Apontamentos Exemplos de risco sísmico

Exemplos de risco sísmico

As construções históricas e, em particular, os monumentos em Portugal são geralmente em alvenaria de pedra, resultando em construções pesadas e muito rígidas.

Isto resulta em forças e acelerações elevadas aquando da ocorrência de terramotos com  possibilidade de danos consideráveis.  

A Baixa Pombalina da Cidade de Lisboa, por ser constituída por solos sedimentares argilo-arenosos e por se situar junto à falha do Vale Inferior do Tejo, é área de elevado risco sísmico, devendo ser tomadas as medidas necessárias para atenuar os possíveis danos e prejuízos que um sismo pode provocar no edificado Pombalino.

A Baixa Pombalina representa um conjunto arquitectónico e cultural de importância muito significativa que tem sofrido alterações sucessivas nos espaços interiores e nas estruturas das construções, sem modificações significativas nos aspectos arquitectónicos exteriores.

Para um quarteirão tão  significativo quanto o Quarteirão do Martinho da Arcada mais de 50% do sistema estrutural do quarteirão foi profundamente alterado e apenas cerca de 20% do sistema estrutural se  encontra ainda na sua forma original, ver Ramos e Lourenço (2000)! Estes valores são por si só ilustrativos do estado de algum do património em Portugal.  

As sucessivas intervenções na compartimentação dos edifícios e a introdução de materiais com características mecânicas radicalmente diferentes dos elementos originais, poderão enfraquecer os sistemas estruturais dos edifícios relativamente à acção dos sismos.

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Os resultados permitem comprovar o comportamento deficiente do edifício, em especial, no caso de um sismo perpendicular à direcção do frontal. 

Neste caso, obteve-se colapso do frontal para uma carga de cerca de 30% da acção sísmica regulamentar e colapso das paredes exteriores paralelas ao frontal para cerca de 80% da acção  sísmica regulamentar. Em qualquer dos casos, a segurança não parece ser verificada. 

Verifica-se que as frequências de vibração são relativamente reduzidas, o que conduzirá a acelerações muito elevadas e danos previsíveis nas zonas mais deformadas da figura para terramotos com epicentro próximos de Lisboa.  

O segundo caso de estudo aqui apresentado é, talvez, o monumento mais emblemático do património arquitectónico português e trata-se do Mosteiro dos Jerónimos.

O conjunto monumental resistiu bem ao terramoto de 1 de Novembro de 1755 mas, em Dezembro de 1756, novo tremor de terra fez ruir uma coluna do corpo da igreja, que servia de apoio à  abóbada das naves, e fez ruir parte dessa abóbada.

Terá sido por essa época que ruiu também  a abóbada do vão do arco do meio, em que assenta o coro alto. Para além disso, durante o século XIX, assistiu-se à desfiguração do conjunto, tendo-se desmantelado as acomodações domésticas dos frades, a biblioteca, o relógio da torre, os altares do coro e do claustro.

Entre outras modificações e demolições, substituiu-se a torre octogonal da igreja. Mais recentemente, as reparações nos telhados conduziram a um aumento de massa significativo ao  nível das coberturas.  

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É provável que as alterações verificadas na estrutura tenham reduzido a sua resistência à acção dos sismos. Os resultados já obtidos permitem constatar que a zona mais crítica do  conjunto são os pilares que apoiam a nave principal da Igreja de Santa Maria de Belém.

Para além dos pilares, as zonas das torres e alas posteriores do museu da Marinha bem como a Casa Pia parecem ser as zonas mais afectadas na ocorrência de um terramoto.

Salienta-se que as frequências obtidas são particularmente elevadas pelo que os sismos com epicentro afastado serão em princípio mais gravosos para esta estrutura.  

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