A humidade provém de uma grande variedade de origens externas.
A maioria dos problemas começam em consequência do clima, sob a forma de chuva ou de neve, de uma humidade relativa ambiental elevada, ou de lençóis de água com níveis elevados.
Mas alguns dos mais aborrecidos danos consequentes da humidade nos edifícios antigos podem provir de origens internas, tais como fugas nas canalizações, nos equipamentos de aquecimento, de arrefecimento e nos sistemas de climatização, bem como origens relacionadas com o uso ou a ocupação do edifício.
Em certos casos, os danos consequentes da humidade podem resultar de pormenores originais, tais como os topos de vigas salientes nas estruturas rústicas que são vulneráveis à podridão, e que podem necessitar de um tratamento especial.
As cinco origens mais comuns para a humidade indesejada são:
- Humidade que entra no edifício acima do nível do terreno exterior
- Humidade que entra no edifício abaixo do nível do terreno exterior
- Canalizações e equipamentos mecânicos com roturas
- Humidade interior consequente da vida doméstica e dos sistemas de climatização
- Água usada nos materiais de construção e de manutenção.
A humidade que entra no edifício acima do nível do terreno exterior resulta, geralmente, da humidade relacionada com o clima, a qual penetra através dos materiais degradados em consequência de falta de manutenção, de fissuras devidas ao assentamento estrutural, ou de danos provocados pelos ventos fortes e pelos temporais.
As origens tais como as coberturas defeituosas, as fendas nas paredes, e as juntas abertas em redor dos vãos de portas e de janelas, podem ser corrigidas quer por reparação, quer por substituição limitada.
Dada a sua idade, os edifícios antigos são notoriamente “ventosos”, permitindo que a chuva, o vento e o ar húmido entrem através das juntas de argamassa em falta, das frinchas nas janelas e nas portas, do revestimento exterior de fachadas em tabuado de madeira 3 e do interior de sótãos não isolados.
Nalguns casos, os materiais excessivamente absorventes, tais como os arenitos brandos, ficam saturados pela água da chuva ou de transbordamentos das caleiras, e deixam que a humidade contamine as superfícies interiores.
As heras e outros materiais vegetais que são deixados crescer directamente sobre os materiais de construção sem armações de suporte, podem provocar danos consequentes da erosão dos materiais das juntas ou das fundações pelas suas raízes, bem como pela retenção da humidade junto às superfícies.
Em muitos casos, mantendo-se a vegetação afastada dos edifícios, reparando-se os materiais degradados, substituindo-se os pormenores de remate, reparando-se os tubos de queda, reparando-se as gárgulas, refechando-se as juntas em argamassa da alvenaria, betumando-se as juntas periféricas das janelas e das portas, e repintando-se as superfícies, pode-se aliviar a entrada no edifício de água proveniente da maioria das origens da humidade indesejada, acima do terreno.
A humidade que entra no edifício abaixo do nível do terreno exterior é a principal origem da humidade indesejada nos edifícios históricos e mais antigos.
O tratamento adequado do escoamento superficial da chuva é uma das medidas mais importantes para o controle da humidade indesejada no terreno.
A água da chuva é frequentemente referida como “humidade a granel” em regiões que recebem chuvadas anuais significativas ou precipitação pouco frequente, mas pesada. Por exemplo, uma chuvada forte de 5 cm por hora pode produzir uma descarga de 600 litros de água por cada tubo de queda individual de uma casa, durante o período de uma hora.
Quando o terreno fica saturado na base da edificação, a humidade vai encharcar os embasamentos e invadir espaços ou encontrar o seu caminho através de fendas nas paredes de fundação, acabando por entrar nas caves.
A humidade das paredes saturadas de uma cave ou de uma fundação – exacerbada também por elevados níveis de lençóis freáticos – vai, habitualmente, subir por dentro das paredes e, posteriormente, provocar a degradação da alvenaria e dos elementos estruturais de madeira adjacentes.
Tradicionalmente, os construtores deixavam uma área de trabalho, conhecida como ‘trincheira do construtor’, em redor do exterior de uma parede de fundação.
Estas trincheiras eram conhecidas por aumentarem os problemas consequentes da humidade, se o solo de aterro estivesse menos do que completamente compactado ou se incluísse um enchimento com entulhos, e, em certos casos, podiam actuar como reservatórios que conservavam materiais húmidos encostados às paredes.
Os tubos de esgoto térreos ou os tubos de queda partidos podem perder água para dentro da ‘trincheira do construtor’ e humedecer as paredes a uma distância considerável da sua origem.
Qualquer atravessamento, através da parede de fundação, para esgotos, para águas ou para outras canalizações também pode actuar como uma conduta directa de humidade do terreno, a menos que esses atravessamentos estejam bem selados.
Uma origem moderna de humidade no terreno, frequentemente insuspeita mas séria, é o sistema de rega da jardinagem situado demasiadamente perto do edifício.
A localização incorrecta dos bicos de rega pode acrescentar uma quantidade tremenda de humidade ao nível da fundação e às superfícies das paredes.
O terreno e, portanto, o edifício, irão estar muito mais secos 1) se a água da chuva for redireccionada para longe da fundação, por meio de planos inclinados, 2) se a água dos tubos de queda for capturada e conduzida para bem longe do edifício, 3) se for desenvolvida uma valeta controlada ou uma drenagem eficiente em edifícios que, historicamente, não tinham valetas nem tubos de queda, e 4) reduzindo-se o salpico da humidade nas paredes de fundação.
A escavação de fundações e a execução de camadas impermeáveis e de drenos de fundo só devem ser iniciadas depois de todas as medidas para a redução da humidade no terreno, acima descritas, terem sido implementadas.
As canalizações e os equipamentos mecânicos com roturas podem provocar danos nos interiores dos edifícios históricos, imediatamente ou a longo prazo.
A manutenção de rotina, a reparação ou, se necessária, a substituição das canalizações e dos equipamentos mecânicos velhos são soluções vulgares.
Os tubos de água e de esgoto mais antigos estão sujeitos à corrosão ao longo do tempo. As perdas lentas pelas juntas dos canos de chumbo escondidas dentro das paredes e dos tectos podem, em última consequência, apodrecer as tábuas dos pavimentos, manchar os estuques dos tectos e levar à degradação dos membros estruturais.
Os tubos congelados que estalam podem danificar os acabamentos interiores. Além das fugas pelas canalizações, os antigos irradiadores de alguns edifícios históricos têm sido substituídos por ventiloconvectores 5 alimentados a água que tendem a ter fugas.
Estas unidades de aquecimento e arrefecimento, assim como o equipamento de ventilação central, têm avarias por transbordo e por condensação que requerem manutenção cíclica para se evitar o crescimento de bolor e de míldio, e a corrosão e bloqueio dos drenos de condensados.
As condutas de ar condicionado em chapa metálica não isoladas e os tubos de água fria dentro das paredes e dos tectos permitem, frequentemente, a formação de condensação sobre o metal frio, a qual acaba por pingar e provocar bolhas no estuque e descamação na tinta.
Um projecto cuidadoso e uma manutenção vigilante, assim como a reparação e o isolamento dessas condutas, consegue, geralmente, libertar o edifício destas vulgares origens de humidade.
A humidade interior consequente da vida doméstica e dos sistemas modernos de aquecimento e de arrefecimento pode criar sérios problemas. Nos climas do norte dos E.U., os edifícios aquecidos vão ter níveis de humidade relativa, em tempo de inverno, na ordem dos 10% a 35% (RH).
Uma casa com quatro ocupantes gera entre 5 a 8 quilos de água por dia a partir dos residentes humanos. A humidade da preparação da comida, dos banhos ou da lavagem de roupa vai produzir condensações nas janelas, em tempo de inverno.
Quando uma área ou um piso de um edifício tem ar condicionado e uma outra área não tem, há uma hipótese de ocorrer condensação entre estas duas áreas.
A maioria destas condensações periódicas não cria um problema a longo prazo.
Os sistemas de controlo ambiental humidificados são, geralmente, um grave problema em museus que foram instalados em edifícios históricos. Eles produzem, em média, entre 35% a 55% de RH a qual, sob a forma de vapor, vai procurar dissipar-se e equilibrar-se com os espaços adjacentes.
Pode-se formar humidade nas janelas de vidro simples, durante o inverno, com temperaturas exteriores abaixo dos 0º C e temperaturas interiores de 20º C, com tão pouca RH como 35%.
A condensação frequente no interior das janelas exteriores é uma indicação de que a humidade está a migrar para as paredes exteriores, o que pode provocar danos a longo prazo nos materiais históricos.
Os materiais e os sistemas de parede em redor das áreas com ambiente controlado têm que ser construídos com acabamentos resistentes à humidade, por forma a se lidar convenientemente com a humidade adicional no ar.
As condições interiores húmidas em climas quentes e húmidos vão gerar o crescimento de bolor e de fungos.
Os equipamentos mecânicos não ventilados, tais como os fornos a gás, os secadores e os aquecimentos a querosene geram grandes quantidades de humidade.
É importante proporcionar-se uma ventilação adequada e encontrar-se o equilíbrio entre a temperatura interior, a humidade relativa e o fluxo de ar, para se evitar uma humidade interior que possa danificar os edifícios históricos.
A água usada nos materiais de construção e de manutenção pode provocar danos nos materiais históricos adjacentes.
O emprego descuidado de líquidos para a lavagem de pavimentos pode levar à infiltração de água pelas juntas e descolar as colagens ou encharcar e enrugar os materiais.
A lavagem das paredes exteriores e dos materiais de revestimento com água sob pressão elevada pode forçar a entrada de água pelas juntas de construção onde ela conseguir desalojar as argamassas, levantar as telhas da cobertura e saturar as paredes com armação de madeira ou em alvenaria.
As paredes interiores reparadas ou estucadas de novo, ou a construção de novas ampliações agarradas ao edifício histórico, podem reter a humidade durante meses; o estuque novo, as argamassas ou o betão devem estar totalmente curados antes de serem pintados ou acabados.
O uso de materiais em obras que tenham sido danificadas pela humidade antes da sua aplicação, ou que tenham um conteúdo de humidade demasiadamente elevado, pode provocar danos ocultos.