Praticamente todos os trabalhos de estuque decorativo na Irlanda são datados depois de 1700, já que os trabalhos dos séculos XVI e XVII sobrevivem apenas nalgumas localizações isoladas. Dublin foi sempre reconhecida pela sua
utilização de uma elaborada e, por vezes, exuberante, decoração em tectos e paredes. Pode ser identificada a evolução de diversos estilos, começando nos princípios de 1700. Os trabalhos de estuque iniciais começaram como um tratamento arquitectónico formal das paredes e dos tectos, coincidindo com o Palladianismo e com uma crença na desnecessidade da ornamentação.
A pormenorização estava geralmente restringida à utilização de elementos das ordens clássicas, em que os tectos eram divididos em pesados compartimentos, caixotões, círculos, ovais, quadrados e rectângulos. Isto foi ultrapassado noas anos 1730 pelo aparecimento de um estilo barroco tardio que viu a introdução de trabalhos plenamente figurativos em que os tectos eram embelezados com figuras estilizadas em larga escala modeladas in situ.
Os grandes expoentes deste estilo foram os irmãos Lafranchini de Ticino e, mais tarde, nos anos 1750, Bartholomew Cramillion. Os desenhos para tectos eram frequentemente baseados em gravuras de motivos alegóricos e mitológicos do mundo clássico, embora tomando em consideração a forma, o tamanho e as proporções da sala.
A decoração tinha um efeito vertical e tridimensional, com uma elevada ênfase ilusionística na extensão do espaço e da profundidade, pela qual o espectador era deliberadamente envolvido nesta ilusão artística como se ela fosse real, mas sem ser efectivamente enganado.
Típico destes grandes trabalhos figurativos é a Carlton House pelos irmão Lafranchini, onde os diversos elementos se relacionam entre si numa forma extremamente teatral.
Por volta de 1750, o trabalho figurativo começou a ser substituído por um estilo Rococó mais ligeiro e brincalhão.
Este tornou-se particularmente vulgarizado na Irlanda, e Dublin pode ser encarada como o seu grande centro.
Robert West, que era em simultâneo estucador e especulador imobiliário, foi um dos principais mestres deste estilo em Dubiln. A decoração era dependurada através do tecto com uma certa ênfase na assimetria e no pitoresco ao empregar folhas de acanto, festões, trofeus e cestos de frutos e de flores, com um toque zoomórfico ocasional de pássaros e dragões, que se tornou extremamente popular nos anos 1760. A casa n.o 20 em Dominik Street construída por Robert West em 1755 contém alguns dos mais elaborados trabalhos Rococó nas Ilhas Britânicas, com alguns pássaros de estuque a balancearem-se nuns bons 50 cm a partir das paredes.
Estes voos de fantasia chegaram rapidamente ao fim com o início do estilo neoclássico nos anos 1770, em que a inspiração vinha das descobertas arqueológicas em Pompeia e em Herculano, transmitido através dos trabalhos de Robert Adam, e de Charles Thrope e de Michael Stapleton na Irlanda.
Era típico o uso de pormenores restritos em baixo relevo, todos delicadamente executados, tais como urnas, espigas de milho, grifos, esfinges, cabeças de carneiro e grinaldas de flores. Maioria desta decoração ainda tende para ser feita à mão livre, em que só foram usados moldes para os elementos mais repetitivos.
O princípio do século XIX viu o aparecimento do Great Revival com os seus pormenores mais grosseiros e pesados, geralmente confinados a pesadamente enriquecidas cornijas e a sóbrios trabalhos de centro. O luxuoso e sumptuoso interior de Ballyfin no Confdado de Laois, pelos Morrison (cerca de 1820) é um excelente exemplo da decoração irlandesa Regência no seu melhor. O século XIX também viu o início dos estilos revivalistas gótico, Tudor, neobarroco e neoclássico. Conforme o século avançava, otrabalho de estuque tornou-se mais elaborado e ecléctico, por vezes combinando um ou mais estilos, mas com uma certa perda do refinamento conseguido no século anterior.