Apontamentos Alterações na porosidade

Alterações na porosidade

Tal como a porosidade de uma pedra pode afectar o crescimento de microrganismos, esses microrganismos também podem afectar a porosidade de uma pedra através do bloqueio físico dessa porosidade e da alteração activa da porosidade pela produção de secreções acídicas ou quelativas, ou ainda exercendo forças físicas sobre os grãos circundantes.

Outros factores não biológicos também podem influenciar a porosidade.

Entre eles incluem-se os processos de meteorização e de degradação, bem como alguns métodos de limpeza.

Por exemplo, foi sugerido (Bluck e Porter, 1991) que os arenitos limpos por via química podem adquirir crescimentos de algas, relativamente depressa, devido à dissolução e à perfuração dos grãos minerais, as quais aumentam a microporosidade da pedra.

Os métodos de limpeza química usados nestas experiências envolveram a aplicação de um ácido forte (ácido hidroclorídico) que era capaz de dissolver muitos dos minerais encontrados no arenito, e um alcali forte (NaOH), que também conseguia remover alguns minerais (por exemplo, os minerais da argila) da pedra.

Havia, portanto, uma possibilidade teórica de que a limpeza da pedra, usando estes métodos, podesse resultar em alterações mensuráveis da sua porosidade.

No entanto, os dados sobre a distribuição da dimensão dos poros mostraram que, para os seis tipos de arenitos usados neste estudo, não tinha havido alterações significativas na porosidade efectiva total ou na distribuição da dimensão dos poros, depois da limpeza química.

Recomendado para si:   Crítica do parentesco: O caso Macua; Lobolo em Moçambique: “Um velho idioma para novas vivências conjugais”

Em nenhum dos gráficos de distribuição da dimensão dos poros houve qualquer indicação de uma alteração significativa provocada pela limpeza química.

Em dois casos (Blaxter e Locharbriggs), a porosidade efectiva total ficou ligeiramente menor depois da limpeza.

Isto pode ser consequente de resíduos dos materiais de limpeza que bloquearam os poros (ambos ao arenitos foram, limpos usando-se o método dos emplastros) ou pode ser, simplesmente, consequente da natural variação da porosidade entre amostras, como pode ser visto mais obviamente nos dados do arenito de Clashach.

É possível que a limpeza química tenha afectado a “porosidade superficial” dos arenitos, possivelmente pela remoção de minerais vulneráveis tais como a calcite, a dolomite e as argilas.

A porosimetria ao mercúrio só consegue medir a porosidade interna de uma amostra, e não as alterações na sua superfície exterior.

As alterações na superfície exterior do arenito foram investigadas por observação com o microscópio electrónico (SEM).

Os seus resultados mostraram que a limpeza química (em ambos os métodos A e B) pode provocar alterações nas características da superfície dos arenitos, com evidência de dissolução dos feldspatos e da dolomite, e com a remoção das argilas.

A evidência de um maior grau de dissolução superficial provocado pelo método de limpeza A é consistente com a maior concentração de ácido hidrofluorídrico presente nesta mistura (14% comparados com os 2,7 % do método B).

Recomendado para si:   A Estrutura do Poder Político em Moçambique

No entanto, o método B foi capaz de remover as argilas vulneráveis da superfície do arenito: a esmectite foi removida, mas a caulinite permaneceu sem ser afectada.

A evidência da porosimetria de mercúrio sugeriu que qualquer dissolução ou remoção de grãos ficava confinada às imediações da superfície e que era improvável que afectasse significativamente as características de retenção de humidade dos arenitos.

É, no entanto, possível, que as alterações na microporosidade da superfície exterior possam afectar a capacidade dos organismos para se agarrarem a essa superfície, durante as fases iniciais da colonização.

Estes resultados mostram que, nestes ensaios, não ocorreram alterações significativas na porosidade em consequência da limpeza química.

Assim, as alterações na porosidade podem não ser responsáveis pelas diferenças entre as velocidades do crescimento das algas sobre os arenitos tratados e não tratados.

Mas, se a limpeza tiver que ser feita com o emprego de ácidos que sejam substancialmente mais concentrados, ou quando o tempo de actividade dos ácidos for mais prolongado do que aquele que aqui foi usado, podem ocorrer algumas alterações nessa porosidade.

Além disso, no que respeita à limpeza das fachadas dos edifícios, pode haver lugar a uma certa repetição de limpezas químicas ao longo dos anos.

A dissolução dos minerais pelos químicos, consequente da limpeza repetida, vai ser acumulativa e pode provocar alterações apreciáveis na porosidade, a longo prazo.