Introdução
Nesta unidade temática vai aflorar duma forma geral as principais correntes antropológicas que directa ou indirectamente deram origem a diversas interpretações das manifestações daquilo que hoje constitui o objecto de estudo da antropologia. Por isso pretende-se que o estudante ao concluir, tenha capacidade de:
Objectivos específicos
- Conhecer as principais correntes antropológicas.
- Caracterizar cada corrente antropológica estudada.
- O papel delas na interpretação das diferentes manifestações sociais.
Desenvolvimento
Ao longo dos seus pouco mais de cem anos de existência como disciplina académica, a antropologia produziu um conjunto de teorias muitas vezes em oposição entre si (ERIKSEN E NIELSEN, 2007).
Basicamente, essas teorias distribuem-se por dois paradigmas alternativos: um, o paradigma “científico”, inspirado nas ciências naturais, outro, a que podemos chamar “interpretativo”, o que considera a antropologia como a arte da interpretação e não como uma ciência (BATALHA, 2004).
Os adeptos do primeiro paradigma defendem que a actividade antropológica pode ter um carácter científico, enquanto os segundos dizem que a objectividade, tão apregoada pelo discurso científico, é impossível de alcançar em antropologia e que o lugar desta é entre as humanidades (literatura, história, estudos culturais, etc.).
Para os interpretativistas, cada sociedade e cada cultura são casos únicos e não é possível extrair generalizações válidas através da comparação de sociedades ou culturas.
Segundo Caldeira (1988) o antropólogo deve preocupar-se mais em “deixar falar” cada cultura através daquilo que as pessoas fazem e dizem, do que estabelecer generalizações com pretensão universalista.
O relativismo cultural absoluto transforma-se numa forma de determinismo cultural, em que tudo é determinado pela especificidade de cada cultura, tornando-se esta na causa e fim de sim mesma.
As teorias antropológicas, tal como a teoria sociológica em geral, de acordo com Eriksen e Nielsen (2007) podem emanar de dois princípios metodológicos opostos: o individualismo metodológico e o colectivismo metodológico.
Resumidamente, os individualistas metodológicos defendem que entidades colectivas como sociedade, grupo, família, etc., são ficções criadas pela teoria sociológica; para eles apenas existem indivíduos, sendo a história o resultado de acções individuais.