Apontamentos Família como fenómeno cultural

Família como fenómeno cultural

Introdução

Nesta unidade temática pretende-se apresentar e discutir família
como um fenómeno cultural. Assim sendo, ao completar esta
unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Compreender a relação família e cultura.
  • Diferenciar os laços familiares em função da cultura.

Desenvolvimento

De acordo com Garcia (2001), em Moçambique assim como noutras sociedades africanas, a unidade fundamental das sociedades é a família extensa, que funciona como elemento mítico -espiritual, social e até juridicamente solidário.

Aquelas estruturas possuem um carácter intensamente comunitário; desempenhando o indivíduo funções com importância colectiva; o seu interesse é subordinado ao geral.

O comunitarismo faz ainda parte da religião, das formas de vida económica e da existência de inúmeras sociedades especiais (no espaço entre família e a tribo).

Visto que as famílias moçambicanas são no geral colectivistas, onde o papel de cada um dos membros está bem definido e, um possível erro de um dos membros pode ser analisado como sendo um erro de toda família no geral.

De acordo com Aghassianetall (2003), as famílias podem ser
classificadas em:

Filiação unilinear ou unilateral: quando o parentesco só é transmitido aos filhos de um casal legítimo por um dos pais, com exclusão do outro. Quando o pai transmite o parentesco, a filiação é patrilinear; quando é a mãe que o transmite, a filiação é matrilinear.

A filiação unilateral ou unilinear segundo o autor subdivide-se em: Filiação patrilinear ou Agnática.

A WILSA Moçambique (1998), sustenta que a patrilinearidade é frequente no sul e centro de Moçambique. De acordo com Aghassian, etall (2003), os filhos fazem parte do grupo de parentesco do pai, o que significa que os pais transmitem o parentesco.

Nas sociedades patrilineares a linha de perpetuação de grupos de parentesco passa exclusivamente através dos homens. Tal como se verifica em nas regiões centro e norte do pais como a WLSA já havia identificado como sendo regiões que apresentam o sistema Patrilinear e como e o caso das regiões sul e centro os homens tem tido mais valor em relação ao homem, a defende que nas sociedades patrilineares a importância social dos homens é maior do que das mulheres.

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A patrilinearidade é mais frequente nas sociedades onde as actividades económicas masculinas são decisivas e o seu papel social é sobrevalorizado.

A filiação patrilinear é a forma mais comum da filiação unilinear. Neste sistema de filiação e organização patrilinear, os membros de um grupo de parentesco unem-se pela ligação a um antepassado comum masculino através de uma linha de ascendência – descendência que cruza as diferentes gerações somente através de parentes masculinos.

Para Pereiro (2012) numa dada geração, os irmãos e irmãs, entre si, pertencem a patrilinhagem do seu pai e do seu avó paterno, assim como a dos irmãos e irmãs tanto do pai como do avô paterno. Tantos filhos como as filhas de um homem traçam a sua ascendência a um antepassado comum através de uma linha masculina.

Nestes grupos a responsabilidade social em relação as crianças cabe ao pai ou irmão mas velho e dentro desta linhagem os homens prestam atenção aos descendentes masculinos.

Filiação matrilinear ou uterina

Quando os filhos fazem parte do grupo de parentesco da mãe, o que significa que só as mães transmitem o parentesco.

Matrilinearidade em Moçambique é mais frequente na região norte do país e uma parte do centro (Tete).

Nas sociedades matrilineares, o parentesco passa exclusivamente
através da mulher, nesta a matrilinhagem ocorre nas sociedades onde a horticultura é uma actividade importante, pois aí as mulheres têm o papel económico mais importante.

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A filiação matrilinear é diferente na forma como traça a matrilinhagem assim como na forma de realizar o poder autoridades e estruturam a nível da família. Nela as mulheres têm por vezes bastante poder, mas nunca absoluto sobre o seu grupo de filiação, pois este é partilhado com os irmãos que tem maior interesse em exercer o maior poder controlo possível sobre a descendência das suas irmãs.

Na matrilinhagem, os irmãos e irmãs pertencem a linhagem da mãe e da avó materna, que é também a dos irmãos da mãe e dos filhos da irmã desta.

Filiação cognática: diferente da filiação unilinear, ou filiação diferenciada, a filiação cognática é uma filiação indiferenciada, pois o parentesco é transmitido tanto pelo pai como pela mãe. A filiação cognática reconhece o parentesco de ambos os lados. Todos os descendentes têm direitos e obrigações, deveres e privilégios idênticos para com os seus parentes paternos e  maternos.

Dupla filiação unilinear: quando duas filiações unilaterais se justapõem, cada uma regendo, com exclusão da outra, a transmissão de determinados direitos Por exemplo, entre os Yako da Nigéria, o grupo paterno, Kepun, está localizado; pais e filhos habitam com as suas mulheres num mesmo aglomerado, o grupo materno, Lejima, está disperso: tios e sobrinhos uterinos vivem, cada um, junto do seu grupo paterno.

O pai transmite ao filho as suas terras cultiváveis, mas o gado e o dinheiro vão para o filho da sua irmã: come-se no lado paterno e herda-se no lado materno

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