Apontamentos Desenvolvimento histórico e principais áreas de interesse contemporâneas

Desenvolvimento histórico e principais áreas de interesse contemporâneas

Introdução

Nesta unidade temática procuraremos nos concentrar em aspectos ligados ao desenvolvimento histórico e das principais áreas de interesse contemporâneas. Nesse sentido, pretende-se que ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Conhecer o desenvolvimento histórico.
  • Identificar as áreas de interesse contemporâneas.
  • Estabelecer mecanismos de aplicação prática.

Desenvolvimento

De acordo com Maia (2000) diz que no texto clássico que marcou a etnografia moderna, a questão era sobre a imensa distância entre a apresentação final dos resultados da pesquisa e o material bruto das informações colectadas pelo pesquisador, através de suas próprias observações das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida tribal.

Nesse sentido, há uma transformação do antropólogo para entrar em outra cultura, a necessidade de “aprender a comportar-se como eles”, desenvolvendo o sentimento de “empatia”. De outro modo, o antropólogo deveria reinterpretar os “dados brutos”, dependendo da inspiração oferecida pelos estudos teóricos, por uma teoria da cultura.

Maia (2000) adianta que a produção do conhecimento antropológico fez-se através do estudo dos povos coloniais numa perspectiva
“interstícia -o olhar desde dentro”.

O enfoque do tipo “colocá-lo todo dentro” para a etnografia e “deixá-lo todo fora para prosa” marcou a forma da passagem do campo para o texto etnográfico deste primeiro momento.

Para Peirano (1995) o princípio “eu estive lá” e, assim, “posso falar do outro” demonstra que a experiência tem servido como eficaz garantia de autoridade etnográfica. Deste modo, evoca tanto uma presença participativa, uma certeza de percepção, uma relação de afinidade emocional, como sugere um conhecimento cumulativo (sobre uma realidade).

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E esse mundo “o meu povo”, concebido como criação da experiência, é subjectivo e não dialógico (MAIA, 2000).

O antropólogo não se encontra mais numa situação de exclusividade quanto à produção do conhecimento em relação ao outro.

Perdendo o lugar de sujeito absoluto do conhecimento, ele “agora se depara com objectos falantes, com um ponto de vista próprio”, que aceitam ou se contrapõem às interpretações etnológicas, assumem, recusam ou corrigem as imagens de si que dividem os académicos em tomo na natureza da explicação antropológica (JORDÃO, 2004).

As inovações contemporâneas no texto etnográfico são reveladoras da direcção da antropologia a uma sensibilidade histórica e política de um constante refinamento, que está transformando a maneira como a diversidade cultural é retratada.

Para Caldeira (1988) as mudanças actuais, das convenções do passado, na passagem para o texto sobre outras culturas, constituem o “locus de operação” para a função estratégica contemporânea da antropologia.

As regras definidoras da relação autor, objecto, leitor, que permitem a produção, a legibilidade e a legitimidade do texto etnográfico, estão tomando um rumo diverso, em função do processo de autocrítica pelo qual passa a antropologia, na medida em que os mais variados aspectos de sua prática vêm sendo questionados e desconstruído.

Para Maia (2000) as experiências vivenciadas colocam, lado a lado, antropólogo e nativo e, ao mesmo tempo, são reveladoras da “diversidade irredutível”.

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Ao contrário dos parâmetros da antropologia moderna, que reconstruía uma totalidade para dar sentido à diversidade, o que se pretende é o ponto de vista do nativo e a diversidade de experiências, cabendo ao antropólogo representar esta diversidade na forma textual (MAIA, 2000).

Nesse sentido, modos de vida trocam influências, imitam-se entre si, pretendem dominar-se uns aos outros, pretendem traduzir-se reciprocamente, subverter-se entre si.

A análise cultural se acha imersa em todo movimento de contestação ao poder.

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