Antecedentes Históricos
O papel de parede mais antigo que se conhece na Grã-bretanha data de 1509 e foi encontrado recobrindo as vigas do Dining Hall no Christ’s College, em Cambridge. Este papel foi impresso em monocromia, com blocos de madeira gravados, sobre o verso de documentos de folha única. Estes papéis antigos eram, geralmente, feitos à mão a partir de pedaços reconstituídos; eram coladas pequenas folhas entre si, ao correr de uma aresta, para se formar um determinado comprimento, sendo depois impressos com um bloco de madeira ou com um stencil (ou uma combinação dos dois), usando-se tintas à base de têmpera ou de óleo. Este tipo de produção tornou-se a norma para os papéis de parede até à industrialização no século XIX.
Nesta altura, o papel de parede proporcionava uma alternativa menos dispendiosa aos têxteis suspensos. Assim sendo, os desenhos imitavam as modas para os têxteis contemporâneos. Os “flock wallpapers”, que eram produzidos salpicando-se lã cortada sobre um desenho impresso com cola, eram reproduções deliberadas dos cortinados de parede da época em damasco e em veludo aparado. Apesar da sua reputação actual ser bastante ignóbil, os “flock wallpapers” eram artigos caros e de prestígio e, tal como a maioria dos papéis de parede, eram bastante populares entre as classes ricas e seguidoras da moda.
O papel de parede também era importado da China, quer sob a forma de papel oriental, quer de seda. Estes eram requintadamente pintados de forma a exibirem jardins de flores, árvores e pássaros, ou cenas da vida quotidiana tradicional na China. Graças à sua beleza e qualidade de execução, estes papéis tornaram-se um lugar comum na maioria das casas senhorias da Grã-bretanha, durante os séculos XVIII e XIX, e ainda são importantes para a sobrevivência destas na actualidade.
Conservação do papel de parede histórico
Por meados de século XIX, a produção do papel de parede juntou-se à revolução industrial. A crescente procura deste papel foi satisfeita pela utilização da polpa de maneira, que era rápida e economicamente processada, mas que resultava inicialmente num papel ácido de fraca qualidade. Os desenvolvimentos na maquinaria para a fabricação de papel permitiram que passassem a ser produzidos papéis contínuos de grande comprimento. Por seu lado, estes podiam ser impressos usando-se as novas máquinas com rolos de madeira ou metálicos. Os desenvolvimentos complementares na produção de tintas também proporcionaram a possibilidade de novas e mais variadas cores, nas quais se incluem algumas experiências do século XIX com verde de arsénico.
Em paralelo com a corrida pela mecanização, alguns fabricantes ainda estavam a produzir papéis de parede estampados com blocos de madeira; entre eles, o cabeça do movimento Arts and Crafts, William Morris, que editou o seu primeiro papel de parede em 1864. Era forte a concorrência com os habituais rivais dos ingleses, os franceses, que estavam a produzir papéis de parede cénicos incrivelmente elaborados para um mercado Britânico muito apreciador. Estes enormes “panorâmicos” consistiam, geralmente, em paisagens ou vistas não repetitivas que se desenvolviam, continuamente, em redor da sala e que podiam exigir o entalhe de mais de 1.000 blocos para se imprimirem os diferentes elementos do desenho.
Continuaram a parecer inovações, que criaram uma procura por novos tipos e novos desenhos de papel. Pelos finais do século XIX, tornaram-se populares os papéis com relevo, tais como o Lincrusta Walton, e, em especial, os papéis resistentes à humidade, que foram especificamente produzidos para as casas de banho e para as cozinhas, quando se desenvolveram os “sanitários”, os quais eram mecanicamente impressos com óleos e, depois, envernizados.
Apesar de a industrialização do fabrico do papel de parede ser, frequentemente, associada ao aparecimento de materiais e de desenhos de fraca qualidade, foram produzidos muitos bons exemplos que ainda podem ser apreciados na actualidade. Deve-se, também, assinalar que esta produção crescente proporcionou a oportunidade para todos os níveis da sociedade, com a excepção dos muito pobres, poderem comprar e usufruir do papel de parede, e terem orgulho na decoração das suas casas.