Para Eriksen e Nielsen (2007) estes dois paradigmas, que fazem hoje parte do museu da teoria antropológica, marcaram a antropologia social europeia, sobretudo britânica, até pelo menos ao início da década de 1950.
O funcionalismo interpreta a sociedade como se ela fosse um organismo; cada parte do sistema desempenha uma determinada função. O trabalho do antropólogo seria explicar as funções das diferentes partes do sistema social.
Nesse sentido, e apesar do seu esquema conceptual simples, tanto o funcionalismo como o estrutural- funcionalismo representavam uma certa revolução teórica face ao carácter meramente particularístico e descritivo da abordagem tradicional (BATALHA, 2004).
De acordo com a teoria funcionalista os elementos culturais serviam para satisfazer as necessidades dos indivíduos em sociedade, estas, por sua vez, eram determinadas pela própria biologia humana.
Um elemento ou traço cultural tinha como função satisfazer uma qualquer necessidade básica resultante da natureza biológica dos indivíduos.
Jordão (2004) diz que a nossa espécie não era, nesse aspecto, diferente das outras. Essas necessidades básicas eram a nutrição, reprodução, conforto corporal, segurança, relaxamento (e outras do mesmo género).
Para Leplatine (2003) a cultura estava ao serviço da satisfação dessas necessidades. Por outro lado, a satisfação das necessidades básicas daria origem a outro tipo de necessidades, e, assim, as coisas ter-se-iam tornado mais complexas em termos de organização social.
Apara Batalha (2004) a questão não era tanto a de saber se a cultura se colocava ao serviço das necessidades individuais mas sim a de descobrir de que modo ela contribuía para a manutenção de uma estrutura social equilibrada. Entendendo por estrutura social a rede total de relações sociais existentes numa sociedade.
A ênfase colocada na estrutura em vez de nos indivíduos fez com que a sua escola de designasse por estrutural-funcionalista em vez de funcionalista.
Tal como o funcionalismo, nos falares de eriksen e Nielsen (2007) também o estrutural-funcionalismo não explicava porque razão associedades satisfazem as suas necessidades funcionais de maneiras tão diferentes.
Por exemplo, porque é que numas sociedades o pai desempenha o papel de “irmão mais velho” com quem se pode ter uma relação de brincadeira, enquanto noutras é uma figura autoritária que se teme e respeita? O principal mérito do funcionalismo e do estrutural-funcionalismo foi a sua preocupação central com o trabalho de campo e a recolha etnográfica.