Os revestimentos transparentes servem como barreira entre a superfície de alvenaria e os graffiti, evitando que os graffiti penetrem na alvenaria. Eles também pretendem tornar a remoção dos graffiti mais fácil, já que a maioria dos graffiti não lhes aderem bem.
Geralmente, os graffiti aplicados sobre uma barreira transparente podem ser removidos com água a baixa pressão e um detergente, ou com um solvente.
Basicamente, existem dois tipos de revestimentos protectores transparentes: temporários e permanentes. Os revestimentos temporários ou “sacrificiais” são removidos quando os graffiti são removidos, tendo então que voltar a ser aplicados.
Os revestimentos protectores transparentes são resistentes à água e aos solventes usados na remoção dos graffiti, e permanecem sobre a superfície mesmo quando esses graffiti são removidos (geralmente, até este tipo de revestimento tem que ser aplicado de novo depois de diversas limpezas).
Um terceiro tipo de revestimento protector transparente combina revestimentos temporários e permanentes, como base para um sistema em duas fases.
Aplica-se primeiramente um selante acrílico sobre a superfície da alvenaria, depois do que se aplica sobre esse selante uma camada sacrificial consistindo numa camada de emulsão ou de dispersão de cera de polietileno.
Quando os graffiti são removidos, a camada de selagem permanece sobre a alvenaria, mas a camada sacrificial dissolve-se e é removida conjuntamente com os graffiti, e, portanto, tem que voltar a ser aplicada.
(Mesmo com este sistema em duas fases, a primeira camada pode, eventualmente, sofrer desgaste sob a acção dos agentes climatéricos ou depois de múltiplas limpezas, tendo, portanto, que voltar a ser aplicado.)
Infelizmente, na prática, existe um grande número de aspectos negativos nos revestimentos protectores transparentes que fazem com que a sua aplicação não seja, geralmente, recomendada para as alvenarias históricas.
Em primeiro lugar, os revestimentos transparentes podem alterar a cor da superfície da alvenaria e acrescentar um brilho que se pode tornar muito visível, ou aparente, apenas sob certas condições de iluminação ou, ainda, quando chove.
Em segundo lugar, os revestimentos transparentes podem reduzir a permeabilidade da alvenaria ao vapor de água, contribuindo assim para uma possível degradação relacionada com a água. Em terceiro lugar, o revestimento pode mudar de cor e alterar-se com o tempo.
A exposição aos raios ultra violeta pode provocar o amarelecimento do protector; a poeira acumulada pode escurecer a superfície tratada; e alguns revestimentos adquirem um certo lustro quando esfregados ou escovados para limpeza. Algumas alterações são mais particularmente visíveis quando apenas uma parte do edifício for revestida.
Para além disso, se os revestimentos não forem mantidos regularmente, geralmente através de remoções e novas aplicações periódicas, muitos deles tendem a falhar. O que sucede frequentemente é um visual da alvenaria irregular, “remendado”, que pode ter um impacto muito negativo sobre o carácter do edifício histórico.
Apesar destes inconvenientes, existem algumas circunstâncias em que os problemas com os graffiti ou a frequência da sua ocorrência são tão severos que pode valer a pena ser considerada a aplicação de um revestimento protector transparente sobre uma alvenaria histórica.
Alguns revestimentos polisacarídicos, silicónicos ou à base de silicones, de base aquosa, têm sido usados com sucesso sobre estruturas em alvenaria. Eles são essencialmente invisíveis, e não alteram a aparência natural da alvenaria.
Apesar de menos duráveis do que os revestimentos à base de solventes, eles são permeáveis ao vapor de água (respiráveis) e podem ser reaplicados sobre a superfície da alvenaria imediatamente após a remoção dos graffiti, enquanto essa superfície ainda está húmida.
Mesmo assim, deve haver o máximo cuidado antes de se aplicar um revestimento protector transparente.
Devem ser sempre feitos ensaios prévios de aplicação em áreas discretas que não sejam muito visíveis, e essas áreas tratadas devem ser avaliadas depois de passar um certo período de tempo.
Os resultados de ensaios laboratoriais sobre o comportamento dos revestimentos aplicados em amostras de diversos tipos de alvenarias podem ser muito úteis até um certo ponto.
Mas como estes ensaios são executados num ambiente controlado, eles podem não ser tão rigorosos ou fiáveis como ensaios feitos verdadeiramente in situ, onde os factores climatéricos e da poluição são os mesmos que os verificados nas localizações onde se pretende aplicar esses revestimentos.
Se as circunstâncias assim o exigirem, e a aplicação de um revestimento protector for decidida como necessária, um arquitecto conservador deve avaliar o respectivo desempenho sobre amostras de uma certa variedade de revestimentos, antes de ser seleccionado um deles para ser aplicado sobre a alvenaria histórica.
Por causa do seu potencial para desfigurarem os edifícios, os proprietários de edifícios classificados são obrigados, por certas comissões consultivas de conservação e por certos departamentos do património, a obterem uma licença antes de aplicarem um revestimento protector.