A informação mais geral que habitualmente é possível obter sobre os pigmentos utilizados numa pintura é precisamente a relação destes mesmos pigmentos, a qual pode ser obtida de diversas formas.
A observação directa da obra, a olho nú, através de alguns parâmetros como o tom ou a transparência de determinada zona, pode dar algumas indicações, a um observador treinado, acerca de alguns dos pigmentos usados, particularmente daqueles que apresentam propriedades ópticas mais características.
De semelhante forma, a interpretação da informação laboratorial obtida com outros objectivos, designadamente a radiografia realizada com a intenção de mostrar determinadas estruturas não superficiais da pintura, em situações favoráveis, pode igualmente sugerir a presença de alguns pigmentos na obra, especialmente daqueles que são constituídos por elementos químicos com elevado número atómico. Por exemplo, no Auto-Retrato de Mário Eloy provavelmente executado em 1932, a coincidência das zonas mais claras da pintura, ou seja onde foi utilizada uma maior quantidade de pigmento branco, com as zonas mais claras da respectiva radiografia, traduzindo portanto uma maior opacidade aos raios X, sugere a utilização do branco de chumbo – o único pigmento branco opaco com generalizada utilização que contém um elemento pesado na sua composição (o chumbo), um dos factores de que depende a opacidade aos raios X. Esta interpretação, contudo, pressupõe que a espessura da matéria cromática nas zonas claras da pintura não é muito superior à das restantes zonas, pois uma maior espessura traduz-se também por uma maior opacidade aos raios X.
Para uma identificação completa e segura, porém, é indispensável a utilização de recursos laboratoriais específicos.