A tinta de cal não é difícil de ser preparada desde que algumas regras simples mas importantes sejam observadas.
Tendo sido extinta a cal viva, a pasta resultante deve ser deixada repousar durante pelo menos três meses, para se garantir que toda a cal viva livre reagiu com a água e que as partículas de cal começaram a maturar.
A pasta deve ser passada para se excluir qualquer material estranho já que mesmo a mais homogénea e pura pedra calcária contém sempre alguns contaminantes.
A tinta de cal deve ser aplicada o mais fina possível, para facilitar a carbonatação e para se evitar a fissuração que pode ocorrer quando é aplicada mais liberalmente, pelo que se recomenda que a pasta seja diluída com a suficiente água de cal (ou seja, água que foi saturada em pasta de cal) para produzir uma tinta com a consistência do leite. Desde que seja fina, há pouca probabilidade de que um operário excessivamente entusiástico aplique camadas demasiadamente espessas.
A esta tinta de cal básica, podem ser adicionados ligantes, tais como óleo de linhaça em bruto, que vão ajudar à aderência tornando a mistura resistente ao escorrimento ao mesmo tempo que permanece permeável ao vapor. No caso de se pretender adicionar sebo, esta operação só pode ser bem sucedida se for feita durante o processo de extinção. Apesar de haver uma longa tradição de adicionar sebo nas tintas de cal, o seu uso em paredes interiores não é recomendado, já que se podem tornar rançosas durante o tempo quente.
Sendo um produto com base aquosa, a tinta de cal está mais adequada para aplicações sobre substratos absorventes. Tradicionalmente era aplicada sobre paredes em terra, tijolo, pedra calcária ou arenitos calcários, rebocos e estuques de cal e sobre a madeira e ainda, tendo-se descoberto que as propriedades levemente anti-sépticas da cal poderiam ajudar a evitar o espalhamento das doenças, os agricultores caiavam regularmente bases de postes das vedações em madeira intercaladas em fiadas de vedações.
Para quem tentar a preparação de uma tinta de cal pela primeira vez poderá ser bastante desconcertante quando, parecendo que se fez aparecer a cor adequada dentro da bidão, a tinta seca em sombras diversas depois de ser aplicada. As cores têm que ser testadas em seco para se garantir que se conseguiu a afinação correcta. Além disso, é quase impossível reproduzir-se exactamente a mesma cor, se for necessária uma segunda preparação para o mesmo trabalho. Apesar de tudo, trata-se de um produto artesanal e as suas ligeiras variações são inevitáveis e apropriadas.