Perguntas e Respostas Frequentes
Alvenaria Histórica de Sílex
Frequentemente consultada acerca da alvenaria de sílex, a SPAB editou uma nova Nota Técnica sobre a manutenção e a reparação de paredes construídas com este curioso material.
Aproveita-se a oportunidade para rever aqui algumas das questões chave tratadas nesse documento.
P. O que é o sílex, e como foi usado na construção?
R. O sílex (N.T. pederneira) é uma sílica de grão fino, muito duro, impermeável e que ocorre tipicamente sob a forma de pequenos nódulos irregulares. Quando recentemente extraído da greda branca, estes nódulos são pretos com uma crosta branca, mas o sílex exposto ao tempo – dos campos, dos leitos dos rios, das praias ou das pedreiras de calhaus – pode variar em cor desde o azul e do cinzento até ao amarelo, castanho ou laranja.
O sílex foi utilizado numa larga gama de tipos de edifícios no sul e no leste da Inglaterra, desde o tempo dos Romanos. Foi empregue em paredes espessas, rústicas e, desde o século XIX, em revestimentos superficiais sobre tijolo ou outras pedras.
Essas paredes podem ser aproximadamente datadas pelo seu “aparelho”, pela composição da argamassa, ou ainda pela utilização das pedras de sílex inteiras, fracturadas ou talhadas (knapped).
P. O que é a pedra de sílex talhada?
R. A pedra de sílex talhada (knapped) são nódulos partidos para assumirem efeitos artísticos deliberados, em vez de simplesmente fracturados, ou seja, naturalmente partidos ou severamente esmagados, apenas para os reduzir a um tamanho mais conveniente.
O talhe envolve a fractura do sílex em peças trabalháveis (quartering) e, num trabalho mais fino, a remoção de lascas (flaking) para regularizar a superfície e esquadrilhar os topos.O “Flushwork” é feito com sílex talhado, assente num mesmo plano (flush) tal como se fosse a face de uma alvenaria de pedra aparelhada.
Podem existir preenchimentos de sílex entre placas de pedra revestindo uma parede (criando, por exemplo, padrões axadrezados ou em faixas) ou embutidos de sílex ajustados em cavidades cuidadosamente abertas em placas de pedra (para formar painéis em forma de trevo ou escudos heráldicos, etc.).
A escultura decorativa com “Flushwork” atingiu o seu apogeu durante o século XV nas igrejas do leste de Inglaterra.
P. Que problemas podem surgir da construção com sílex?
R. Os problemas que são associáveis à natureza impermeável do sílex, à sua forma irregular e ao seu pequeno tamanho. Estas características podem dar origem a uma fraca coesão, a qual pode ser enfraquecida mais tarde pela penetração de água consequente de falta de manutenção.
Métodos e materiais de reparação inadequados também podem contribuir para a degradação.
Os problemas variam desde os deslocamentos localizados de pedras até aos revestimentos demasiadamente soltos, e aos destacamentos das pedras de sílex exteriores relativamente às interiores ou às alvenarias de pedra ou de tijolo que revestem.
Onde surgirem dúvidas acerca da estabilidade de uma parede, deve ser consultado um engenheiro estruturalista.
P. A alvenaria de sílex pode ser reparada sem reconstrução?
R. Onde as pedras exteriores e os revestimentos estiverem fracamente ligadas ou onde as paredes estiverem fracturadas, é habitualmente possível executar-se uma reparação eficiente que evite reconstruções em larga escala e a perda do assentamento histórico.
Pode ser empregue uma larga gama de técnicas envolvendo o uso de “gatos” não ferrosos ou de ligadores de alvenaria. Também podem ser necessárias selagens, através das quais os vazios e as fracturas são preenchidas com argamassas líquidas.
A dificuldade em se utilizarem métodos específicos que impliquem meios de perfuração, implica que eles sejam evitados, de preferência.
Onde sejam necessários trabalhos sobre alvenarias de sílex, a SPAB está em condições de sugerir nomes de empreiteiros e de profissionais habilitados, bem como de aconselhar através de cursos apropriados.
P. Como o sílex é muito durável, é natural que seja possível a utilização de uma argamassa forte de cimento?
R. Não, isso é uma ideia errada. As argamassas densas, ricas em cimento, retraem durante a secagem, e desenvolvem-se fissuras capilares finas que deixam entrar a água e provocam humidades internamente. Isto pode acelerar a degradação e possivelmente levar à ruína estrutural de uma parede.
As argamassas baseadas em cal dão melhores resultados. A sua natureza porosa permite à parede “respirar”, à humidade evaporar e às fissuras “curarem-se”.
Enquanto que uma cal não hidráulica (N. T. aérea) pode ser adequada para o rejuntamento da alvenaria de sílex, é provável que seja desejável uma composição com presa mais rápida e mais forte para o reassentamento das pedras de sílex ou dos capeamentos, ou no enchimento de fracturas.
Isto pode ser conseguido pela adição de pozolanas (materiais tais como a poeira de tijolo brando e mal cozido) ou usando-se uma cal naturalmente hidráulica (as cales hidráulicas fortes, no entanto, devem ser evitadas).