção artística da obra.
Terceiro, aponta que quando adicionamos os fragmentos à obra estes têm que ser reajustados à superfície original.
O objectivo do restauro tinha fins didácticos. Estuda em especial o tratamento das superfícies das estátuas antigas. Afirma que os restauradores queriam suavizar esta superfície, perdendo assim qualquer traço da potencialidade do escultor da antiguidade.
Seguindo a linha de pensamento de Winckelmann, afirmou que antes de recuperarmos ou restaurarmos uma escultura mutilada devemos definir e compreender o seu significado original.
Todos os tratamentos devem ser efectuados de acordo com o material original, e devem ser compatíveis com as intenções do artista da obra.
Por outro lado, reconhece que devemos dar prioridade à admiração da obra de arte original, e consequentemente as restaurações e adições modernas não deverão desviar o observador ou artista no estudo do objecto.
O restauro deverá ser relacionado com o objecto original. Ennio Visconti (1751-1818) sucede a Winckelmann como Comissionário de Antiguidades e Museus em Roma, mais tarde conservador no Louvre em Paris.
As estátuas restauradas na sua oficina eram vendidas a vários museus e colecções particulares. Enquanto que estas reintegrações eram aceites no séc. XIX, posteriormenteestas mudanças na política do tratamento originará por vezes a limpeza da “patina artificial”.
Em muitos casos, esses restauros eram retirados e a estátua original ficava reduzida ao estado fragmentário.