As invasões bárbaras
Para lá das fronteiras do Império Romano, viviam diversos povos que por serem estranhos à civilização romana (não falavam o latim e nem possuíam costumes romanos), eram designados por bárbaros. De entre estes destacavam-se os povos germânicos.
Os povos germânicos dividiam-se em numerosas tribos e receberam esse nome por habitarem a região da Germânia, que era uma região da Europa localizada além dos limites do Império Romano, mais precisamente entre os rios Reno, Vístula e Danúbio e os mares Báltico e do Norte. Eram seminómadas, viviam em aldeias de cabanas e dedicavam-se à agricultura e à pastorícia.
A riqueza do Império romano e as extensas pastagens do Sul da Europa, desde cedo atraíram estes povos. A partir do século II, começaram a penetrar pacificamente no território romano, através de acordos com o próprio governo de Roma. Instalaram em áreas desocupadas. Alguns foram mesmo sendo integrados nos exércitos romanos.
Por volta do século V, as migrações dos bárbaros assumiram formas brutais e ganharam dimensões de verdadeiras invasões. Em 406, Suevos, Vândalos e Alanos cruzaram o Reno, saquearam a Gália e, no ano 409, instalaram-se na Península Ibérica. Por sua vez, Anglos, Jutos e Saxões passaram para as ilhas Britânicas; os Burgúndios ocupam o sueste da Gália e os Francos fixaram-se também na Gália, mas na parte norte. Os visigodos saquearam Roma no ano 410 e, depois, encaminharam-se para a Gália e Península Ibérica.
No ano 476, ocorreu um acontecimento decisivo: Odoacro depôs o último imperador romano, Rômulo Augústulo. Foi o fim do Império Romano do Ocidente e o nascimento da Idade Média.
A formação dos reinos bárbaros
Nos finais do século V, os Germanos conquistaram grandes territórios e formaram diversos reinos no interior do antigo Império, agora desmembrado. Os reinos germânicos mais importantes foram:
- Reinos dos Visigodos: situado na península ibérica, era o mais antigo e extenso. Os visigodos ocupavam estrategicamente a ligação entre o Mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, que lhes permitia a supremacia comercial entre a Europa continental e insular.
- Reino dos Ostrogodos: localizam-se na península Itálica. Os ostrogodos se esforçaram para salvanguardar o patrimônio artistico-cultural de Roma. Restauraram vários monumentos, para manter viva a memória romana. Conservaram a organização político-administrativa imperial, o Senado, os funcionários públicos romanos e os militares godos.
- Reino do Vândalos: o povo vândalo atravessou a Europa e fixou-se no norte da África. Nesse reino houve perseguição aos cristãos, cujo resultado foi a migração em massa para outros reinos, provocando falta de trabalhadores, e uma diminuição da produção.
- Reino dos Suevos: surgiu a oeste da península Ibérica e os suevos viviam da pesca e da agricultura. No final do século VI, o reino foi absorvido pelos visigodos, que passaram a dominar toda península.
- Reino dos Borgúndios: os borgúndios migraram da Escandináva, dominaram o vale do Ródano até Avinhão, onde fundaram o seu reino. Em meados do século VI, os borgúndios foram dominados pelos francos.
Entre vencedores (Germanos) e vencidos (Romanos), as diferenças culturais (língua, direito, costumes) e religiosas eram bastante acentuadas. No entanto, os Germanos acabariam por se deixar influenciar profundamente pela cultura e pelas instituições romanas e cristãs:
- Os reis bárbaros rodeavam-se, muitas vezes, de conselheiros romanos, que os auxiliavam na administração;
- O direito romano continuou a ser aplicado, na administração da justiça aos cidadãos romanos;
- O latim continua a ser utilizado como língua oficial;
- O Cristianismo vai-se tornando progressivamente a religião oficial de diversos reinos.
Da fusão dos elementos germânicos, romano e cristão surgiu uma nova civilização: a civilização europeia ocidental. Com a constituição dos reinos bárbaros, começaram assim a desenhar-se as raízes da Europa. Os alicerces da Europa como conjunto de Estados independentes acabavam de se constituir. Surgiu um novo mapa político da Europa.