Literatura cabo-verdiana e afirmação da cultura cabo-verdiana

Literatura cabo-verdiana e afirmação da cultura cabo-verdiana

Literatura cabo-verdiana e afirmação da cultura cabo-verdiana: o papel dos escritores cabo-verdianos na construção da identidade cabo-verdiana

A afirmação da identidade cultural cabo-verdiana está intimamente ligada à sua história literária. A literatura serviu como base de afirmação, arma de combate e realização simbólica da cabo-verdianidade, em diferentes momentos de afirmação. A identidade crioula construiu-se e veiculou-se pela literatura. Os escritores cabo-verdianos utilizaram os textos literários para transmitirem aos seus irmãos e aos estrangeiros a sua ideia de identidade cultural e nacional.

Segundo Brito Semedo, o processo da construção da identidade cabo-verdiana está associado às características sociais e políticas diferentes, e divide-se em três fases distintas: 1ª) Fase do sentimento nativista, que vai desde 1856 a 1932; 2ª) Fase da consciência regionalista, de 1932 a 1958; 3ª) Fase da afirmação nacionalista, desde 1958 até 1975.

1º) Fase do sentimento nativista (1856 a 1932)

O termo nativismo é entendido como movimento de luta a favor dos interesses e manifestações culturais por parte dos povos colonizados e da defesa da sua terra de origem.

O Nativismo e a geração da elite cabo-verdiana que o representa, defende os direitos dos filhos da terra, alegando a autonomia do arquipélago. Apelando à união dos ditos filhos da terra, o objectivo principal consiste na luta pela igualdade em relação aos da metrópole, de modo a serem reconhecidos e considerados como portugueses plenos, sem contudo abrirem mão da Matria (África). A valorização do espaço geográfico e humano das ilhas e da sua cultura, também foi outro aspecto defendido pelos nativistas.

A defesa da cultura nacional, e, consequentemente, da identidade cabo-verdiana e o desejo de que o arquipélago de Cabo Verde fosse reconhecido como uma região portuguesa, reivindicando a cidadania portuguesa para os nativos do arquipélago, marcou o pensamento dos Nativistas. Através de publicações literárias, evidenciaram a sua ideia de identidade, que se manifestava num duplo sentido: defendiam Cabo Verde com as suas especificidades e ao mesmo tempo identificavam-se como portugueses. Assumiram, portanto, uma dupla identidade: cabo-verdianos e portugueses, em simultâneo. Por causa dessa dualidade, ficaram conhecidos como “a geração dos portugueses de lei e cabo-verdianos de alma”.

Apesar dessa identificação com a pátria portuguesa, os nativistas tentaram evidenciar uma identidade crioula através de mitos que explicavam a origem de Cabo Verde. Assim, destaca-se o mito hesperitano ou arsinário, que constituiu uma fantasia imaginária de alguns intelectuais cabo-verdianos numa tentativa de defender uma identidade para Cabo Verde, ou seja, uma identidade distinta, específica e singular em relação à Pátria-Portugal.

Nota: o sentimento nativista é também designado de crioulidade, definida como a coexistência de características patrióticas a dois territórios, a duas sociedades, a duas culturas.

Pátria do meu coração,                                                          Portugal! Pátria caríssima!

Onde a luz primeira vi,                                                          A ti, pois, as minhas trovas,

Seja o meu canto por ti                                                         Sentidas e ardentes provas

Na hora triste da Saudade                                                    De filial afeição!

……………………………….                                             Salvé, pois, Pátria Lendária

Terra amada dos meus Paes,                                                 A que voto amor profundo!

A terra dos meus encantos                                                    Tu és, das nações do mundo,

E terra de todos quantos                                                       A mais ilustre nação!…

Te amam do coração.                                                                                  José Lopes (1933)

                                António Corsino Lopes (1911)

Das vastas extensões assim submersas                                Nome mudado em Caboverdeanas

Então ficaram essas nossas ilhas                                         Desde que as lusas velas legendárias,

E as outras suas célebres irmãs,                                           Zombando das procelas, dos perigos,

Como elas, pelo Atlântico dispersas.                                   Davam o nome Verde ao mesmo cabo

As Hespérides, de Héspero e as três filhas.                          Que assim perdia o que lhe déra Strabo.

Por essa mesma tradição,                                                      ………………………………………….

Deram o nome às nossas, como razão                                  É esta, pois, Irmãos Caboverdeanos!

Chamadas, pois, Ilhas Hesperitanas.                                    A história original da nossa terra,

Também de denominam Arsinárias                                      Que esse segredo do Passado encerra…

Pelo cabo Arsinário dos Antigos,                                                                                     José Lopes, 1933

Resumo:

Principais ideias:

  • Igualdade de direitos entre os filhos da terra e os cidadãos metropolitanos;
  • Reconhecimento da cidadania portuguesa à todos os cabo-verdianos;
  • Ideia de uma dupla filiação identitária (“portugueses de lei e cabo-verdianos de alma”);
  • Autonomia do arquipélago de Cabo Verde;
  • Valorização da língua, das especificidades geográficas e históricas de Cavo Verde, face à metrópole.

 Escritores representantes:

Eugénio Tavares; José Lopes, Pedro Cardoso, Luís Loff de Vasconcellos, etc.

 Críticas e contributos:

Com os nativistas houve um despertar da consciência identitária, mas uma noção de identidade ainda ambígua, confusa e sem maturação. Tiveram uma ideia equivocada (isto é, enganaram-se), ao se considerarem portugueses e cabo-verdianos ao mesmo tempo e defenderem a igualdade entre os naturais das ilhas e os portugueses. Não perceberam que no sistema colonial, não há relação de igualdade entre o colonizador e o colonizado. Além disso, não tiveram noção da diferença existente entre Cabo Verde e Portugal e por falta dessa diferenciação (importante para construir a ideia de identidade) não tiveram consciência clara da sua identidade. Enfim, caíram numa grande contradição.

2ª) Fase da consciência regionalista (1932 a 1958)

A partir dos anos trinta do século XX, surge uma nova geração de intelectuais, que ficou conhecida pela geração dos Claridosos, por terem fundado a revista Claridade em 1936, no Mindelo em São Vicente. O grupo era constituído por Baltazar Lopes da Silva, Jorge Barbosa e Manuel Lopes, entre outros.

Os Claridosos da década de trinta e quarenta fincam os pés na terra cabo-verdiana e revelam o estado de abandono a que as ilhas estavam votadas. Esse fincar dos pés na terra é feito com base na valorização da terra-mãe, do povo das ilhas e da sua cultura. As temáticas desses intelectuais repercutiam as angústias do povo cabo-verdiano, principalmente as longas secas, subsequentes fomes, mortes e extrema miséria que assolavam o arquipélago. Isso incitou a nova geração a defender esse povo, com o pressuposto de afirmar a identidade cabo-verdiana e, por consequência, a sua autonomia.

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Os Claridosos, apesar de defenderem as particularidades do arquipélago de Cabo Verde, consideravam-no como uma região de Portugal como Minho ou Algarve e defendiam o predomínio de elementos culturais europeus na formação do povo cabo-verdiano. Por conseguinte, acabaram por elaborar uma noção de identidade, que se configurava e coexistia com a identificação do Estado nacional português, e difundia a ideologia assimilacionista e regionalista.

Essa ideia regionalista sustentava que Cabo Verde, à semelhança de qualquer região de Portugal, também apresentava características essenciais da cultura metropolitana, ou seja, assim como Algarve e outras regiões de Portugal. Cabo Verde também é, desse todo português, que partilha traços culturais fortes com a metrópole. Assim, a consciência identitária defendida por essa geração vai no sentido da edificação da identidade mestiça e regional, o que denota uma consciência regionalista. Isso marcou indubitavelmente o carácter de ambivalência dos claridosos na construção da identidade cabo-verdiana.

Nestes tempos                                                                       Malditos

não tem descanso                                                                  estes anos de seca!

a padiola mortuária da regedoria.                                         ……………………………..

…………………………………..…                                    Há quanto tempo não rodam

Tão silenciosa a tragédia das secas nestas ilhas!                   as pedras dos moinhos!

Nem gritos nem alarme                                                         Há quanto tempo não se ouve

– somente o jeito passivo de morrer!                                     o som monótono e madrugador

…………………………………….                                     Dos pilões cochindo…

No quintal do casebre                                                                       – Que é desse ruído anunciador

três pedras juntas                                                                  das refeições do povo?

três pedras queimadas                                                                       De dentro das casas

que há muito não serviam.                                                    nem fio tenuíssimo

de fumo subindo…

E o arco de ferro do menino                                                 ………………………………….

com a vareta ainda presa.                                                      Em tudo o cenário dolorosíssimo

                                       Jorge Barbosa (Casebre)                                        da estiagem

– da fome!  Jorge Barbosa (Paisagem)

Resumo:

Principais ideias:

  • Defesa dos problemas de Cabo Verde e das condições de vida dos cabo-verdianos (através do lema “fincar os pés na terra”);
  • Valorização do espaço geográfico, da história, do povo e da cultura cabo-verdiana (como estratégia de afirmação da identidade cabo-verdiana face à Portugal);
  • Autonomia para Cabo Verde, como uma região autónoma portuguesa;
  • Origem mestiça do povo cabo-verdiano;
  • Predomínio do carácter português do homem cabo-verdiano (no comportamento, no quotidiano e na conduta do homem cabo-verdiano, a cultura dominante não é a africana mas portuguesa);
  • Supremacia dos elementos culturais portugueses na cultura cabo-verdiana (defendiam a dimensão portuguesa da cultura cabo-verdiana, vista como uma variante regional da cultura lusitana; Cabo Verde seria uma região europeizada);
  • Defesa e afirmação da especificidade cultural de Cabo Verde.

Escritores representantes:

Jorge Barbosa, Baltazar Lopes da Silva, Manuel Lopes, João Lopes, Jaime Figueiredo, António Nunes, etc.

 Críticas e contributos:

Os claridosos deram um grande contributo a afirmação da identidade cultural cabo-verdiana. Eles desempenharam um papel importante na fomentação de uma identidade cabo-verdiana, através da incorporação e divulgação nas suas obras literárias. Os escritores da década de 30 reivindicaram para Cabo Verde, uma identidade cultural própria, sui generis, situando o Arquipélago, do ponto de vista cultural, afastado da África, na convicção de possuirmos uma originalidade regional. Apesar de reconhecerem as raízes africanas e europeias da nossa cultura, defendem a ideia de que Cabo Verde evoluíra para uma síntese harmoniosa, em que os referenciais não eram nem africanos nem europeias. Demostraram uma atitude de identificação do arquipélago como um espaço com características culturais próprias, fomentando a ideia de uma nação cabo-verdiana, pela primeira vez explicita no plano estético-literário, embora, sem assumir explicitamente os valores africanos da nossa cultura.

Porém, assim como seus antecessores nativistas, revelaram, de certa forma, uma dupla identidade: cabo-verdiana e lusitana (ou, pelos menos, uma tendência para neste sentido), o que mostra que ainda não tinham percebido totalmente a diferença entre o Nós e Eles, algo importante para a tomada de consciência da própria identidade. Além disso, foram contraditórios ao defenderem uma origem mestiça e ao mesmo tempo acentuadamente portuguesa da cultura cabo-verdiana, ocultando ou negando a herança cultural africana. Por fim, caíram num grande equívoco (engano) ao se considerarem que Cabo Verde era uma região portuguesa (como Algarve, por exemplo), o que demostra uma incompreensão da lógica do colonialismo, que não possibilita a igualdade entre a colónia e a metrópole.

3ª) Fase da afirmação nacionalista (1958 até 1975)

A transição do regionalismo ao nacionalismo cabo-verdiano, aconteceu após um período de aproximadamente três décadas (1936-1962). O conceito de regionalismo, resume-se naquilo que se considere o“fincar os pés na terra cabo-verdiana”, o que significava debruçar-se sobre os problemas de Cabo Verde e das condições de vida do seu povo.

Com a geração de Amílcar Cabral, o fincar os pés na terra adquire um significado essencialmente político, tendo como implicação imediata a assunção da condição de africano e a ligação de Cabo Verde aos outros países envolvidos no projecto de emancipação político-cultural. Assim, enquanto a geração dos Claridosos encarava a identidade como resultado de interacções quotidianas, sem que as relações ali subjacentes fossem problematizadas, já que assumidas como relações simétricas, a geração de 50 concebe-as a partir da reiteração das diferenças num cenário de assimetrias e de relações de dominação.

Os integrantes na luta pela independência nacional refutavam a ideia dos claridosos, e defendiam principalmente aqueles que sustentavam nesta luta a afirmação da identidade africana do arquipélago de Cabo Verde, isto é, a defesa da raiz africana e a forte ligação do arquipélago a África. A consolidação desta ideia de retorno terá conduzido à luta pela conquista de uma identificação própria, luta essa que não coincidiria com a das gerações precedentes e principalmente com a da consciência regionalista.

A década de 50 marca indubitavelmente uma nova era na formação da identidade cultural e nacional, com o acento tónico no resgate das origens africanas. O novo discurso identitário apresenta traços fortes com as do continente africano e encerra ali o significado de que era a altura certa da ruptura, tornando a Nação livre, com hábitos característicos e libertos da opressão da administração colonial. A defesa da raiz africana e o profundo laço dos cabo-verdianos a este continente passam a ser um dos grandes propósitos e, possivelmente, um dos mais importantes pressupostos teóricos, a ponto de o caracterizarem como o movimento da “reafricanização dos espíritos”. Amílcar Cabral, como um dos mais exímios representantes deste movimento, baseado nos princípios do nacionalismo, viria, por intermédio do partido PAIGC, fundado para a libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, e num contacto com os estudantes da colónia, a reivindicar a independência e libertação desses países, na ideia da reafricanização, ou do resgate dos ideais africanos. Para Cabral, Cabo Verde, mesmo sendo uma região insular, estava intimamente ligada ao continente africano, e é por esta razão que se começa a afirmar nele a sua africanidade, ou seja, a sua dimensão africana

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Os escritores Cabo-verdianos da década de 50 aperceberam-se que, para a construção da identidade nacional, era necessário reencontrar as nossas raízes africanas e valorizar todas as formas de manifestação cultural com raízes em África, sobretudo aqueles traços culturais que foram usados pelos colonizadores, para diminuir o colonizado. Para estes escritores, a reconciliação com a nossa origem africana, isto é, a reafirmação da nossa africanidade, implicava a rejeição da cultura colonizadora, um meio para que o homem cabo-verdiano pudesse assumir a sua própria identidade. O retorno às origens, ou seja, a tomada de consciência da nossa ligação a África seria então, condição de possibilidade para a construção de uma identidade plena. Com os escritores dos anos 50, foi resgatada a importância da África para o arquipélago de Cabo Verde.

O desejo de reencontrar-se com a cultura africana sufocada e esquecida durante séculos; a necessidade de dar luta contra o assimilacionismo, a acomodação ao sistema colonial; a resistência contra a aculturação do homem cabo-verdiano foi uma postura deliberadamente assumida na produção literária, poética e nos ensaios da geração de 50. Dessa geração, surgiu um grande número de escritores, poetas e ensaístas, cujas produções não podem escapar-se às fortes motivações políticas. Insuflaram no espírito do homem comum, através de uma poesia que nega a superioridade da cultura do colonizador, que o colonizado devia adoptar a ideia de pertencer a uma nação, e consciencializar-se do impacto e do valor da cultura africana na sociedade cabo-verdiana.

Um poema diferente

O povo das ilhas quer um poema diferente

Para o povo das ilhas:

……………………………..

Um poema sem braços à espera de trabalho

Nem bocas à espera de pão

Um poema sem barcos lastrados de gente

A caminho do Sul

Um poema sem palavras estranguladas

Nas grades do silêncio…

O povo das ilhas que um poema diferente

Para o povo das Ilhas:

Um poema com seiva nascendo no coração da ORIGEM

Um poema com batuque e tchabéta e badias de Santa Catarina

Um poema com saracoteio d´anças e gargalhadas de marfim!

O povo das ilhas que um poema diferente

Para o povo das ilhas:

Um poema sem homens que percam a graça do mar

E a fantasia dos pontos cardeais.

                          Onésimo Silveira (Um poema diferente).

 

Pa mund´ Intêru

Ês libru ê fidju d´êra, di Pobo; ê nôs libru.

E ta papia di nôs butupério.

M á ta purbikel; demo na komparassan di fala,

djan sê ma tem guentis ki ka ta atchal sabi,

ki pró ta da kabako.

Dexa da kabako.

 

Nôs kê fidjo di Afrika, ki sta baxo dês d´otos

nassan d´arguem, no tem di skodjê ô fassê

bondadi di kenhê ki, no podê fla berdadi, á ta

muntanu sima limária, ô trabadja pa nôs Tera,

nôs Afrika Grandi di manham.

 

M ka baradja kabé: m skodjê kel kussa ki sta

na mi, ki sta na nha Terra, ki sta na nha Pobo.

Kel kussa ki fasseno armum, pa no finka pé na

tchom, pa no luta toki no kompo nôs Tera.

……………………………………………

Mosias ko rapassis di nôs Tera, mosias ko rapassis

di Afrika, ki ó ki no kontra ko kumpanheru, nôs

kabé, nôs bida djunta dum kussa: – na kel

kussa má grandi ki podê tem pa nôs: – Afrika

Grandi, sem burgonha di nunguem.

 

E ka komberso ko ngodo di kenhê ki krê

Muntano ki ta pono nbaxa: pa dianti kê kaminho;

pa nôs sô tem um kusa:

Afrika ô Morti!

Kaoberdiano Dambará

Resumo:

Principais ideias:

  • Carácter mestiço do povo cabo-verdiano;
  • Ligação histórica, étnica e cultural de Cabo Verde à África;
  • Busca e valorização das origens negras africanas da sociedade cabo-verdiana, através do movimento que Amílcar Cabral designou de “reafricanização dos espíritos”;
  • Defesa e exaltação da dignidade e dos direitos do homem negro (defendida pelo movimento da negritude);
  • Especificidade da identidade cultural do povo cabo-verdiano, que constituía uma nação específica e diferente da nação portuguesa;
  • Luta pelo direito à liberdade e independência da nação cabo-verdiana.

Escritores representantes:

Amílcar Cabral, Onésimo Silveira, Felisberto Vieira Lopes, Aguinaldo Fonseca, Ovídio Martins, Gabriel Mariano, etc.

 Críticas e contributos:

Os escritores desse período, designados de nacionalistas, tiveram uma plena e clara consciência da identidade cabo-verdiana e desempenharam um papel importante na afirmação do povo cabo-verdiano como uma nação plena e portadora de uma identidade cultural própria. Além disso, foram os responsáveis pela luta à independência de Cabo Verde, rompendo a ligação de dominação colonial que mantinha a nação cabo-verdiana sob o jogo de Portugal. Entretanto, assumiram uma certa postura de negação ou desvalorização da herança portuguesa da cultura cabo-verdiana, em detrimento de uma sobrevalorização das raízes africanas do povo cabo-verdiano. Assumiram uma identidade cultural cabo-verdiana, mas marcadamente africana, pois o contexto histórico da época quase que exigia uma tomada de posição nesse sentido.

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