Apontamentos Linhas de Orientação para a reparação completa da janelas em madeira

Linhas de Orientação para a reparação completa da janelas em madeira

Identificação das causas da degradação

1. A pintura de uma janela que necessita de uma reparação completa está estalada, torna-se solta e a massa desprende-se, estala e cai.

Diagnostica-se podridão húmida e é necessária uma reparação de marcenaria, a ferragem está enferrujada e solta, as folgas e as tolerâncias são inadequadas e diferentes entre si.

2. Quando é necessário desmantelar-se uma janela, como parte do seu processo de reparação, o marceneiro tem que marcar e registar as partes constituintes, ou seja, os caixilhos e as ferragens, antes de a desmantelar. Além disso, as cavilhas e os esquadros, bem como as outras ferragens internas, apenas são retirados se estiverem soltos, partidos ou muito ferrugentos.

3. O marceneiro monta uma “janela” provisória feita de plástico.

4. O marceneiro leva os caixilhos ao pintor e a ferragem ao ferreiro.

5. As áreas soltas e defeituosas das camadas espessas de tinta são removidas pelo pintor (de acordo com o projectista). Por vezes, é necessária uma decapagem completa da janela (com microondas, decapador de ar quente, óleo de linhaça quente, banho em sal alcalino, etc.).

6. Se for necessário removerem-se os vidros para a reparação da madeira, o vidraceiro retira esses vidros com um maçarico para massa (aquecedor de infravermelhos) ou num forno de microondas. Os vidros são cuidadosamente numerados. Para além disso, a massa é removida onde estiver estalada – mas não os vidros. Em alternativa, são retirados todos os vidros.

7. O pintor aplica um primário completo nos caixilhos, inclusive nas áreas cobertas com tinta velha.

8. O pintor leva os caixilhos ao marceneiro.

9. O marceneiro impregna e estabiliza as áreas amolecidas na superfície da madeira, lascas soltas, lacunas, etc., com óleo de linhaça em bruto (2 a 3 vezes) mais betume para madeira, ou com um preservador químico à base de óleo. Este tratamento deve endurecer completamente antes que possa ser executado o restante tratamento da madeira.

Quando o marceneiro tem que remover madeira degradada para formar uma emenda ou uma junta de reparação, e aplica massas na madeira, deve-o fazer em consonância com o projectista e de acordo com as seguintes linhas de orientação:

Aplicação de uma “borracha” (pingadeira) nova

A “borracha” pode ser colada e aparafusada ao caixilho, ou pode ser colada e emalhetada. Devem-se evitar as pendentes para o interior.

Aplicação de um novo troço de ombreira ou de couceira

O corte inclinado deve ter 45º de pendente para o exterior. O trabalho de reparação exige que a travessa inferior seja retirada e, eventualmente, substituída.

10. A emenda é colada com uma cola à prova de água e tornada mais estável com uma cavilha de madeira também colada.

a) Deve ser retirada apenas uma quantidade mínima de madeira saudável.
b) A madeira nova deve condizer com a existente o melhor possível.
c) As juntas e ligações devem ser formadas.
d) Os remendos de reparação devem ser colados com uma cola à prova de água.
e) Os moldados originais e as juntas não coladas dos caixilhos e dos aros devem ser exactamente copiados.
f) Todos os furos de parafusos e de cavilhas devem ser perfurados com maior diâmetro e deve ser introduzida no seu interior uma cavilha colada, feita de madeira igual.

11. Todos os furos de parafusos e de cavilhas devem ser perfurados com maior diâmetro e deve ser introduzido no seu interior uma cavilha colada, feita de madeira igual.

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12. O marceneiro aplica um primário em todos os caixilhos decapados, com tinta de óleo de linhaça, consistindo em verniz de óleo de linhaça e 85 % de branco de titânio mais 15 % de branco de zinco (70 % de pigmento seco e 30 % de óleo). A tinta deve ser aplicada a pincel, em demãos o mais finas possível.

13. O marceneiro leva os caixilhos das janelas para a obra.

14. A ferragem é levada ao ferreiro, que lhe retira a tinta por aquecimento dessa ferragem numa forja ou com um maçarico de gás. A tinta e a ferrugem são retiradas com uma escova de arame.

15. O ferreiro repara as ferragens da seguinte forma:

a) Preenchendo as áreas corroídas com um eléctrodo para soldadura, e depois desse preenchimento estar completo, aquece na forja todas as áreas reparadas e trabalha as eventuais soldaduras com um martelo.
b) Solda novos topos, arestas ou cantos por soldadura eléctrica, e depois da soldadura estar completa, aquece na forja todas as áreas reparadas e trabalha as eventuais soldaduras com um martelo.
c) Fabrica novas ferragens de acordo com as originais, usando métodos de forja tradicionais.

São limadas as arestas vivas. Todos os furos têm que ser punçoados.

16. As ferragens da janela recebem uma protecção contra a ferrugem por revestimento com óleo de linhaça e tinta de óleo de linhaça, ou por electrogalvanização ou tratamento anódico. Não se pintam as ferragens com tinta de emulsão ou outras tintas à base de água.

17. Se as ferragens estiverem pregadas com pregos forjados à mão, o ferreiro terá que fazer alguns.

18. O ferreiro traz as ferragens numeradas para o local da obra.

19. Todos os vidros partidos ou inexistentes são substituídos por vidros antigos ou por “vidro para estufas”.

20. Paralelamente com os processos acima mencionados, o pintor remove toda a tinta solta nos aros e aplica-lhes uma impregnação com óleo de linhaça em bruto e fungicidas. Todos os topos e batentes, etc. são decapados.

21. Em todas as áreas pequenas em que se reconheça a presença de podridão húmida, pelo amolecimento e pela descoloração da madeira, o marceneiro impregna esta com óleo de linhaça em bruto (2 a 3 vezes), seguido por betume para madeira ou por um imunizador químico à base de óleo. Este tratamento deve estar completamente seco antes de se lhe seguir mais algum outro tratamento.

22. O marceneiro repara todas as áreas de dimensões consideráveis com podridão húmida, de acordo com o anterior desenho n.o 2. Os planos horizontais devem ficar com uma adequada pendente para o exterior. Todas as folgas são aplainadas.

23. O marceneiro aplica uma demão de isolamento em todos os encaixes decapados e nós.

24. O marceneiro aplica um primário nas áreas decapadas dos caixilhos, com uma tinta de óleo de linhaça consistindo em verniz de óleo de linhaça com 85 % de branco de titânio mais 15 % de branco de zinco (pigmento secos 70% e 30% de óleo). Esta tinta deve ser aplicada com um pincel, em demãos tão finas quanto possível.

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25. O marceneiro coloca os caixilhos das janelas nos respectivos vãos, com pequenos pedaços de madeira indicando as tolerâncias (2 mm no topo e nos lados, e 3 a 4 mm no fundo).

26. O marceneiro coloca escoras nos caixilhos, por forma a evitar que se verifiquem empenos ou alterações nas tolerâncias durante os processos seguintes.

27. O marceneiro monta as ferragens exteriores (esquadros e dobradiças) com pregos, parafusos ocultos e outros, todos forjados à mão. Quando montar ferragens que fiquem ocas por trás, os vazios devem ser preenchidos com massa de óleo de linhaça antes dessa montagem. O protector contra a corrosão que foi aplicado nas ferragens, não deve ser arranhado durante a montagem.

28. São montados, seguidamente, os vedantes e ajustados os grampos e fechos por forma a que os caixilhos e os aros fiquem acertados.

29. Os caixilhos são cuidadosamente levados para a oficina, onde se procede ao assentamento, pelo vidraceiro, dos vidros com massa de óleo de linhaça. Os vidros são assentes em massa por dentro, e montados com preguinhos de latão ou com preguinhos inoxidáveis “Glazier’s Point”, com a ajuda de uma pistola de pregar.

30. Seguidamente, o pintor passa os caixilhos à lixa, remove o pó e aplica uma segunda demão em todas as superfícies, para além da nova massa e das novas ferragens, com uma tinta de riqueza média à base de óleo de linhaça (a mesma tinta de óleo de linhaça usada como primário, mas adicionada com mais cerca de 10 % de verniz de óleo linhaça).

Esta tinta deve ser aplicada com um pincel, em demãos tão finas quanto possível. As pinceladas devem ser paralelas aos veios da madeira que está a ser pintada. Os caixilhos podem ser pintados quer na oficina, quer na obra.

31. O pintor lixa ligeiramente os aros e os peitoris, em todas as suas superfícies, para evitar as irregularidades da antiga pintura, remove o pó e aplica a demão de acabamento nos aros e nos peitoris com uma tinta rica à base de óleo de linhaça. A tinta é aplicada com um pincel e as pinceladas são paralelas aos veios da madeira. Deve-se ter cuidado para que a tinta não escorra, não forme marcas de pingos ou outras irregularidades nas superfícies.

32. A madeira nova, que for usada nas reparações, deve cumprir com as seguintes 5 condições:

1. A madeira deve ser 100 % de cerne, sem nenhum borne, e deve-lhe ser cortado o “pé”, que consiste nos 2 mm inferiores da peça.

2. A madeira deve ter o grão fechado. Devem existir entre 8 a 10 grãos por centímetro.

Densidade: 0,500 a 0,650 gr/cm3 (a 15 % de Humidade na Madeira).

3. A madeira não deve ser seca em estufa, mas sim ao ar num túnel de secagem durante, pelo menos, 2 anos e, eventualmente, climatizada na oficina durante um ano.

4. A humidade da madeira não deve ser superior a 15 – 18 %. Como pode ser muito difícil encontrar-se madeira de pinho desta qualidade, podemos ser tentados a aproveitarmos diferentes tipos de madeira provenientes de edifícios antigos. A madeira proveniente de soalhos antigos e de vigas pode ser pinho da Pomerânia (N.T. – espécie de “pitch-pine”), mas este não é finamente estruturado o suficiente para a fabricação de janelas.

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