Em Moçambique, antes de 1969, não se realizava a formação de professores e técnicos de desporto. Por esta razão, através do Diploma Ministerial 1670 de 4 de maio de 1957 que aprova Regulamento Geral das Actividades Gimnodesportivas (CRISTÓVÃO, 2005), permitiu-se que a prática do desporto passasse de uma prática espontânea para legislada.
Neste contexto, a falta de pessoal formado que se fazia sentir obrigou as autoridades, através do Conselho Provincial de Educação Física (CPEF), a rever o diploma.
Com a revisão do diploma em 1967, abriu-se espaço para o lançamento da proposta da criação junto à Universidade de Lourenço Marques (hoje chamada de Maputo, foi capital da Província Ultramarina de Moçambique), de uma Licenciatura em Treino Desportivo para a formação de Treinadores Licenciados em Desporto. Salienta-se, que esta proposta foi recusada pelo Ministério Ultramar. Em compensação, orientou a abertura da Escola de Instrutores de Educação Física de Lourenço Marques que iniciou suas atividades no ano de 1969 (CRISTÓVÃO, 2005).
Libombo, entrevistado por Muria (2009), afirma que o Professor Noronha Feio, então Presidente do CPEF, por reconhecer as potencialidades desportivas da colônia despoleta a necessidade de formação de professores de Educação Física. Devido aos elevados custos, falta de instalações e existência de poucos professores formados optou-se pela Escola de Instrutores.
O nível de ingresso era o quinto ano do liceu e o curso tinha a duração de dois anos. Depois de concluir o curso, os formados tinham que ter dois anos de prática para lhes serem conferido o título de bacharel, daí apenas ter que fazer mais dois anos em Portugal para se obter o título de licenciado.
Deste modo, a Escola de Instrutores de Educação Física de Lourenço Marques, criada em 1969, marca oficialmente, o início da formação dos professores de Educação Física e Desporto em Moçambique. Durante o período colonial, o curso formou cerca de 120 professores de Educação Física dos quais apenas doze permaneceram em Moçambique depois da independência (IMPULSO, 1987).
Ao mesmo tempo realizaram-se cursos de formação de monitores desportivos no período de 1967 a 1974 para trabalharem no Projeto do Caniço, em que milhares de praticantes na maioria da população nativa, do escalão etário dos 6 aos 12 anos estavam envolvidos na prática das modalidades de basquetebol, natação, ginástica, atletismo.
Este projeto representou a massificação do desporto ao nível das zonas suburbanas como política de inclusão do regime colonial (MURIA, 2009).
Em 1975 é interrompida a formação de professores por falta de instrutores, porque os que existiam foram abandonando o país devido à conjuntura política que se vivia na altura com a nacionalização do ensino, saúde, habitação, entre outras áreas.
Portanto, podemos julgar que a formação de professores de Educação Física no período colonial era direcionada ao desenvolvimento desportivo e para difundir a ideologia do colonizador.