Hans Jonas, partindo da constatação da mudança dos tempos, desde a idade antiga até a idade contemporânea, constacta ao mesmo tempo que, se a ética tradicional, isto é a ética antiga era antropocêntrica e caracterizada, também, da própria relação do homem com a natureza, hoje, na contemporaneidade, é necessária uma outra perspectiva ética. Ou seja, Jonas quer chamar a atenção para a insuficiência dos imperativos éticos tradicionais diante das “novas” dimensões do agir coletivo. A ética tradicional já não tem categorias consensualmente convincentes para sustentar um debate sobre a acção humana com o meio em que nos encontramos. No entanto, é central considerar a emergência de uma ética que garanta a existência humana e de todas as formas de vida existentes na biosfera. Jonas propõe o Princípio Responsabilidade, como sendo um princípio ético para a civilização tecnológica. Nesse sentido, O Princípio Responsabilidade, além de ser considerado um princípio ético, proporciona uma perspectiva de diálogo crítico em plena era tecnológica.
Jonas entende que, “sob o signo da tecnologia, a ética tem a ver com acções de um alcance causal que carece de precedentes (…). Tudo isso coloca a responsabilidade no centro da ética” (JONAS, l995: 16-17).
Por isso, Hans Jonas formulou um novo e característico imperativo categórico, relacionado a um novo tipo de acção humana: “Age de tal forma que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica sobre a terra” (JONAS, 1995: 40).
O imperativo proposto por Hans Jonas é de ordem racional para um agir coletivo como um bem público e não individual. Para Jonas, não devemos ver a destruição física da humanidade como sendo algo mais catastrófico. Se chegamos a esse ponto é porque houve uma morte essencial, uma grande desconstrução e crise do ser com o meio. Esta sim seria a maior destruição. “Não se trata só da sorte da sobrevivência do homem, mas do conceito que dele possuímos, não só de sua sobrevivência física, mas da integridade de sua essência” (JONAS, 1995: 16). Hans Jonas determinou o Princípio Responsabilidade como sendo uma ética em que o mundo animal, vegetal, mineral, biosfera e estratosfera passam a fazer parte da esfera da responsabilidade.
A reflexão sobre a incerteza da vida futura é resultante de um equívoco cometido ao isolar o ser humano do restante da natureza (sendo o homem a própria Natureza). Somente uma ética fundamentada na magnitude do ser, poderia ter um significado real e verdadeiro das coisas em si. Segundo Hans Jonas para “Ser é necessário existir, e para existir é necessário viver e ter deveres, porém, (…) somente uma ética fundada na amplitude do ser pode ter significado” (JONAS, 1995:17). Desta forma, entendemos que somos seres com capacidades de entendimento, tendo liberdade para agir com responsabilidade frente aos nossos actos. “O mais importante que devemos reconhecer é a realidade transformadora do homem e seu trato com o mundo, incluindo a ameaça de sua existência futura” (JONAS, 1995: 349).
Ora, a questão de ética de responsabilidade em Jonas, como podemos notar, não se restringe, simplesmente ao contexto das organizações, das empresas e das instituições educativas, coloca-se, isso sim, a nível de toda humanidade. Todo o homem, deve pautar por uma ética de responsabilidade social, mediante a própria sociedade, a vida na terra, a natureza. Nesse sentido, todas as áreas de actuação humana, educacional, política, tecnológica, económica, empresarial, medicinal, etc, devem resguardar um princípio de ética de responsabilidade. A ética de responsabilidade em si, explícita por um princípio de responsabilidade em Hans Jonas, torna-se em si mesma, uma responsabilidade social que cada uma dessas áreas e o homem, em sua individualidade, têm em relação a sociedade e humanidade em geral. Primeiro para o resguarde da vida actual na terra, e segundo para o que o desenvolvimento humano tenha em conta a vida futura.