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As instruções, as Cartas do Restauro e a Carta de Risco do Património Cultural

Em 1945 foi convocada, em Londres, uma conferência encarregada de constituir uma organização dentro das Nações Unidas para a educação, para a ciência e para a cultura, a UNESCO, com o objectivo de promover a colaboração internacional no estudo e na conservação e restauro dos bens culturais.

Em 1964, a carta de Veneza do restauro tem um carácter internacional, assinala a importância da salvaguarda do património cultural pelos povos, enquanto património comum a ser transmitido ao futuro na sua completa integridade.

Por outro lado, acaba assim a noção de monumento histórico entendido como uma criação isolada, o qual como ambiente urbano e paisagístico constitui testemunho de uma civilização em particular.

Em 1972 foi emitida a Carta Italiana del Restauro que agrupa tudo o que deve ser objecto de salvaguarda, recomenda que sejam usadas na conservação técnicas e materiais que permitam no futuro a realização de outras intervenções de restauro.

Em 1975, a Carta Europeia do Património Arquitectónico, assinala a importância espiritual, cultural, económica, educativa e social do património arquitectónico. Ainda em 1975, a Declaração de Amsterdão põe a tónica sobre a responsabilidade dos técnicos e dos executantes do restauro e da conservação, e sobre a necessidade de uma investigação contínua e de inovações quanto ao uso de materiais e técnicas.

Em 1987, a Declaração de Washington assume como objectivo a salvaguarda das cidades históricas e a conservação do conjunto entre os elementos materiais e os espirituais de que aqueles exprimem a imagem. De instituição muito recente (anos 1995 – 96), é a Carta de Risco do Património Cultural Italiano promovida pelo Ministero dei Beni Culturali e Ambientali, que constitui uma iniciativa destinada a fornecer aos responsáveis da tutela sobre o território e à administração central, um suporte para as actividades científica e administrativa.

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De tudo o exposto, ressalta não só como o conceito de restauro tem sofrido fortes transformações no tempo, sob influência das modas, dos acontecimentos políticos e do próprio conceito de arte e de arquitectura, mas como o próprio executante desta operação, o considerado restaurador, mudou de personalidade e de profissão.

Aos períodos de admiração, de nostalgia e de quase culto pelas obras do passado, sucederam-se outros de forte aversão pelos símbolos e pelos monumentos de uma precedente cultura sócio-religiosa, especialmente em ligação com drásticas revoluções ideológicas.

Com o advento da revolução industrial, com o desenvolvimento das técnicas de extracção e de trabalho da pedra, com os novos meios de transporte à disposição e, sobretudo, pelo grande respeito que a ciência suscita no mundo contemporâneo, até a conservação dos monumentos se encaminhou para uma estrada totalmente nova que não tem precedentes em épocas passadas.