Apontamentos O neo-evolucionismo

O neo-evolucionismo

Na década de 1930, diz Eriksen e Nielsen (2007) e depois do domínio completo de Franz Boas na antropologia norte-americana, Leslie A. White (1900-1975) posicionou-se contra o particularismo boasiano defendendo a abordagem evolucionista, embora com uma nova roupagem. Acusado de neo-evolucionista, White defendeu-se dizendo que as suas teorias pouco tinham que ver com o evolucionismo do século XIX.

Segundo ele, a cultura estava ao serviço da domesticação e captura de energia.

Para exprimir isso, avançou com a sua lei básica de evolução cultural, a qual afirmava que mantendo todos os outros factores constantes uma sociedade evoluiria de acordo como o aumento da quantidade anual de energia per capita, ou então de acordo com os melhoramentos tecnológicos que permitissem aproveitar melhor a quantidade de energia já existente (White 1949).

A teoria de White (1949) segundo Eriksen e Nielsen (2007) foi criticada por dar ênfase quase absoluta aos factores tecnológicos e aos elementos materiais dos sistemas culturais.

Um dos principais problemas da sua teoria é que ela não explica porque é que umas sociedades foram capazes de domesticar e aproveitar mais energia do que outras, nem explica porque é que determinadas sociedades tendo sido capazes de aproveitar quantidades enormes de energia vieram posteriormente a ruir e desaparecer, como no caso das sociedades clássicas do Médio Oriente e da América Central e do Sul.

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Diz Gonçalves (2002) que portanto tentou conciliar as teorias dos seus antecessores desenvolvendo as ideias de evolução específica, a qual se refere ao processo de evolução cultural característico de cada sociedade no seu ecossistema particular, e de evolução geral, que se refere à maneira como a humanidade evolui na generalidade, isto é, passando de formas de aproveitamento de energia menos complexas para outras mais complexas.

Para Peirano (1995), Caldeira (1998) e Gonçalves (2002) a grande diferença entre evolucionismo clássico e o neo-evolucionismo é que este procura relacionar mudança evolutiva com a emergência de formas de adaptação ecológica mais eficientes.

De acordo com Eriksen e Nielsen (2007) a evolução depende assim essencialmente da tecnologia de aproveitamento e manuseamento da energia.

Enquanto para os evolucionistas do século XIX o “progresso” das “civilizações” dependia essencialmente do desenvolvimento da mente humana, sendo sobretudo uma questão cultural e não técnica ou natural.

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