Apontamentos As correntes antropológicas e sua operacionalização em Moçambique

As correntes antropológicas e sua operacionalização em Moçambique

Introdução

Neta unidade temática, procura consolidar as lições aprendidas nas unidades anteriores, fazendo sua aplicação prática à realidade
Moçambicana. Daí que ao completar esta unidade, o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos específicos

  • Interpretar as manifestações observadas em Moçambique.
  • Estabelecer paralelismo prático entre os aspectos comuns e diferentes das correntes apresentadas.

Desenvolvimento

Tomando como base a escola funcionalista, WLSA ((2013) diz que em toda a sua diversidade, se constituiu como determinante na operacionalização do conceito de cultura, ao procurar uma generalização caracterizada pela busca de leis gerais através de fenómenos culturais que desempenham uma função, contribuindo para a coesão interna de um sistema de valores e crenças manifesto no comportamento das pessoas.

Tomando a cultura como um subsistema de símbolos significativo para os agentes, mediado por instituições que visam a cooperação e a integração.

Nesse sentido, para WLSA (2013) a cultura é vista como um subsistema do sistema geral de acção social, constituído por valores e padrões comuns aos actores que, deste modo, orientam os seus comportamentos. Isto significa que as disposições de cada indivíduo e a sua acção têm sempre como função uma partilha de valores, condicionando a autonomia dos sujeitos a um padrão cultural comum.

Destacando a função normativa das instituições secundariza os factores de mudança e acção dos actores que alteram/influenciam as práticas institucionais.

É o caso, por exemplo em Moçambique, da acomodação das instituições, como a educação e a saúde, que realizam “arranjos” no sentido de conciliar práticas culturais excludentes no quadro de políticas públicas que se pretendem globais.

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Esta posição defende a necessidade metodológica de tomar em conta as lutas, os conflitos e as negociações pelos agentes que, actuando em contextos específicos, produzem adaptação/ reestruturação da ordem social e da cultura enquanto dimensão dessa mesma ordem social.

Significa assim para Maia (2000) e Santos (1969) que, para compreender realidades culturais, é tão importante reconhecer quais os sistemas de valores e crenças que condicionam as práticas dos sujeitos, como os atributos que organizam as suas representações relativamente a si e aos outros.

Nesta perspectiva, é importante identificar como se constituem os elementos reconhecíveis de pertença ao grupo, através de processos intersubjectivos e por meio da linguagem reveladora de sentidos (WLSA, 2013).

Nesta ordem de ideias, a compreensão da cultura remete-nos para a análise do discurso referente aos ritos e aos significados que assumem para os sujeitos, às escolhas referentes ao que é mais ou menos importante exprimir, tendo em conta os interlocutores e os espaços em que os discursos são produzidos.

Neste sentido, foi interessante constatar, e contrariamente ao discurso masculino, a desvalorização que é transmitida pelas jovens sobre a aprendizagem da sexualidade no contexto ritual e também escolar), contudo profundamente presente nas respostas às questões sobre o corpo, em que o discurso da higiene sexual se apresentava construído em função de atributos que caracterizam o exercício da sexualidade tendo em conta a expectativa masculina (WLSA, 2013).

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Recusando a abordagem redutora da cultura tal como é proposta pelos funcionalistas e pelos estruturalistas a um epifenómeno quando consideramos a duração e o tempo escolhidos para a realização dos ritos como mecanismos aparentemente formais, referimo-nos à necessidade de atender à importância que estes aspectos podem assumir, principalmente quando essas alterações correspondem à introdução de valores produzidos noutros espaços, como a escola.

Se, para os funcionalistas, cada elemento contribui para a coesão da estrutura, já para os estruturalistas a análise deve ter como foco a estrutura e a forma, incidindo sobre acção, permitindo a existência de regularidades.

Para WLSA (2013) as representações e as práticas informadas (e comunicando com outras esferas do campo político) permitem entender como se regulam as relações entre os sujeitos e como o poder, estruturando essas relações, classifica, categoriza, selecciona e prediz o dominante.

De acordo com a mesma fonte, por exemplo, no caso das matronas e dos mestres que orientam os ritos, é interessante compreender os factores, como o controlo/contacto com/das instâncias formais do Estado e/ou o maior acesso das e dos jovens às escolas têm produzido alterações ao longo do tempo nas suas fontes de legitimação, recorrendo tanto ao discurso da afirmação identitária étnica, como estabelecendo alianças, embora informais, com a dispensam a articulação e a comunicação entre as várias esferas sociais, políticas e económicas.

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