A maioria das pessoas associa os edifícios de terra com Africa, a Arábia e a América do Sul.
No entanto, apesar do nosso clima húmido, existem milhares de edificações de terra no Reino Unido, algumas das quais com mais de quatrocentos anos de idade.
Cada região (ver mapa) tende para ter a sua forma de construção própria, dependendo da natureza dos materiais localmente disponíveis, as principais formas são as seguintes:
“Cob”: As casas com paredes espessas em “cob” do West Country são, provavelmente, o mais conhecido tipo de construção, entre todos os tipos construtivos com paredes de terra.
As suas paredes espessas são construídas apiloando-se uma mistura de subsolo e palha na parede, com cerca de 600 mm de espessura, e regularizando-se as arestas toscas dessa parede.
A camada seguinte é colocada por cima do trabalho anterior quando este está suficientemente seco para suportar o peso. Este método de construção estende-se até tão longe como Basingstoke, onde o subsolo usado é principalmente de “chalk”.
Podem-se encontrar formas semelhantes de construção no South East e no noroeste de Gales.
Entre Oxford e Aylesbury eram construídas paredes finas usando a técnica do “cob”, onde são conhecidas por “witchert”, o que significa “lama branca”, e nos Midlands a terra local é usada para se construir da mesma forma.
Para norte, no Solway Plain, e em ambos os lados da fronteira, as paredes eram construídas pelo método do “cob” contínuo, no qual o subsolo é colocado em camadas finas alternadas com camadas de palha.
Como as camadas são muito finas, na altura em que uma camada acabava de contornar o edifício, a camada anterior já estava suficientemente seca para que o trabalho de construção pudesse continuar.
“Clay-lump” ou “Adobe”: O tijolo de lama universal, o adobo, é encontrado em East Anglia na área a nascente da A1 e a sul da A47, onde foi introduzido, proveniente do estrangeiro, por volta dos finais do século XVIII.
Durante cerca de 100 anos foi o principal material para a construção de paredes em todos os tipos de edifícios, nos terrenos de argila com calhaus de “chalk” de Norfolk e de Sufolk. Apesar de estar referida a existência de adobos no Perthshire, antes de eles terem sido introduzidos em Inglaterra, ainda nenhum foi encontrado.
Esta construção é semelhante às alvenarias com fiadas regulares travadas, mas os tijolos secos de adobo ou de barro são muito maiores e eram geralmente assentes com uma argamassa de terra ou de argila húmidas.
Os telhados dos edifícios de terra são geralmente de quatro águas, e não de duas águas sobre frontões, por causa da dificuldade em se proporcionar o necessário travamento à parede do frontão.
As varas do telhado são suportadas por lajes de pedra posicionadas sobre o centro das paredes e os espaços entre as bases dessas varas são preenchidos com subsolo.
Acima do telhado, as chaminés são geralmente construídas em alvenaria, embora as fugas sejam frequentemente em blocos de barro. Onde não existirem “chimney pots”, é provável que a água entre pela chaminé e provoque a erosão do topo do bloco de barro.
Muitas fugas de chaminés são rebocadas com subsolo e algumas têm a sua alvenaria assente com argamassa de terra.
Os vãos nas paredes são vencidos por lintéis de madeira e têm, frequentemente, blocos de madeira encastrados nas suas faces laterais para a fixação das portas e das janelas.
Nos edifícios em blocos de barro, as portas e as janelas estão encastradas na construção. Como estas paredes monolíticas retraem ao secarem, os aros eram assentes enquanto a parede era construída e as portas e janelas eram assentes mais tarde.
Muitas casas em blocos de barro têm uma ou mais fachadas revestidas com alvenaria de tijolo, a qual podia ser construída em conjunto com a casa ou acrescentada, mais tarde, como melhoramento.
A alvenaria era fixada ao bloco de barro com fiadas de ganchos de ferro que eram pregados ao bloco de argila ou encastrados nas juntas de argamassa. Com o passar do tempo, estas ligações enferrujam e fracturam-se. Elas podem ser substituídas usando-se como recurso as ligações usadas nas paredes de caixa de ar.
“Wattle Daub”: A forma mais vulgar de uma construção sem funções de suporte de cargas é o “wattle and daub”, que tem sido largamente usado no preenchimento dos painéis em edifícios com estrutura de madeira. Tal como todas as outras formas de materiais de construção à base de terra, o “daub” é feito de subsolo, o qual pode conter uma pequena proporção de fibras animais ou vegetais misturada com a argila.
Neste tipo de construção, a composição de terra é suportada por um fasquiado entrelaçado de prumos e vimes (o “wattle”).
No Lincolnshire pode-se encontrar uma variação desta técnica, existindo um bom número de casas feitas com paredes de lama e prumos de madeira.
Neste caso a mistura de palha e subsolo é colocada ao redor e entre os prumos. As casas são pequenas e geralmente bem conhecidas, bem reparadas e orgulhosamente conservadas.
Outros: Além das técnicas acima descritas, existem numerosas variações e híbridos, tais como o “shuttered clay” (uma forma de “cob” em que o subsolo plástico é colocado entre tábuas) e o “pisé de sterre” (em que a “shuttered clay” é apiloada em camadas finas para formar um material resistente, extremamente denso). Na Escócia, podem ser encontradas paredes construídas com turfa.