Aparência
Para além do emprego das técnicas de acabamento mate ou brunido, muitos outros factores podem influir na aparência dos dourados. A folha de ouro é actualmente vendida, e foi historicamente, numa grande variedade de calibres e de cores. Actualmente a sua pureza varia entre os 12 e os 24 quilates, e a sua cor varia desde diversos tons de ouro até diversas graduações de vermelho, de branco e de verde. Estas variações são conseguidas ligando-se o ouro com outros metais, principalmente com a prata e com o cobre. Para além da prata, a platina, o paládio, o estanho, o alumínio, o cobre, o bronze e o metal Holandês (uma liga de cobre e zinco) todos têm sido usados em lugar da folha de ouro na execução de “dourados”.
A folha de ouro corrente tem aproximadamente 1/250.000 de uma polegada e é translúcida, se for colocada contra a luz. A cor do campo sobre o qual é aplicada tem, portanto, uma significativa influência sobre a cor do dourado acabado. Isto nota-se mais vulgarmente nas molduras de quadros onde, mais frequentemente do que não, se vê um vermelho escuro e rico em áreas onde o ouro foi removido pelo desgaste. Trata-se da “bole” a que nos referimos anteriormente, a qual, dependendo da data da peça, também pode ser amarela ou azul acinzentada, por baixo de trabalhos brunidos. Nos dourados a óleo, a cor da tinta subjacente desempenha a mesma função; vermelho profundo para dourados ricos e sumptuosos, amarelo para luminosidade e brilho. Por baixo da prata são usados geralmente o vermelho e o branco.
A outra principal influência sobre a aparência é o revestimento superficial. Os dourados a óleo sobre pormenores arquitectónicos são deixados frequentemente sem envernizamento, mas por razões estéticas ou em zonas expostas aos agentes atmosféricos, eles podem ser tratados com qualquer coisa, desde um verniz muito ligeiro e transparente até uma velatura colorida. Os dourados a água recebem normalmente um revestimento de cola, de “ormolu” ou de laca quer para servir de protecção, quer para se obter uma aparência consistente ao longo das áreas onde se combinam dourados a óleo com dourados a água, tais como em molduras de quadros com ornamentação moldada ou esculpida. Também se pode usar um pigmento para se conferir alguma irregularidade à superfície ou para se criar um efeito em particular.
A prata é sempre envernizada para se evitar o seu escurecimento, mas recentemente ela tem sido largamente substituída pelo paládio e por outras alternativas que não escurecem.
Também são encontrados metais brancos velados com um verniz adequadamente colorido, por vezes chamado de “changing varnish”, para se proporcionar uma alternativa barata à folha de ouro, prática esta que recua até há centenas de anos atrás.