Apontamentos Algumas considerações sobre uma intervenção cuidadosa

Algumas considerações sobre uma intervenção cuidadosa

O património arquitectónico, seja ele de que tipo for, estará sempre sujeito a intervenções periódicas a fim de se salvaguardar a sua preservação física.

Portador de uma mensagem histórica, cada objecto é único e produto de uma época, de um estilo, de uma visão social ou, muitas vezes, de uma simples necessidade prática.

Constituídos por materiais e técnicas diferentes, e em si um espelho das tradições, das possibilidades e do desenvolvimento técnico/social, servindo como simples infra-estrutura ou onde uns habitaram e outros trabalharam, muitos chegaram aos nossos dias alterados (alguns falsificados), desprezados e a maioria com um futuro muito incerto.

Preservar uma casa, edifício ou monumento é um processo continuo, uma luta contra as leis naturais, essas mesmas que, a longo prazo, transformam a pedra em areia e a madeira em pó.

A manutenção periódica e cuidadosa dos nossos edifícios não é regra mas sim excepção.

Os objectos que chegaram aos nossos dias, com um alto grau de autenticidade, são aqueles que sofreram uma manutenção periódica, normalmente restringida ao absolutamente necessário, executada com materiais e técnicas tradicionais de origem (ou compatíveis), e ainda aqueles cuja finalidade e cujo uso nunca foram alterados nem interrompidos.

Continuidade é, pois, um dos termos chave na preservação do património edificado.

Primeiro que tudo porque actua como travão ao longo dos anos sobre a degradação física do elemento e, em segundo lugar, porque gera a preservação dos conhecimentos sobre métodos e materiais, um circulo fechado onde os efeitos positivos são consideráveis e tendem a actuar como “vacina” efectiva contra as aberrações, destruições ou falsificações.

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As razões de uma intervenção podem ser, entre outras, uma simples manutenção periódica, uma modernização interna, uma reabilitação total, uma mudança de uso, alterações de plano, acréscimos, etc.

Quanto maior a intervenção, maior é o perigo de se cometerem erros que, inevitavelmente, vão conduzir à perda de valores.

Os restauros de “fachada” são um excelente exemplo onde quase tudo se perde nas partes interiores.

As modernizações, alterações e acréscimos implicam, muitas vezes, a introdução de materiais e de infra-estruturas novas que conduzem a perdas e falsificações no imóvel.

Inclusivamente, uma simples manutenção levada a cargo sem o devido conhecimento e sensibilidade, poderá acabar de uma maneira desastrosa.

A intervenção, seja ela qual for, vai sempre alterar o objecto, na maioria das vezes, irreversivelmente.

Manutenção, recuperação, reabilitação, etc. devem sempre partir do principio que o novo deverá ser adaptado ao velho, e não o contrário.

O objecto que vai sofrer uma intervenção deve ser respeitado como testemunho e portador de uma história da qual os seus valores materiais, técnicos, arquitectónicos, artísticos ou outros, nunca devem ser separados ou ignorados.

É, pois, necessário, e previamente a qualquer intervenção, identificar-se o que se quer fazer, e porquê. As questões devem sempre ter a sua devida resposta antes e nunca depois.

Uma fase de planeamento cuidadoso é imprescindível, previamente a qualquer intervenção prática. Deverá esta mesmo ser executada por profissionais competentes (e devotados) sobre a matéria.

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É impossível um planeamento medíocre ou mau terminar em bons resultados. A escolha dos profissionais que levarão a cargo a fase de planeamento é, pois, absolutamente crucial para o resultado final.

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